Brinquedos: para seguir faturando, empresas de festas apostam em aluguel de seus produtos para famílias que estão em casa (Abdulhamid Hosbas/Anadolu Agency/Getty Images)
Carolina Ingizza
Publicado em 17 de abril de 2020 às 06h00.
Última atualização em 17 de abril de 2020 às 06h00.
Diante dos efeitos da pandemia do novo coronavírus, muitas empresas enfrentam diminuição da procura de produtos e serviços e uma consequente queda no faturamento. Por outro lado, há empreendedores que enxergam no momento uma oportunidade de divulgação e ampliação dos negócios.
Em Montes Claros, no Norte de Minas, empreendedores do setor de vendas e locações de brinquedos e artigos infantis, perceberam o momento e fazem do isolamento social uma alternativa para elevar a renda. Com a paralisação das aulas e a necessidade de as crianças ficarem em casa, muitos pais que também estão trabalhando no sistema home office, precisam de alternativas para manter os filhos entretidos.
Atenta a esse momento, a Microempreendedora Individual (MEI) Carla Batista da Paz, proprietária da Pequetocos, que comercializa brinquedos e jogos educativos, decidiu ampliar as divulgações em aplicativos e redes sociais e viu a procura aumentar após o início da quarentena.
“É um momento em que as crianças e os pais precisam ficar em casa. Recebi ligações de mães pedindo jogos e brinquedos, alegando que os filhos estavam inquietos e não aguentavam mais assistir televisão e usar internet. A procura aumentou muito e já estou renovando o estoque”, afirma a microempreendedora, que conta com o apoio do Sebrae Minas.
Carla disse que investiu também na fabricação de embalagens coloridas e no sistema delivery. “Não precisa sair de casa. O cliente faz o contato pelas nossas redes sociais, escolhe o produto, e nós levamos até ele”, garante.
Além de vendas, a locação de brinquedos e de produtos infantis teve um salto na procura nas últimas semanas. Meryelle Patrícia Xavier, da Pequenucho Locações, percebeu esse crescimento de locações e também de higienização de artigos, outro serviço oferecido.
“A gente já trabalha no setor há algum tempo, mas é nítido que neste momento em que todos estão em casa aumentou a demanda por locação de cadeirinhas, apoiadores, andadores e brinquedos. Está havendo também uma boa procura pela higienização dos artigos, já que as pessoas estão mais cuidadosas. Somos uma empresa totalmente online. Entregamos em casa os produtos usando todos os critérios de higiene, inclusive com uso de máscaras”, ressalta.
Para a empreendedora Carla Simões, da Karambola Festas, houve uma mudança mais pontual. Ela precisou redirecionar o foco do seu negócio para se manter durante este período de isolamento social, porque trabalha com animação de festas infantis. Decidiu, então, alugar os brinquedos, como cama elástica, piscina de bolinhas e outros, que normalmente são usados nas animações.
“Percebi que precisava fazer alguma coisa diferente ou meu negócio não iria sobreviver. A alternativa foi alugar os brinquedos que uso nas festas. Para divulgar esse novo serviço, utilizei muito as redes sociais e já estou tendo uma resposta bem positiva, com grande procura por informações e orçamentos. Vivemos um momento de grande incerteza, e as pessoas ainda estão cautelosas, mas, com as crianças em casa, é preciso buscar diversão e também um pouco de exercício, o que os brinquedos oferecem”, relata Carla.
Para cativar a clientela, Carla oferece promoções. Brinquedos que eram alugados por quatro horas nas festas podem ficar quatro dias na casa do locatário pelo mesmo valor. Além das crianças menores, o objetivo agora é estender o serviço aos pré-adolescentes. Para isso, a empresária está viabilizando uma espécie de quadra de plástico inflável para a prática de futebol de sabão.
Para o consultor do Sebrae Minas Mateus Martins, os empreendedores precisam descobrir ambientes favoráveis mesmo em momentos de crise. “Ter essa percepção é fundamental para se sobressair nos negócios neste momento. Os empreendedores que têm se destacado são aqueles que entendem as novas necessidades do consumidor. Para enfrentar esse período em que os clientes estão reclusos em casa, é necessário compreender que eles não sumiram, mas precisam de coisas diferentes. O grande desafio é descobrir como reinventar e inovar em produtos e serviços”, destaca.