PME

Esta startup descobriu que concorrer com Uber e 99 é um desafio e tanto

O fundador da Yet Go percebeu que, apesar de buscar atender um nicho ignorado pelas grandes companhias, precisava delas

TRÂNSITO EM BRASÍLIA: as empresas de locação de veículos disputam o mesmo investidor / (Joedson Alves/Reprodução) (Joedson Alves/Reprodução)

TRÂNSITO EM BRASÍLIA: as empresas de locação de veículos disputam o mesmo investidor / (Joedson Alves/Reprodução) (Joedson Alves/Reprodução)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 3 de janeiro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 4 de janeiro de 2019 às 13h14.

Inspirar-se em uma boa ideia é bem mais difícil do que parece. Foi o que a startup de mobilidade Yet Go aprendeu ao tentar concorrer com as gigantes Uber e 99 pela atenção de usuários e motoristas. Com mais investidores, as grandes companhias têm maior poder de marketing para atrair o usuário.  Para conseguir se destacar, a companhia brasileira criou um novo modelo de negócios que poderá triplicar o seu faturamento este ano: entregas de compras online.

A startup, criada em 2016 em Belém do Pará, surgiu como mais um aplicativo que conecta usuários e motoristas. Alberto de Souza Júnior, sócio-fundador e diretor de operações da plataforma, percebeu que havia um vácuo nas cidades cobertas pelas grandes empresas de aplicativo, que não chegam a todo o país.

Mesmo nas cidades em que os grandes players já operavam, usuários enfrentam a tarifa dinâmica, taxa de cancelamento e motoristas pagam taxa a cada corrida, o que pode causar frustrações ou uma experiência ruim, diz.“Decidi montar um negócio concorrente, a partir do descontentamento da população e dos potenciais motoristas, que poderiam ter uma fonte de renda”, diz o empreendedor.

A YetGo, ao invés de cobrar uma taxa por corrida dos motoristas, cobra uma mensalidade de 300 reais por motorista. Com esse modelo, ele espera que seu serviço seja mais atraente e fidelize os motoristas. Além disso, também não cobra taxas de cancelamento ou tarifas dinâmicas de seus usuários.

O aplicativo alcançou 100 mil downloads na Play Store, 30 mil motoristas e consolidou-se em capitais no Norte e Nordeste, atuando em mais de 50 cidades. A empresa tem quase 100 funcionários espalhados em São Paulo, Goiânia e Belém.

Mas logo o empresário percebeu que, apesar de buscar atender um nicho ignorado pelas grandes companhias, precisava delas. "É muito mais fácil entrar em mercados onde a Uber e 99 já estão, porque os usuários já estão familiarizados com esse tipo de serviço", afirma. Sem um orçamento tão grande para marketing, a Yet Go dependia da popularidade de seus concorrentes para crescer.

A concorrência é forte. A Uber busca abrir capital nos Estados Unidos em 2019 e espera ser avaliada em até 120 bilhões de dólares. No Brasil, está em mais de 100 cidades e tem 20 milhões de usuários e 500 mil motoristas parceiros cadastrados.

Já a 99 se tornou o primeiro unicórnio brasileiro em janeiro do ano passado, ou seja, uma companhia nova com valor de mercado superior a 1 bilhão de dólares, ao ser comprada pela chinesa Didi Chuxing por cerca de 960 milhões de dólares. No Brasil, a 99 conecta 14 milhões de passageiros a 300 mil taxistas e motoristas em centenas de cidades.

Novo caminho

Por isso, a startup decidiu encontrar um novo modelo de negócios em que ainda fosse pioneira. Decidiu apostar no comércio eletrônico, para fazer entregas das compras na casa do cliente, chamadas de "last mile". Esse último trecho percorrido por um produto é geralmente o mais caro para as companhias de logística, em comparação a transporte diretamente para lojas ou centros de distribuição.

O novo negócio, inaugurado no ano passado, pode impulsionar a companhia. "Somos a única empresa de mobilidade urbana especializada em ecommerce", diz Júnior.

A cobrança das varejistas é feita por quilômetro rodado, assim como com táxi. "É uma vantagem para a transportadora, que já sabe de antemão quanto a entrega irá custar e que pode diminuir o número de motoristas próprios.

A startup desenvolveu uma tecnologia capaz de medir o tamanho do objeto a ser entregue, como uma televisão pequena, aparelhos eletrônicos ou compras menores, e o tamanho disponível no carro, para saber quantas entregas cada motorista é capaz de fazer. Também calcula a melhor rota.

A empresa não divulga quais são seus clientes, mas garante que alguns dos maiores comércios eletrônicos do país já estão usando o piloto.

O faturamento de 2018 chegou a quase 10 milhões de reais e, em 2019, a previsão é triplicar o número com as entregas para o comércio eletrônico. Ao invés de seguir o mesmo caminho trilhado pelas gigantes, essa startup descobriu que poderia inovar e ter muito mais valor.

Acompanhe tudo sobre:Appse-commercemobilidade-urbanaStartupsTransporte de passageiros

Mais de PME

ROI: o que é o indicador que mede o retorno sobre investimento nas empresas?

Qual é o significado de preço e como adicionar valor em cima de um produto?

O que é CNAE e como identificar o mais adequado para a sua empresa?

Design thinking: o que é a metodologia que coloca o usuário em primeiro lugar