Onyo: aplicativo quer melhorar a experiência na praça de alimentação (Onyo/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 29 de abril de 2017 às 08h00.
Última atualização em 1 de maio de 2017 às 20h44.
São Paulo – Pode não parecer, mas uma visita às praças de alimentação nos shoppings pode se tornar um evento para lá de estressante: pegar filas, repetir o pedido diversas vezes, esperá-lo em pé, encontrar os colegas, disputar uma mesa... E, do outro lado dessa relação, os restaurantes acabam perdendo muitos clientes para o desconforto.
Foram o que descobriram os empreendedores Alexandre Dinkelmann e Fernando Taliberti, ao conversarem com mais de três mil consumidores: 70% deles iriam com mais frequência às praças, se houvesse melhor conveniência.
Após essa pesquisa de mercado, os dois largaram posições de destaque na empresa de tecnologia TOTVS para investir em um negócio próprio: o aplicativo Onyo, que permite pedir comida nas praças de alimentação por meio do celular.
Após um investimento de um milhão de dólares, feito pelos fundadores e por investidores-anjo, e uma aceleração no Founder Institute (Nova York) em 2016, o aplicativo possui hoje 2.500 usuários cadastrados e está operando em 15 restaurantes. O plano é chegar a 500 unidades até o fim do ano que vem.
A Onyo surgiu a partir do desejo de Dinkelmann de criar seu próprio empreendimento. “Queria ter um negócio que refletisse a cultura e os valores em que eu acredito, como colocar o cliente no centro das atividades, jogar em equipe e trabalhar com meritocracia. Quando as empresas se tornam maiores, costumam esquecer-se desses fatores.”
A experiência de ver tecnologias para e-commerce e varejo físico na TOTVS foi outra fonte de inspiração.
“Percebemos uma demanda entre pessoas físicas e estoque: não havia uma tecnologia pela qual a pessoa que estava na rua pudesse saber se uma loja possui produtos à pronta entrega, como acontece em uma loja virtual, por exemplo.”
Dinkelmann e Taliberti começaram a procurar negócios que atendessem a grande tese de facilitar a experiência do usuário que já está em movimento.
“Fomos vendo em quais produtos e serviços havia mais inconveniência para as pessoas, o que daria mais tração ao negócio. Conversamos com várias empresas de varejo e vimos que a praça de alimentação era um bom mercado para isso. É um setor grande o suficiente para mover bons números e pequeno o suficiente para conseguirmos dominar o mercado.”
A empresa foi formada no meio de 2014 e passou seis meses nesse processo de conversa com clientes, redes de varejo e shoppings para se decidir pelo ramo de praças de alimentação. O desenvolvimento da solução começou em 2015 e, no mesmo ano, a Onyo formou uma parceria de teste com a rede Gula Gula, do Rio de Janeiro.
Em 2016, a Onyo passou por uma aceleração do Founder Institute, em Nova York. Depois do processo, criou um escritório na cidade americana para acompanhar as tendências mundiais de empreendedorismo. Dinkelmann virou um mentor da Founder Institute no Brasil, para fornecer suporte a outras startups brasileiras.
Também foi o ano para realmente entrar em operação: foram fechadas parcerias com centros de compras do Rio de Janeiro, como Barra shopping e Tijuca Shopping, e de São Paulo, como Eldorado, Morumbi, Vila Olímpia e Villa Lobos.
Hoje, 15 unidades possuem integração com o aplicativo. Porém, Dinkelmann ressalta que já há contratos fechados com 25 marcas de alimentação, que possuem somadas mais de 1.500 lojas no país. Alguns dos restaurantes acordados são A Casa do Pão de Queijo, Baked Potato, Bon Grillê, Patroni, Pizza Hut, Mania de Churrasco!, Montana Grill, Rizzo e Subway.
Segundo dados pesquisados pela Onyo, há hoje 500 shoppings com praça de alimentação no Brasil, somando de 7 a 8 mil restaurantes fast casual e fast food. São 300 marcas relevantes, que servem 14 milhões de refeições por semana nesses espaços. O valor total pago pelas refeições, em um ano, fica entre 20 e 22 bilhões de reais.
Segundo Dinkelmann, o consumidor passa de dois a três minutos na fila de um restaurante na praça de alimentação, além de outros 10 a 15 minutos de espera até o produto ficar pronto. Depois, ainda há o tempo de procurar uma mesa vazia. Ao mesmo tempo, esse consumidor está sempre com o celular na mão.
“Ao fazer um modelo remoto de pedidos, o usuário pode resgatar o poder de escolha do seu tempo, que antes era perdido no meio dos processos da praça de alimentação. Você pode desde conversar até meditar nesse pouco intervalo de descanso do dia a dia”, afirma.
O usuário precisa baixar o aplicativo, para Android e iOS. Lá, escolhe o shopping em que se encontra, o restaurante desejado e seus pedidos.
Então, insere os dados de seu cartão de crédito, das bandeiras American Express, Mastercard ou Visa. A rede diz que incluirá duas redes de vale-refeição no próximo mês.
Após a confirmação do pedido, é só acompanhar o preparo e esperar o pedido ficar pronto para retirá-lo no restaurante – a Onyo manda notificações pela tela do celular.
Na pesquisa com mais de três mil consumidores, a Onyo traçou seu perfil de público-alvo: são pessoas que estudam e/ou trabalham e possuem tempo e verba limitados para almoçar, em constante pressão. “Não queremos fazer algo só para a elite. É um problema de muita gente, que talvez nem perceba que é possível ter uma experiência melhor.”
A Onyo também pretende ajudar os restaurantes, que serão a parte pagante do modelo de negócios. Para o cliente, o valor é igual ao do balcão; a rede deverá repassar uma porcentagem não revelada desse dinheiro para a Onyo, em troca do uso do serviço.
“Por meio do app, o consumidor pode dar feedbacks ao restaurante e participar de programas de fidelização; também há redução de fraudes nos pagamentos e em custos com a mão-de-obra do balcão de pedidos. Além disso, a rede pode comparar as avaliações de atendimento e comida entre suas lojas. Ou seja: queremos trazer mais diálogo e, com isso, os negócios podem se reinventar”, defende Dinkelmann.
“Fidelizamos, damos uma melhor experiência em tempo menor e trazemos uma demanda incremental que hoje opta por comer na rua.”
A meta da Onyo é dominar o mercado de autoatendimento em praças de alimentação até o fim de 2018, chegando a atuar em 500 restaurantes de 35 a 40 praças. Para 2017, o plano é chegar a 50 unidades.
“Já testamos a solução, fizemos parcerias, aprendemos como os restaurantes operam e estamos prontos para escalar. Queremos dar uma experiência de ‘order ahead’ similar à do Starbucks nos Estados Unidos, mas em formato de marketplace, reunindo diversas marcas.”
O foco da expansão está no Rio de Janeiro e em São Paulo. A rede ainda não pensa em expandir internacionalmente, mas vê potencial em países emergentes da América Latina e da Ásia. O ponto de equilíbrio está previsto para 2019.