Daniel Kriger e Ugo Roveda, fundadores da Kenzie Academy Brasil: startup licenciou a marca americana (Kenzie Academy/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 24 de março de 2021 às 06h00.
Para expandir sua atuação pelo Brasil, a escola de programação online Kenzie Academy acaba de captar um aporte de 8 milhões de reais com a consultoria estratégica E3 Negócios, de Curitiba. Com o capital, a empresa irá investir em ferramentas e tecnologia para conseguir formar pelo menos mais 2.500 desenvolvedores ao longo de 2021 e 2022.
Fundada em janeiro de 2020 pelos sócios Daniel Kriger e Ugo Roveda, a startup licencia no Brasil a marca americana Kenzie Academy. No seu primeiro ano de atuação no país, ela recebeu mais de 50.000 candidatos interessados, mas só conseguiu atender 400 estudantes — agora, espera ampliar sua atuação.
A edtech adota um modelo conhecido como ISA (acordo de compartilhamento de renda, na sigla em inglês), em que os estudantes podem fazer os doze meses de curso e só começar a pagar depois de empregados com salário acima de 3.000 reais por mês. Nesse formato, a empresa cobra 17% do salário do ex-aluno por até 60 meses. No total, o curso sai por 40.000 reais. À vista, o preço é 22.000 reais.
Todos os anos, no Brasil, o número de vagas abertas para cargos de tecnologia é maior do que o de estudantes formados nessas áreas. Segundo relatório da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, o déficit de profissionais pode chegar a 260.000 até 2024.
“Precisamos reduzir a carência da falta de desenvolvedores formados com qualidade e rapidez e a Kenzie faz parte desta revolução. A formação de profissionais da área de tecnologia da informação capacitados deve fazer parte de uma estratégia de desenvolvimento nacional, pois a falta destes profissionais atrasa a digitalização de diversos setores cruciais para a competitividade e crescimento da economia brasileira”, diz Bruno Freitas, diretor de investimentos da E3 Negócios.
Outras startups atuam com o mesmo modelo de ISA da Kenzie, como a edtech Blue, lançada pela head hunter Daniela Lopes neste ano para tentar diminuir o gap de profissionais de tecnologia no mercado. A mais famosa delas, no entanto, é a Trybe, que foi fundada em 2019 e já recebeu mais de 57 milhões de reais em aportes.
Quando Kriger, ex-executivo da Positivo, e Roveda, ex-funcionário da Bcredi, decidiram criar uma escola de formação de programadores, eles procuram um modelo que permitisse que os alunos experimentassem desde o princípio do curso a realidade do mercado de trabalho.
No caso da Kenzie, a metodologia da escola foi desenvolvida por engenheiros de software do Vale do Silício para formar desenvolvedores full stack capazes de programar em linguagens como HTML, CSS, JavaScript, React, SQL e Python.
Além das aulas de programação, a edtech trabalha com os alunos habilidades pedidas pelo mercado de trabalho, como liderança, feedback, relacionamento em equipe e comunicação — as chamadas soft skills.
Como seu modelo de negócio depende que os alunos sejam empregados, a Kenzie também tem parcerias com empresas de tecnologia para garantir que os estudantes saiam do curso empregados. Hoje, empresas como Ebanx, Banco Bari, James Delivery e Creditas contratam programadores formados pela escola.
"Temos 100% de empregabilidade dos nossos alunos após três meses de conclusão do curso de programação, o que indica que nosso método realmente funciona”, diz Kriger.