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Gato Sabido desbravou mercado de e-books no Brasil

Duda Ernanny largou uma carreira estável no mercado financeiro para se dedicar à paixão pelos livros

Duda Ernanny, fundador da Gato Sabido: "prometi que largaria tudo aos 35" (Divulgação)

Duda Ernanny, fundador da Gato Sabido: "prometi que largaria tudo aos 35" (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2013 às 19h16.

São Paulo – Depois de passar mais de 17 anos trabalhando no mercado financeiro, Duda Ernanny tomou uma decisão radical: trocar a sólida carreira por sua paixão: os livros. “Fiz uma promessa a mim mesmo de que quando chegasse aos 35 anos, independente da situação em que eu tivesse no mercado, iria me levantar e fazer alguma coisa da vida”, conta. A promessa foi cumprida e assim nasceu a Gato Sabido, pioneira no mercado de e-books no Brasil.

Ao embarcar nesta jornada, Ernanny tinha uma única certeza: queria fazer algo relacionado ao mercado de livros.  “Estudei o modelo de negócio de livrarias, editoras, distribuidoras e cogitei até virar autor e escrever um livro. Foi a pior experiência, não passei da primeira pagina”, lembra o empreendedor, com bom-humor.

Foi de um amigo que veio a ideia de desbravar o mercado de livros digitais, que começava a dar seus primeiros passos no mundo e, no Brasil, sequer engatinhava. “Ele tirou um leitor digital da Sony da mochila e eu fiquei apaixonado pelo que vi”, recorda. 

O ano era 2009 e a Amazon tinha acabado de lançar a segunda geração do Kindle, produto que deu um novo impulso ao mercado de leitores eletrônicos mundo afora. Ernanny partiu para o exterior e, na volta, trouxe na mala quatro modelos de aparelhos para testar no Brasil.

“Minha decepção foi enorme. Não conseguia comprar os livros lá de fora, porque eles exigiam um cartão de crédito com endereço local e aqui não havia opções”, diz. Assim, Ernanny decidiu montar a primeira loja de e-books do Brasil, a Gato Sabido.

Mas como vender e-books no mercado brasileiro se não havia clientes para compra-los? “Dois fornecedores tinham dito que iam fabricar leitores aqui. Mas próximo do lançamento da loja, em outubro, os dois tinham desistido”, lembra.  

A solução foi importada da China. O empresário entrou mais uma vez no avião e voltou para o Brasil com uma encomenda de mil unidades do Cool.e.r, leitor que lançaria a R$ 750, junto com a estreia da Gato Sabido. “Os leitores eram muito caros no Brasil nesta época e ainda são. O principal motivo são os impostos de importação, que chegam a 60% do valor do produto”, justifica.


Mesmo com a escassez de leitores no mercado, a loja fez sua estreia em dezembro de 2009. Na época, contava com apenas duas editoras – Zahar e Lumen Juris – e 120 títulos em seu acervo. “Ninguém sabia quem éramos. Não conhecíamos ninguém no mercado editorial. Ligávamos de editora em editora tentando marcar uma reunião e a maioria nem sabia o que era e-book”, conta Ernanny.

Graças ao pioneirismo e à persistência, a Gato Sabido foi conquistando seu espaço em um marcado que, aos poucos, começa a ganhar adeptos no Brasil. Hoje, a loja já possui parceria com 130 editoras – incluindo as grandes do ramo, como Companhia das Letras, Melhoramentos, Globo e Editora Saraiva – e dispõe de um acervo com 5 mil títulos. Embora os leitores digitais ainda não sejam populares por aqui – hoje apenas dois fabricantes, Elgin e Positivo, disputam o mercado –, a adoção dos tablets deu um novo fôlego ao setor.

“No começo, vendíamos um livro por dia, quando vendíamos. Hoje estamos vendendo uma média de 80 títulos diariamente”, diz o empreendedor. O salto se deu principalmente nos últimos seis meses, período em que o volume diário de vendas quadruplicou. “Grande parte dos nossos clientes hoje são usuários de tablet. Até o final do ano, esperamos estar vendendo 170 livros por dia”, antecipa o empreendedor.

Com o know how acumulado nestes dois anos, Ernanny identificou outra oportunidade de negócio. A Xerith, irma caçula da Gato Sabido, foi criada para atuar no segmento distribuição digital, ajudando editoras a gerenciar seus acervos e varejistas a abrir suas próprias lojas de e-books.

“Percebemos que não íamos conseguir desenvolver esse mercado sozinhos. Precisávamos de mais lojas. Com a Xerith, de concorrentes, passamos a ser viabilizadores desses projetos”, explica o empreendedor.

Além criar lojas de e-books, a companhia atua em outras frentes. Um dos projetos em que a empresa trabalha atualmente é a troca de todo o material didático da universidade Estácio de Sá por tablets, que já virão com todos os conteúdos do programa em formato digital. A empresa também pretende desenvolver projetos de bibliotecas eletrônicas, que permitirão que os alunos façam empréstimos de livros digitais para seus equipamentos.

Diante da perspectiva de crescimento de iniciativas como estas, Ernanny arrisca um audacioso palpite: “Até 2015, o livro digital já vai ter ultrapassado o físico em volume de vendas no Brasil”. Até, ele espera ter nada menos que 1 milhão de títulos digitais disponíveis em seu acervo.

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