Sabrina Sartori, do Empório Sartori: ela trocou os computadores por algo que estava na família havia anos – uma coleção de frutas (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 5 de junho de 2016 às 09h00.
Última atualização em 7 de março de 2017 às 18h01.
São Paulo – Abandonar a carreira para criar um negócio em uma área totalmente diferente não é fácil. Porém, foi o que fez a empreendedora Sabrina Sartori: ela trocou os computadores por algo que estava na família há anos – uma coleção de frutas.
O Empório Sartori, que fabrica cremes hidratantes e sabonetes líquidos, resolveu entrar no concorrido ramo de cosméticos em abril de 2013. Como diferenciais, aposta no cultivo familiar e na escolha de frutas exóticas e intensamente pesquisadas como matéria-prima para formular seus produtos.
O negócio vende hoje, em média, 1,5 mil unidades por mês; em 2015, a média era a metade do valor atual.
Ainda que o negócio tenha sido criado há pouco mais de três anos, o pomar dos Sartori, que fica no interior de São Paulo, é cultivado há 20 anos. O pai de Sabrina é médico e sempre gostou muito de frutas; começou a cultivar espécies por interesse pessoal e, hoje, escreve livros e dá palestras sobre os benefícios das frutas para a saúde.
Sabrina sempre ajudou seu pai a cuidar desse pomar da família. Quando cresceu, formou-se em Ciências da Computação e foi trabalhar em uma multinacional americana, na área de Tecnologia da Informação (TI), passando a visitar o sítio apenas aos fins de semana.
“Um dia eu estava passeando pelo pomar, e pensei: por que não usar essas frutas também com cosméticos? Temos matéria-prima e conhecimento sobre as propriedades de cada uma delas. E por que não fazer um negócio e proporcionar essa experiência para outras pessoas, além do meu uso próprio?”, conta Sabrina. “Criar a empresa é uma forma de contribuir para sustentar financeiramente a colheita e preservar todo esse trabalho que ele fez.”
A escolha por usar as frutas exóticas como diferencial não foi apenas por conta da inovação empresarial. "O grande diferencial da nossa empresa é cuidar da natureza e transmitir o conhecimento dessas frutas raras para as pessoas. O empreendedor tem esse dom de trazer seus próprios valores de vida para o negócio, e essa paixão dificilmente pode ser copiada", afirma Sabrina.
“Escolher dez frutas era um alto risco, por conta do investimento, mas uma só era pouco para testar. Optamos por escolher três, de acordo com benefícios, vitaminas, perfume, beleza da fruta e sua origem”, completa.
A Empório Sartori possui linhas com as frutas pitáia, sapoti e uvaia. No site do negócio e nas embalagens, é possível ver as descrições sobre cada fruta. Por exemplo, a pitáia possui vitamina A e um cheiro suave e adocicado; o sapoti possui vitaminas B e E, com um cheiro encorpado e doce; e a uvaia possui vitaminas C e uma fragrância refrescante. Alguns dos benefícios descritos nos cremes são o combate do ressecamento da pele, o rejuvenescimento e a presença de antioxidantes.
Produtos feitos com novas frutas serão lançados apenas no ano que vem. Isso porque desenvolver uma nova linha não é simples, diz Sabrina: é preciso fazer estudos em parceria com universidades para verificar os benefícios; esperar a safra; e levar a um laboratório para processar a polpa e o perfume. Todo o processo dura cerca de dois anos. Para liderar o processo de avaliação, a empreendedora fez um MBA em cosmetologia.
Segundo a empreendedora, o Empório Sartori possui a maior coleção de árvores frutíferas do mundo, em termos de diversidade: são 2,5 mil espécies diferentes de frutas. Atualmente, o negócio está em contato com o Livro dos Recordes (“Guinness Book”) para registrar o título.
A empresa já atingiu seu ponto de equilíbrio. O negócio já possui uma loja virtual e seus produtos são revendidos em 20 lojas – a maioria localizada em São Paulo. “Hoje, vendemos para Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Nossa expectativa para os próximos cinco anos é ter abrangência nacional.”
Especificamente este ano, a Empório Sartori está investindo na participação em eventos do setor e no modelo de revenda: começará a ter consultoras que comercializam seus produtos porta a porta no segundo semestre de 2016.
“É um excelente meio de penetração de mercado e uma oportunidade para as pessoas obterem renda extra”, diz Sabrina. “Vamos proporcionar encontros, treinamentos e eventos. Por exemplo, vamos levá-las para acompanhar a colheita das frutas. Assim, elas podem ver de perto como a mágica acontece e levar isso para o cliente, - esse espírito de simplicidade, respeito e amor pela natureza.”
A médio prazo, a marca pretende investir na formatação de franquias, para conseguir a abrangência internacional desejada. “Já a longo prazo queremos criar o Instituto Empório Sartori, um laboratório dentro da preservação, onde as frutas raras poderão ser colhidas e já levadas para análise. Não apenas para cosméticos, mas também para o desenvolvimento de novas fórmulas e descobertas de medicamentos, por exemplo. Há um imenso potencial preventivo e curativo nas frutas, incluindo a polpa, casca e sementes.”