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Família criou negócio em quarto e já fatura R$ 2,5 mi

Irmãos e primo começaram uma escola de inovação e robótica com apenas 500 reais. A Buddys, hoje, é uma rede de franquias com 18 unidades

O primo Breno Leles e os irmãos Matheus Vieira, Marlon Wanderllich e Marcelo Brenner, da Buddys: eles dão aulas de inovação e robótica com foco em formar empreendedores (Buddys/Divulgação)

O primo Breno Leles e os irmãos Matheus Vieira, Marlon Wanderllich e Marcelo Brenner, da Buddys: eles dão aulas de inovação e robótica com foco em formar empreendedores (Buddys/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 25 de março de 2018 às 06h00.

Última atualização em 26 de março de 2018 às 13h47.

São Paulo – Quem sabe de cor as histórias de sucesso no mundo dos negócios já deve ter percebido que muitas não nasceram de escritórios ou pontos comerciais suntuosos: Disney, Google, HP e Microsoft são apenas alguns exemplos.

Mas não é preciso ir até os Estados Unidos ou procurar apenas negócios bilionários para conferir essa trajetória. Os irmãos Matheus Farley​, Marcelo Brenner e Marlon Wanderllich e o primo Breno Leles são um exemplo de pequenos empreendedores que transformaram uma ideia de negócio no quarto de casa em um empreendimento milionário.

Hoje, a escola de inovação e robótica Buddys é uma rede de franquias com 18 unidades operando. O negócio faturou 2,5 milhões de reais em 2017 e pretende dobrar o número neste ano.

Empresa enxuta

A ideia da Buddys surgiu em 2013, quando Wanderllich fez um intercâmbio para a França e percebeu como seus colegas internacionais não sabiam programar ou programavam pouco. Ele havia tido experiências com programação tanto em um curso técnico em Eletrônica quanto na graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

De volta ao Brasil, em 2014, o estudante chamou o irmão Marcelo Brenner para dar aulas de programação para crianças e adolescentes. “Com 500 reais que sobraram do meu intercâmbio, compramos duas camisetas, bordamos o nome ‘Pequenos Cientistas’, compramos panfletos e saímos divulgando sem nem mesmo termos o curso pronto”, conta Wanderllich.

O objetivo era conferir se havia alguma demanda de pais e alunos antes de investir na criação do curso e na infraestrutura de uma sala de aula. A divulgação começou no final de 2014 e, um mês depois, os empreendedores haviam recebido apenas uma ligação.

A escola de programação só deslanchou quando Wanderllich e Brenner receberam o contato de um grande grupo educacional em Belo Horizonte para fazer uma parceria. “Fizemos uma oficina no colégio e depois visitamos outras escolas. Recebemos vários ‘nãos’, mas continuamos tentando. No fim do primeiro semestre de 2015, tínhamos 40 alunos”, diz Wanderllich.

Os irmãos pegaram um empréstimo para comprar computadores e mesas e montaram a sala de aula em um quarto do apartamento. Foi nessa época que os outros dois sócios, o irmão Matheus Farley e o primo Breno Leles, entraram para o negócio. Na época, as idades dos empreendedores variavam de 18 a 23 anos.

O real crescimento do negócio só veio com o encerramento do curso da primeira turma. “No começo, os pais deixavam as crianças apenas porque elas ficavam muito tempo no YouTube e queriam que elas tivessem um conhecimento mais ativo. Quando os parentes puderam ver os meninos e meninas criando os próprias programas, usando a tecnologia de forma eficiente eprodutiva, perceberam o real valor das aulas. Recebemos muitos elogios e foi um incentivo para a gente.”

A Pequenos Cientistas passou por uma virada: mudou seu nome para Buddys; assumiu um posicionamento de inovação e robótica, com uma programação voltada ao empreendedorismo; e finalmente expandiu para fora de um quarto no apartamento dos irmãos.

A família alugou duas salas ao fundo de um sobrado comercial, que já possuía uma empresa de aulas particulares. Com a mudança para outro bairro de Belo Horizonte, a Buddys perdeu muitos clientes e frio na barriga dos empreendedores aumentou.

A divulgação por panfletos e a atuação em escolas foram intensificada e, no fim de 2015, a nova escola já tinha 80 alunos matriculados. “Fizemos um evento maior de encerramento do curso e vimos como os resultados dos alunos eram ainda melhores. A mídia começou a falar sobre nós”, diz Wanderllich.

Unidade da Buddys

Unidade da Buddys (Buddys/Divulgação)

Expansão e planos

Para não perder o timing do negócio, a Buddys obteve um investimento-anjo de 150 mil reais em 2016. O dinheiro foi usado para abrir a primeira unidade com recepção, espaço de espera, sala de aula para dois professores (cada professor ensina seis alunos) e locais de descompressão dos alunos.

A unidade chamou a atenção assim que chegou, na zona sul de Belo Horizonte, e a procura dos alunos finalmente foi orgânica. “A escola começou com 15 alunos. Em um semestre, chegamos a 80 alunos e batemos o ponto de equilíbrio entre receitas e despesas.”

A Buddys começou a receber pedidos de franqueamento dos próprios pais dos alunos. A escola de inovação e robótica desenhou sua proposta de franquias no segundo semestre de 2016 e, no final do ano, já havia comercializada cinco unidades franqueadas.

De lá para cá, a Buddys acumulou 18 escolas funcionando (três próprias e 15 franquias) em estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.

A proposta do negócio de inovação e robótica é oferecer um modelo híbrido de ensino, combinando o professor com cursos em vídeo. Cada professor atende até seis alunos, de idades que variam entre 7 e 16 anos de idade.

A mensalidade é de 270 reais e o foco está no público classe A e B. O faturamento médio mensal de uma escola vai de 30 a 40 mil reais, com lucratividade média de 30 a 45% do valor. O investimento inicial parte de 150 mil reais e o prazo de retorno é de 24 meses, considerando a capacitação de 150 alunos.

Para 2018, a Buddys espera alcançar 50 unidades e dobrar o faturamento da rede, chegando a 5 milhões de reais. Algumas decisões estratégicas incluem criar um curso maker para crianças de 5 a 8 anos de idade, trabalhar com computação cognitiva para os estudantes acima de 10 anos de idade e criar um programa de aceleração de “startups” dos estudantes.

“A gente irá pegar os projetos dos alunos e fazer um processo de aceleração dentro da nossa escola-conceito. Estamos em fase de testes desse projeto”, diz Wanderllich. Os dias de aulas em um quarto no apartamento já ficaram para trás.

Buddys
Investimento inicial: 150 mil reais
Prazo de retorno: 24 meses

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