Aplicativo da startup Içougue: negócio funciona há dois meses e possui 14 mil cadastros de interessados (Içougue/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 17 de dezembro de 2017 às 08h00.
Última atualização em 18 de dezembro de 2017 às 09h34.
São Paulo – Você gosta de ir ao açougue todos os meses comprar as mesmas peças de carne? Ou então, de ficar escolhendo a melhor peça para sua ceia de Natal? Para muitos, essa é uma experiência cansativa e ineficiente – além da demora, não se sabe qual será o valor da compra até o fim do processo.
Foi o que descobriram os empreendedores Carlos Melo, Lídia Puccetti e Tiago Albino. Após fazerem uma pesquisa de mercado sobre a maior dificuldade dos casais, eles esbarraram no problema dos açougues e se inspiraram no aplicativo iFood, de delivery de refeições, para resolver tal dor.
“Não temos os produtos: somos apenas uma ferramenta para o açougue vender, assim como funciona o iFood. Temos um modelo parecido, mas optamos por um nicho sem um concorrente no estilo de marketplace. Investir em comida pronta seria brigar com gigantes como o próprio iFood”, afirma Albino.
Assim nasceu o Içougue: um serviço 100% online para buscar açougues, escolher os produtos com melhor qualidade ou preço e agendar a entrega a domicílio. O negócio funciona há dois meses e inaugurará versões em aplicativo de celular até o fim deste ano.
Não é a primeira vez que Tiago Albino empreende. Após ter trabalhado em empresas de tecnologia e internet, como iG, HP e UOL, Albino resolveu abrir uma produtora de canais no YouTube com amigos, ano de 2016.
“Fazíamos vídeos principalmente no ramo de alimentação. Percebi que havia um grande potencial nesse mercado e formei relacionamento com grandes empresas do setor. Acabei saindo da produtora por diferença de ideias entre os sócios, mas já pensando em qual empreendimento em alimentação iria abrir”, conta.
Albino saiu da produtora no meio de 2017 e pesquisou de e-commerce a hamburgueria. Foi então que realizou a pesquisa de mercado com casais e caiu na demanda por uma compra de carnes mais eficiente nos açougues e supermercados.
“Percebi que havia a oportunidade de vender produtos do mundo das carnes em um marketplace. O que há hoje são marketplaces de supermercados, que vendem diversos produtos, ou e-commerces que se restringem a apenas um açougue”, afirma.
Albino chamou os sócios Carlos Melo e Lídia Puccetti para o negócio e, há dois meses, lançou um mínimo produto viável. Tal MVP era um site simples, onde a pessoa poderia colocar os produtos desejados e seu CEP e, com isso, ver estabelecimentos de compra próximos.
“Lancei em uma sexta-feira e, no domingo, já havia 200 cadastros. Foi a hora em que decidimos avançar o projeto.”
Por enquanto, a Içougue pode ser acessada apenas na versão desktop. Colocando CEP e e-mail, o negócio mostra os açougues e supermercados mais pertos do usuário. Além de incluir os preços, há também a avaliação de outros clientes sobre cada local.
Escolhendo o açougue de preferência, é hora de selecionar os produtos e a quantidade de cada um. Vendo o preço final e concordando com a compra, o usuário agenda data e hora de entrega. O pagamento é feito ou pela própria plataforma ou no momento de receber os produtos. Após o serviço, também é possível dar uma avaliação sobre o açougue.
Além das tradicionais carnes brancas e vermelhas, a startup também contém outros produtos em sua plataforma: alimentos vegetarianos e veganos, como hambúrgueres de soja e de berinjela; produtos de origem orgânica; e outros itens do mundo das carnes, como carvão, cervejas e pão de alho. O ticket médio é de 150 reais, e nas compras acima de 50 reais o frete é grátis.
Segundo Albino, o grande diferencial da Içougue não está no aspecto financeiro, e sim na comodidade e transparência do serviço.
“A grande vantagem é a economia de tempo em relação ao processo de ir ao açougue, pegar a fila, só saber o preço no final e ter de levar para sua casa. Acredito que os estabelecimentos começarão a olhar os preços dos concorrentes e competirão, então imaginamos uma economia de 5 a 10% nos valores. A economia financeira não será algo tão significativo.”
A Içougue se caracteriza como um negócio B2B2C – oferecendo tanto soluções a empresas quanto aos consumidores finais, pessoas físicas.
Assim, a monetização ocorre de duas formas: a startup cobra uma taxa de 5% sobre a compra total em sua versão de atacado, na qual grandes marcas fornecedoras (como frigoríficos) vendem para açougues, hamburguerias, hotéis e supermercados, com um ticket médio que vai de 2 a 4 mil reais. Já na relação entre tais estabelecimentos e o consumidor final, é cobrada uma taxa de 10% do vendedor dos produtos.
A Içougue já conta com 14 mil leads – consumidores finais cadastrados e com intenção de compra. Do lado das empresas, são 17,5 mil açougues e outros estabelecimentos e 47 fornecedores.
Como é de se esperar, a Içougue prevê crescer não apenas nas festas de dezembro, como Natal e Ano Novo, mas durante todo o verão. Isso porque o consumo de carne aumenta na época.
“As pessoas saem de férias e se reúnem em praias e sítios, então esperamos um ticket médio de 30 a 40% maior até começo de fevereiro”, diz Albino.
O primeiro plano para fazer a Içougue crescer e faturar é estimular o canal B2B. “Queremos fechar 2018 com ao menos 150 empresas fornecedoras.”
O segundo plano é oferecer mais serviços aos estabelecimentos de venda ao consumidor final, como açougues.
Para as empresas que já estão na plataforma, a startup quer criar canais de venda próprios (por exemplo, “içougue.com/acouguedojose”), tal como já fazem gigantes como Magazine Luiza e Submarino.
Para os que ainda não estão cadastrados na Içougue, o plano é montar um esquema próprio de entregas dos pedidos e atrair os açougues que não oferecem tal serviço aos seus clientes. Com isso, o plano é aumentar ligeiramente o número de estabelecimentos e fechar 2018 com 20 mil deles.
Por fim, o consumidor final terá mais facilidades na plataforma. Colocando dados como número de membros na família, a Içougue já calculará a quantidade de carne média necessária para certo período de tempo e poderá mandar notificações quando o estoque estiver, supostamente, acabando.
A startup também pretende lançar seus aplicativos e criar um canal no YouTube, com dicas de como escolher produtos, como estocar e quais receitas fazer. “É nossa estratégia de marketing para impulsionar a marca. Esse será nosso desafio de 2018: fazer com que as pessoas nos conheçam”, diz Albino. O plano de usuários é agressivo: a meta é ter 100 mil cadastros até o fim de 2018.
Para sustentar tantas novidades, a Içougue está negociando um aporte semente de cerca de 400 mil reais com anjos e fundos de investimento – o plano é que a negociação seja fechada até a virada de ano.