Cristiana Arcangeli, da Phytoervas: aprendizado com erros e acertos (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Em julho de 1992, quando completou 30 anos, o uruguaio Daniel Rivas Mendez, que vive no Brasil desde criança, trocou seu Gol GTI por um carro mais barato, alugou uma casa e arrematou, num leilão do Bradesco, uma mesa de reunião e alguns móveis usados para escritório. Assim nasceu a Gran Sapore, empresa de restaurantes para empresas, com sede em Campinas, no interior de São Paulo. Com 15 000 funcionários e servindo 70 000 refeições por dia, a Gran Sapore tornou-se uma das maiores fornecedoras do setor. Em 2008, seu faturamento foi, de acordo com a última edição do anuário Melhores e Maiores, da revista EXAME, de 403 milhões de dólares.
Histórias de pessoas que levaram suas empresas ao crescimento, como Mendez, são a matéria-prima de Para Ser Grande, da jornalista paulista Marina Vidigal. Publicado recentemente pela editora Panda Books, o livro contém a trajetória de 20 empreendedores que ergueram negócios bem-sucedidos. Entre eles estão Cristiana Arcangeli (criadora da marca de cosméticos Phytoervas), Alberto Saraiva (fundador da cadeia de fast food de comida árabe Habib's), Robinson Shiba (dono da cadeia de entrega de comida chinesa China in Box) e Laércio Cosentino (presidente da fabricante de softwares Totvs).
No livro, Marina conta as histórias como se fossem grandes reportagens. Os textos são entremeados de depoimentos concedidos pelos protagonistas à autora. Cada caso ocupa cerca de 15 páginas, que apresentam seus principais desafios e conquistas, desde os primeiros dias de criação do negócio até hoje. Nos depoimentos, cada um dos empreendedores diz o que, na sua visão, foi estratégico para o crescimento de sua empresa. No caso do Habib's, por exemplo, Saraiva explica por que a escala foi tão importante - a ponto de ele ter verticalizado desde a produção do queijo das esfihas até o call center que recebe os pedidos de entrega.
A leitura permite também acompanhar os momentos de incerteza e conhecer obstáculos sempre presentes em planos de expansão mais arriscados, e que nem sempre dão certo. É o caso das dificuldades que Shiba, da China in Box, conta ter enfrentado durante a tentativa de internacionalizar sua marca, com a abertura de lojas na Argentina, no final dos anos 90. "O primeiro ano da operação foi bom. Mas, em seguida, a economia da Argentina começou a entrar em colapso", conta Shiba no livro. "Vendemos o negócio por 50 000 dólares, valor correspondente a um oitavo do investimento inicial."
Embora os setores e os modelos de negócios das empresas sejam bem diferentes uns dos outros, os depoimentos têm uma essência comum. Mais do que partir de uma boa ideia e se apoiar numa teoria da administração, os protagonistas tiveram de aprender quase tudo sozinhos, com seus erros e acertos. E, sobretudo, compartilham uma crença - a de que sempre é possível fazer mais e melhor. "O livro desmistifica o processo de criação de empresas, tornando-o mais próximo de cada um de nós", afirma, no prefácio, Marília Rocca, conselheira do Instituto Empreender Endeavor no Brasil, entidade voltada para o apoio a pequenas e médias empresas com potencial de expansão. "E mostra que empreender é, acima de tudo, uma atitude perante a vida."