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Google se une a startups para que você, finalmente, fale com seu celular

Gigante de tecnologia anunciou mais negócios inovadores selecionados para uma residência no Google Campus. Todos trabalham com assistentes virtuais

Programa de aceleração do Google em sua sede americana: prédio em São Paulo recebe mais dez startups para seis meses de mentoria (Google/Divulgação)

Programa de aceleração do Google em sua sede americana: prédio em São Paulo recebe mais dez startups para seis meses de mentoria (Google/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 15 de fevereiro de 2019 às 11h23.

O Google deixa cada vez mais claro que o futuro da gigante da tecnologia está nos robôs - inclusive para enriquecer seu principal negócio, o de acesso a informações. O exemplo que ganhou o mundo foi a assistente vitual Duplex. Lançada na conferência para desenvolvedores Google I/O, ela até pede pizza como um humano. Agora, a companhia está em busca de mais aplicações para seu robô conversador. E ninguém melhor do que as startups para testarem a assistente virtual em diversos ramos, da educação à saúde.

Por isso, a nova turma de empreendedores participantes do Google for Startups Residency, no prédio de empreendedorismo Google Campus (São Paulo), é dona de dez negócios que fazem uso da tecnologia.

O interesse da gigante de tecnologia pelas assistentes virtuais não é gratuito. Para Lauren Pachaly, diretora de marketing do Google Assistente no Brasil, a tecnologia evolui do teclado para o mouse, para o toque nas telas e finalmente para a voz. Hoje, um quinto das buscas feitas no Google são feitas falando. Até 2020, a companhia espera que o uso da voz represente metade das pesquisas. O Brasil está entre os três mercados que mais usam o assistente inteligente em smartphones em todo o mundo. O português brasileiro também é o segundo idioma mais utilizado (o primeiro é o inglês).

Pela assistente do Google, é possível cadastrar alarmes e buscar estabelecimentos próximos apenas com o uso da voz. Mais do que isso, o recurso atraiu por enquanto 80 empresas. É possível pedir músicas que serão disponibilizadas pelo serviço de streaming Spotify, por exemplo, ou pedir para mandar mensagens para o WhatsApp por meio da assistente virtual.

Com as dez startups selecionadas, a assistente deverá se expandir a ainda mais aplicações corporativas. Veja, abaixo, os novos residentes do Google:

Nome da startupO que faz
12minPlataforma que permite que livros de negócios, carreira e desenvolvimento pessoal sejam resumidos e tenham seu conteúdo consumido por áudio a qualquer momento e de qualquer lugar em apenas alguns minutos.
AhazouAssistente digital que ajuda pequenos negócios a conquistarem mais clientes, melhorarem a imagem de suas marcas e proporcionarem conteúdo de qualidade por meio de redes sociais.
CosmoBotsUma plataforma que permite a criação e gestão de chatbots de atendimento ao consumidor.
EduSimChatClass que combina interação humana e robôs inteligentes para garantir interação de qualidade e aprendizagem entre professores de inglês e alunos de escolas.
MemedFerramenta de prescrição digital que conecta médicos, pacientes e farmácias, possibilitando a compra de medicamentos com desconto, com maior comodidade e adesão a tratamentos médicos.
N2BCom planos individuais e empresariais, a N2B oferece cuidados com a saúde por meio programas nutricionais. A solução conta com um chat com nutricionistas, além de um feed que permite que usuários recebam feedback em tempo real sobre suas refeições.
OnyoApp que permite pedidos e pagamentos antecipados a restaurantes. A solução busca trazer economia e comodidade aos usuários, com organização e planejamento aos estabelecimentos, minimizando desafios gerados em horários de pico de demanda.
SkorePlataforma de conhecimento e produtividade para equipes. A solução se conecta a ferramentas e fluxos de trabalho permitindo fluidez das informações e maior aprendizado de funcionários.
TNH HealthCom chatbots para gestão da saúde populacional, a TNH cria robôs de inteligência artificial que enviam mensagens de texto para ajudar organizações de saúde a conscientizar e engajar populações em larga escala.
VooozerPor meio de posts em áudio, a solução oferece uma experiência rápida para consumir conteúdo digital. Para editores e donos de blogs, a ferramenta possibilita aumento de alcance, engajamento e leads.

