Ricardo Henrique Ramos e Betina Giehl Zanetti Ramos, fundadores da Nanovetores, de Florianópolis: faturamento de R$ 24 milhões em 2021 (Divulgação/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 1 de fevereiro de 2022 às 19h45.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2022 às 19h59.
Uma das principais empresas brasileiras com patentes em nanotecnologias, a catarinense Nanovetores vendeu 48% do capital para a multinacional suíça Givaudan, empresa com mais de 250 anos de fabricação de matéria-primas como sabores e fragrâncias para a indústria de alimentos e de cosméticos.
A fatia adquirida estava com as gestoras paulistanas KPTL e Antera desde 2012. KPTL e Antera foram as administradoras do fundo Criatec 1, criado pelo BNDES em 2012 como um veículo de investimento do banco estatal para negócios com alguma pegada inovadora, como é o caso da Nanovetores.
Fundada em Florianópolis, em 2009, a Nanovetores fabrica películas minúsculas utilizadas por farmacêuticas para melhorar a absorção de medicamentos e cosméticos ingeridos.
A tecnologia da Nanovetores tem "gatilhos de liberação", nome dado a pequenos partículas que disparam — e liberam o fármaco encapsulado — sob determinadas condições do corpo humano, como temperatura, pH do sangue, fricção, contato com enzimas ou água.
"Tudo isso faz a liberação ocorrer no momento adequado, incrementando a eficácia dos produtos cosméticos", diz Betina Giehl Zanetti Ramos, doutora em farmácia e fundadora da Nanovetores ao lado do marido, o administrador de empresas Ricardo Henrique Ramos.
Entre os principais clientes da Nanovetores estão indústrias de cosméticos ingeridos (também conhecidos como nutricosméticos) como emagrecedores e cremes anticelulite.
A aquisição pela Givaudan, cujo valor não foi revelado, representa uma taxa de retorno de 14 vezes à gestora KPTL em dez anos de investimento. "É o maior múltiplo de desinvestimento do portfólio da KPTL", diz Paulo Tomazela, sócio da gestora, que tem mais de 30 investidas no portfólio.
Em 2021, a Nanovetores faturou R$ 24 milhões, praticamente o dobro do ano anterior. Para 2022, a meta é R$ 30 milhões.
Com a aquisição pela Givaudan, a expectativa é a expansão das vendas internacionais da tecnologia da Nanovetores, um dos principais motores da expansão da empresa. "Atualmente, 23% das vendas são exportações", diz Ricardo Henrique Ramos. "Antes da pandemia, esse mercado respondia a 6% das receitas."
Esta é a segunda saída da KPTL desde o início de 2021. Em novembro foi a vez da Imeve, empresa pioneira na produção de probióticos para todos os tipos de rebanhos, do gado ao peixe, vendida por um valor 6,5 vezes maior do que o investido em 2011.
Apesar da troca de mãos de quase metade da empresa, Betina e Ricardo seguem no comando das operações.
Quais são as tendências entre as maiores empresas do Brasil e do mundo? Assine a EXAME e saiba mais.