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Escola de programação Trybe compra a operação da Codenation

A startup de educação, que já recebeu quase R$ 60 milhões, comprou a empresa para se aproximar de potencias empregadores de seus alunos

Os alunos e professores da escola de programação Trybe: 5.000 candidatos para apenas 100 vagas em um curso que pode custar até 36.000 reais  (Germano Lüders/Exame)

Os alunos e professores da escola de programação Trybe: 5.000 candidatos para apenas 100 vagas em um curso que pode custar até 36.000 reais (Germano Lüders/Exame)

CI

Carolina Ingizza

Publicado em 10 de julho de 2020 às 13h00.

Última atualização em 10 de julho de 2020 às 13h52.

Com menos de um ano desde sua fundação, a escola de programação Trybe não para de crescer. A empresa, que captou 59 milhões de reais em investimentos nos primeiros seis meses de vida, anuncia nesta sexta-feira, 10, a compra da concorrente Codenation. A equipe de 16 pessoas da startup se une ao time de 73 funcionários da Trybe, com os três sócios assumindo cargos de liderança na companhia. 

A Trybe iniciou suas operações em agosto de 2019 para formar profissionais de tecnologia em desenvolvimento de software web. O programa, idealizado pelos sócios Matheus Goyas, João Duarte, Rafael Torres, Claudio Lensing e Marcos Moura, promete capacitar, em um ano, pessoas que nunca programaram antes. O principal atrativo é o fato de o aluno poder começar a pagar somente após estar empregado com um salário acima de 3.500 reais. 

Já a Codenation, criada em 2017 por Eduardo Varela, Krislaine Kuchenbecker e Elton Minetto, oferece programas de treinamento e seleção profissional. Os cursos são patrocinados por empresas de tecnologia, como Itaú, QuintoAndar e Stone, que contratam parte dos alunos depois. As aulas duram algumas semanas e são voltadas para pessoas que já sabem o básico sobre programação. Além de um investimento anjo de 400.000 reais no começo do negócio, a companhia levantou 1,5 milhão de reais em uma rodada seed no final de 2019. 

A aproximação entre as duas empresas aconteceu de forma remota, durante a pandemia. Goyas afirma que, após uma conversa em março com Varela, percebeu a sinergia dos dois negócios e fez uma proposta de aquisição para os fundadores da startup catarinense. A transação foi consolidada nesta semana, mas o valor não foi divulgado pelas empresas.

Para a Trybe, a experiência da Codenation com o mercado empregador é um atrativo, considerando que 90% de seus alunos adotam o modelo de pagamento após o final do curso. Ajudá-los a conseguir um trabalho, então, é vital para a sobrevivência do negócio, especialmente em um momento em que o país passa por uma crise econômica, com mais de dois milhões de novos desempregados desde o início de maio. 

Após o encerramento dos módulos de aceleração que a Codenation tem em andamento, os cursos serão descontinuados. “A Codenation tem expertise no recrutamento de profissionais de tecnologia com grandes empresas, então vai nos ajudar a reforçar a área de sucesso do aluno. Eles somam também na parte de ensino de tecnologia, com experiência em formação desde 2017”, diz Goyas. 

Para Varela, a junção com a Trybe permitirá a oferta de um serviço mais amplo aos mais de 50.000 usuários que a escola conquistou nos últimos três anos. A empresa, por não ter um curso iniciante de programação, perdia muitos inscritos. “Ao nos tornarmos Trybe, conseguiremos atender especificamente uma expressiva parcela da nossa base”, diz o fundador e presidente da Codenation.

Fusões e aquisições de empresas de inovação aceleraram no primeiro semestre de 2020, segundo dados da empresa de tecnologia Distrito. No mesmo período de 2019, 29 movimentações deste tipo foram realizadas, enquanto neste ano foram 43, uma alta de 48,3%. Somente em junho, seis startups foram compradas.

Expansão da empresa

Ainda este ano, os planos da Trybe são investir o capital recebido em fevereiro para melhorar a qualidade dos cursos e aumentar sua presença física no país, chegando a 10 cidades brasileiras. Atualmente, a escola está nas cidades de Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Itajubá (MG) e Florianópolis (SC).

A primeira turma de alunos da Trybe se forma em setembro. Desde março, todas as aulas estão sendo feitas remotamente, na plataforma própria que a empresa já usava em seus hubs de tecnologia. Ainda em 2020, mais quatro turmas serão abertas, com 150 vagas cada. 

Com a pandemia, a procura pelos cursos aumentou drasticamente. A turma de março teve 2.800 inscrições, enquanto a de junho recebeu mais de 6.000 inscritos. “Nosso modelo ficou mais interessante. Antes a população tinha que comprometer capital por quatro anos para só depois, talvez, conseguir um emprego. Na Trybe, elas pagam só depois de empregadas”, diz Goyas. 

A partir de 2021, o objetivo da companhia será expandir seu portfólio com uma segunda formação, também ligada ao universo de tecnologia. A ideia é atender entre 2.000 e 2.500 pessoas no próximo ano e, aos poucos, ir ampliando a capacidade do negócio. O desafio, segundo o sócio fundador, é conseguir entregar a mesma performance em larga escala. “Não abrimos mão da alta qualidade”, diz o sócio da startup.

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