Lígia Cano, Fintech @ Google: só 16,5% dos entrevistados estão dispostos a mudar de um banco para uma startup de serviços financeiros (Google/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 7 de novembro de 2019 às 07h34.
Última atualização em 7 de novembro de 2019 às 12h36.
As fintechs conquistaram espaços antes ocupados apenas por grandes bancos. Mas as novatas têm um grande desafio: atrair e reter clientes num ambiente cada dia mais competitivo. Uma pesquisa realizada pelo Ibope com o Google indica que 83% dos clientes de fintechs hoje também tem produtos bancários tradicionais.
Entre os entrevistados, os moradores das regiões Nordeste e Norte são os mais abertos a migrar de um banco para uma fintech. 22% dos entrevistados do Nordeste e 21% do Norte disseram que estariam dispostos a trocar as instituições tradicionais por startups, contra 16%, 15% e 10% dos ouvidos das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, respectivamente.
O Google realizou sua pesquisa online em outubro de 2019 com 500 pessoas maiores de 18 anos de todas as regiões do Brasil.
Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, que pesquisou os desbancarizados do Brasil, faz sentido que moradores do Nordeste e Norte estejam mais dispostos a migrar para os serviços oferecidos pelas startups, pois nessas regiões a insatisfação com os bancos é muito maior. “O banco tradicional foi feito para ricos, as portas giratórias são como detectores de pobres. Na região Sul, por exemplo, que proporcionalmente tem mais classe A e B, o acesso aos bancos tradicionais é maior”, diz ele.
Guilherme Horn, conselheiro da ABFintechs, concorda com a visão de Meirelles. “No Norte e Nordeste tem uma oferta menor, menos concorrentes, é natural que os serviços bancários sejam piores e mais caros, o que abre espaço para que as fintechs tenham uma adesão maior.”
No Brasil, ao todo, só 16,5% dos entrevistados pelo Google estão dispostos a mudar para uma startup de serviços financeiros. Outros 41,9% não sabem se o fariam e 41,6% não estão dispostos, o que indica que essas empresas ainda têm um longo caminho a percorrer.
Entre os que responderam que não trocariam seus bancos por fintechs, 40,3% disseram que estão satisfeitos com o serviço tradicional, 18,7% não conhecem as startups o suficiente, 14,8% não confiam nelas, 22,4% não entendem como os serviços prestados por elas funcionam e 3,4% consideram os produtos que elas oferecem menos atrativos que os atuais.
Como pontuou Vitor Zenaide, líder de insights para o segmento de finanças do Google, os números indicam que o problema não são os produtos oferecidos, mas falta de conhecimento e confiança sobre as próprias empresas. Segundo a empresa de tecnologia, 78% dos clientes que usam produtos das fintechs estão satisfeitos com o serviço, contra 55% que estão contentes com o serviço de bancos tradicionais.
Avaliando as pesquisas que são feitas no buscador, o Google apontou que os clientes brasileiros hoje são curiosos e buscam empresas que ofereçam as melhores soluções de forma rápida. Em 2018, por exemplo, o número de buscas por “Qual é a melhor maquininha de cartão?”, “Qual é o melhor banco digital” e “Qual é o melhor fundo de investimento” cresceu 84%, 285% e 84%, respectivamente, em relação ao ano anterior.
Estar bem posicionado para atender essas demandas do consumidor brasileiro e para responder suas dúvidas pode ser a chave para uma empresa se sobressair entre as 529 fintechs existentes no país atualmente.