Pagamento digital: a Adyen, que tem sede em Amsterdã, está em franco crescimento no Brasil em meio à pandemia (Germano Lüders/Exame)
Mariana Fonseca
Publicado em 4 de fevereiro de 2019 às 14h44.
A Adyen afirma que economiza milhões de dólares de vendedores simplificando as transações de pagamento com cartões. A firma de tecnologia financeira, localizada a milhares de quilômetros do Vale do Silício, está gerando muito mais do que isso para seus fundadores.
O CEO, Pieter van der Does, o diretor de tecnologia, Arnout Schuijff, e o ex-diretor de inovação John Caspers viraram bilionários desde a oferta pública inicial da Adyen, em junho, segundo o Bloomberg Billionaires Index.
Esse tipo de geração de riqueza, raro para uma empresa europeia, coloca a Adyen, que tem sede em Amsterdã, em um rol semelhante ao de gigantes americanas da tecnologia como Facebook e Twitter.
As ações da empresa quase triplicaram desde o IPO, o que ressalta como os investidores estão buscando uma fatia de um negócio que está na vanguarda de um mercado de pagamentos em rápida evolução, que deverá aumentar em US$ 1 trilhão até 2022.
“A Adyen realmente fez barulho quando se uniu ao Airbnb e à Uber em seus primórdios”, disse David Ritter, analista da Bloomberg Intelligence. “As avaliações de algumas dessas empresas são difíceis de justificar de uma forma convencional, mas o alcance de seu crescimento é bastante impressionante.”
A Adyen se une às concorrentes americanas Stripe, PayPal Holdings e Square no grupo de empresas de tecnologia que controlam mais de três quartos do mercado de facilitação do comércio entre vendedores e consumidores.
Caspers é o último bilionário criado pela empresa, que também conta com Spotify Technology e eBay como clientes. Apesar de já não fazer parte da Adyen, ele ainda detém uma participação de 4,65 por cento avaliada em US$ 1 bilhão. Além disso, faturou mais de 30 milhões de euros (US$ 34,2 milhões) com a oferta da Adyen, a maior da Europa no ano passado para uma empresa de tecnologia.
A avaliação da Adyen, de cerca de US$ 22 bilhões, a coloca lado a lado com o ABN Amro Group, o segundo maior banco da Holanda.
O porta-voz da Adyen, Hemmo Bosscher, preferiu não comentar sobre a riqueza dos cofundadores da empresa e sobre a data e o motivo da saída de Caspers. Caspers não respondeu às mensagens enviadas pelo LinkedIn em busca de comentários.
Outras participações controladas por meio de pequenos grupos de investidores iniciais da Adyen estão se aproximando de US$ 1 bilhão. Uma análise geral on-line de uma delas -- a Adinvest, comandada pelo ex-executivo bancário de investimentos Neil Sunderland -- aponta que a empresa normalmente investe até 5 milhões de euros em empresas de tecnologia, oferecendo retornos potenciais de mais de 1.000 por cento.
Sunderland, 73, disse à Bloomberg que foi convidado a investir na Adyen juntamente com outros acionistas existentes antes que fosse rentável. Ele também se lembra que ficou impressionado com o profissionalismo e o conhecimento dos fundadores.
“Ficou claro desde as primeiras conversas que eles tinham conhecimento para conseguir algo com seus esforços”, disse. “Eles têm padrões muito elevados e são pessoas muito boas. Digo com muita sinceridade que eles provavelmente sejam a melhor equipe de gestão com que trabalhei -- e trabalhei com muitas.”