Frederico Flores, fundador da Scaleup: escola digital quer ensinar empreendedorismo "real" (Scaleup/Divulgação)
A complicada relação entre o desejo de empreender e as dificuldades estruturais enfrentadas por donos de empresas em estágio inicial cria um contexto de morte súbita de negócios no país. O empreendedor Frederico Flores quer ajudar a solucionar esse problema e prolongar a vida útil de pequenas companhias, principalmente durante a pandemia.
O empresário, que é ex-executivo do Mercado Livre, onde trabalhou por dois anos como diretor responsável pela unidade de novos negócios, criou agora uma escola voltada à educação empreendedora, chamada de Scaleup. A plataforma funcionará como um MBA (Master in Business Administration) empreendedor, com conteúdo 100% digital e grades de estudo personalizadas, de acordo com a necessidade de cada aluno.
Para dar início às operações, a plataforma recebeu um investimento inicial de 3 milhões de reais, em um aporte que partiu de sócios ligados a family offices de grupos de educação - que não tiveram seus nomes divulgados. Até o final de 2021, o empresário espera faturar três vezes esse valor, totalizando 10 milhões de reais.
Flores, de 33 anos, começou a empreender aos 15, vendendo cursos pela internet, e hoje já vendeu duas empresas por mais de 70 milhões de reais. Uma delas, a Becommerce, foi comprada em 2017 pelo próprio Mercado Livre, por 36,5 milhões de reais. Anos depois, criou uma outra startup, que conectava pequenos negócios aos marketplaces do setor de alimentação, e que também foi vendida, em 2019.
A ideia da criação da Scaleup surgiu a partir da análise do ambiente empreendedor do país, segundo Flores. “Como empreendedor, percebi que todo dono de negócio costuma errar nas mesmas coisas, ter as mesmas dificuldades e falhar nas mesmas decisões”, diz.“Os problemas dos pequenos negócios são similares, independente dos setores. Entendemos que se formos capazes de resolver isso, vamos alavancar o ecossistema empreendedor do Brasil, que já é um dos principais do mundo”, diz.”
Na visão de Flores, a educação empreendedora do país precisava sair da teoria e partir para a prática, algo que ainda não acontece. “Você tem inúmeros cursos, mas nenhum curso ensina como aquele empreendedor pode criar um negócio e conduzi-lo até o momento de venda da empresa”, diz. “Um empreendedor não precisa entender de álgebra, ele precisa entender como ser um bom gestor”.
A proposta da Scaleup é oferecer conteúdos personalizáveis e com baixo custo em um ambiente digital que conta com materiais em vídeo, texto e áudio. Os cursos, que podem ter duração de até um ano, custam em média 2,9 mil reais, divididos em até 12 mensalidades de 248 reais. A plataforma também oferece mentorias gratuitas com mais de 20 fundadores, CEOs, diretores de startups e gerentes de operações de grandes empresas no Brasil, como Ifood, Hotel Urbano, Mercado Livre, Sympla e Movile.
Até o momento, a plataforma conta com cinco diferentes cursos: Finanças e Administração, Produto e Tecnologia, Gestão e Operação, Vendas e Marketing e Cultura e Pessoas. O público-alvo são os donos de pequenas e médias empresas e empreendedores que estão pensando em abrir uma startup.
A partir da próxima semana, outros cursos serão adicionados à plataforma, com valores a partir de 59 reais. A expectativa é formar até 4 mil alunos até o final de 2021, e com esses lançamentos, o número deve crescer ainda mais, segundo Flores. “Queremos formar reais empreendedores. Aqueles donos de negócios que querem crescer a partir de duas próprias ideias e competências”, diz.