Residência no Google Campus

Para participar do programa, alguns critérios analisados são resolver problemas relevantes, com potencial de escala e impacto social; possuir tecnologias únicas ou modelos de negócio disruptivo; estar em estágio de crescimento, com tração comprovada em usuários, receitas ou captação de investimentos; poder contribuir para a comunidade do Google Campus e para o ecossistema empreendedor em geral; e fazer parte da era da assistência virtual.

As startups escolhidas desenvolverão suas soluções de assistentes virtuais no Google Assistente Lab, laboratório com smartphones de diversas capacidades e faixas de preços, tablets e equipamentos para residências, como Amazon Echo e Alexa. Os negócios inovadores terão mentorias de engenheiros do Google Assistente e de empresas parceiras em assistência virtual e em gestão empresarial. As startups passarão seis meses no prédio do Google Campus.

O Google Assistente Lab, no prédio Google Campus (São Paulo)

O Google Assistente Lab, no prédio Google Campus (São Paulo) (Mariana Fonseca)

Não é de hoje que o Google busca as startups como campo de testes para suas tecnologias mais recentes. Essa é a quarta edição da residência no prédio de empreendedorismo Google Campus, renomeada para Google for Startups Residency neste ano.

Os edifícios para empreendedores da gigante de tecnologia estão em São Paulo, Londres (Inglaterra), Madrid (Espanha), Seul (Coreia do Sul), Tel Aviv (Israel) e Varsóvia (Polônia). De acordo com André Barrence, diretor do Google for Startups no Brasil, cada um dos centros faz programas de acordo com as demandas do país. No ano passado, São Paulo também procurou incluir mais inteligência artificial e machine learning pelo programa Google Launchpad Accelerator. A assistente virtual é uma aplicação que deriva desses desenvolvimentos.

O Brasil é um mercado quente para tais tecnologias. O país está no grupo dos emergentes economicamente e com acesso cada vez maior à internet, principalmente pela democratização dos smartphones. É também o caso de países como Índia, Indonésia e China. Todos são oportunidades de inserir anúncios e buscas em serviços usados por milhões de usuários e de oferecer soluções de computação em nuvem para as companhias nacionais. No meio do caminho, estão as assistentes virtuais como mediadoras mais eficazes do que os custosos atendentes humanos.

O Google e os robôs

A gigante de tecnologia passou dos 20 anos de idade e muitos imaginam de onde virá sua próxima sacada. O Google Inc. trocou de nome, para Alphabet, e hoje abriga diversas iniciativas além do seu buscador.

Dentro do guarda-chuva do Google há serviços como o site de vídeos YouTube, reconhecida como uma das melhores aquisições do Google; o sistema operacional Android; o navegador Google Chrome; os serviços de computação em nuvem para indivíduos e empresas, no pacote Google Suite; o ajudante para controlar residências Google Nest; e, claro, a assistente virtual Duplex. Fora do Google, alguns exemplos são a empresa de carros autônomos Waymo, as subsidiárias de saúde Calico e Verily e a misteriosa X, empresa de projetos disruptivos.

A única certeza é a de que os robôs terão um papel fundamental. O Google olha financeiramente para essa tecnologia desde 2011, quando fechou suas primeiras aquisições de startups especializadas em inteligência artificial. De lá para cá, foram 14 compras, segundo o CB Insights. Em 2016, o CEO Sundar Pichai anunciou que o mundo mudou de mobile-first para AI-first (do foco em aparelhos celulares para a inteligência artificial).

Os recentes e futuros passos da gigante de tecnologia mostram que os fundadores Sergey Brin e Larry Page colocarão cada vez mais robôs na rotina de quase todos os cidadãos do planeta, representados principalmente pelas assistentes virtuais nos smartphones. Os algoritmos serão sua companhia ao acordar, ir ao trabalho, acessar seu computador e seu celular, voltar para casa e cair no sono. E as startups não querem ficar de fora do seu dia a dia.

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