Rafael Moreno e Habib Chahade, da GWM Investments, de Alphaville: aposta numa relação mais próxima entre assessores e clientes como forma de ser diferente num setor bastante digitalizado (Montagem de Eduardo Frazão/Arte EXAME/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 27 de setembro de 2021 às 16h30.
Última atualização em 27 de setembro de 2021 às 16h49.
A pouco mais de 20 quilômetros da capital paulista, Barueri tem uma economia pujante mesmo com as incertezas atuais. O município de 280.000 habitantes tem o 18º PIB per capita mais alto do país: 186.000 reais. Entre as 20 cidades mais ricas do país, uma lista normalmente composta de cidadezinhas de até 50.000 habitantes enriquecidas em função de algum empreendimento de vulto dentro de seus limites, como uma hidrelétrica, Barueri ganha destaque por ser uma cidade de tamanho médio e com uma renda bem acima da média nacional.
Em boa medida a riqueza de Barueri vem de Alphaville, um bairro planejado nos anos 1970 para atrair moradores endinheirados da capital paulista em busca da abundância de mata nativa na região. De lá para cá, o bairro converteu-se numa verdadeira cidade, com shopping centers e prédios comerciais. Algumas das empresas mais importantes do país, como a companhia aérea Azul, a empresa de meios de pagamento Cielo e a concessionária de energia AES Brasil estão sediadas na cidade, que tem tradição de incentivos fiscais para atração de empresas.
O potencial de Alphaville foi decisivo na decisão dos empreendedores Habib Chahade e Rafael Ramos Hernandes Moreno em abrir por ali um negócio no mercado financeiro. Na semana passada, Chahade e Moreno inauguraram o GWM, um escritório de investimentos plugado ao ecossistema do banco BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME).
Ambos acumulam algum tempo de experiência no mercado financeiro. Chahade, de 41 anos, tem no currículo passagens pelas áreas de wealth management do Bank Boston, Itaú e Citibank. Na virada da década passada, ajudou a estruturar no Brasil as operações da gestora italiana Azimut e da sul-coreana Mirae Asset.
Moreno, de 29 anos, ingressou no mercado financeiro em 2013 depois de anos de experiência de auditoria na EY. O início foi semelhante ao de muitos empreendedores do mercado financeiro: através de cursos rápidos e online feitos por ele para um grupo de amigos e conhecidos dispostos a ampliar o repertório sobre investimentos.
A escolha de Alphaville para abrir o escritório combinou razões pessoais — ambos sócios moram há algum tempo em condomínios na região —, e oportunidades profissionais. "Apesar da renda elevada dos moradores de Alphaville, dá para contar nos dedos o número de escritórios de investimentos", diz Chahade. A GWM é o primeiro plugado ao ecossistema BTG na região.
Até o ano que vem a ideia dos sócios é expandir o negócio para outras cidades de porte médio no interior paulista com uma densidade de potenciais investidores ainda pouco ou nada atendidos pelas plataformas de investimento. Na lista estão localidades como Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, Votuporanga, no noroeste paulista, além de cidades de maior porte, como Sorocaba e Ribeirão Preto. "São fronteiras ainda com muitas oportunidades de negócios, diz Moreno.
Na tentativa de conquistar clientes em praças ainda com pouca tradição de demanda por produtos financeiros sofisticados, a estratégia dos sócios da GWM será retomar o contato "olho no olho". O diagnóstico por ali é que a entrada de novos investidores, muitos deles com o perfil de varejo (tíquetes médios de até 200.000 reais), levou à digitalização de boa parte do relacionamento entre assessores e clientes. A aposta é de que uma relação mais próxima, agora, pode servir de diferencial competitivo. A intenção é incentivar as visitas aos clientes sempre que possível — e as condições sanitárias permitirem. "As pessoas querem estar mais próximas agora que a vacinação está avançada", diz Chahade. "Apostaremos num atendimento mais próximo para crescer."
A meta para o fim de 2022 é chegar a 1 bilhão de reais de clientes captados. Em dez dias de operação, a GWM abriu pouco mais de 100 contas.
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