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Empreendedor cria “Tinder” para empresas e investidores

Dar um “match” entre seu negócio e o credor mais adequado: essa é a proposta da F(x), que já organizou 30 milhões de reais em negócios concretizados.


	Dinheiro na mão: 30 milhões de reais já foram concedidos por meio do site F(x)
 (Thinkstock)

Dinheiro na mão: 30 milhões de reais já foram concedidos por meio do site F(x) (Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2016 às 19h18.

São Paulo – O Tinder se tornou um dos serviços de relacionamento mais famosos do mundo: com apenas uma passada de dedo, é possível aprovar ou rejeitar perfis que foram selecionados de acordo com suas próprias informações. 

E se conseguir alguém para investir na sua empresa fosse tão fácil assim? Foi o que pensou o empreendedor Dan Cohen. Por isso, em maio de 2015, deu o pontapé em seu negócio próprio: a F(x), uma intermediadora entre médias e grandes empresas e investidores.

Hoje, 30 milhões de reais já foram concedidos por meio do site – e 120 milhões de reais já foram ou estão sendo negociados.

A ideia do negócio

Cohen conta que começou a pensar sobre abrir o negócio a partir de sua experiência profissional em um banco de médio porte, na área de fundos de crédito.

“Reparei que todas as empresas tinham problemas de falta de acesso a mercados financeiros. Elas não sabiam sobre as diversas opções de crédito e, por isso, tinham um endividamento ruim.” Segundo o empreendedor, há um universo de empresas de crédito que os negócios desconhecem.

Por outro lado, o banco também gasta muito dinheiro em análise de crédito e visitas ao negócio – e a maioria dos empreendimentos acaba trocando de financiador no meio do processo. Segundo o empreendedor, apenas entre 5 e 10% das visitas que os bancos fazem para negócios que querem financiamento viram, de fato, acordos.

Ou seja: há problemas dos dois lados da negociação por crédito. “Quando você tem um problema que atravessa as duas partes, é provável que um marketplace [plataforma que intermedeia produtos e serviços] seja uma solução”, conclui Cohen.

Em maio de 2015, o empreendedor fez o primeiro teste de mercado, que durou até julho. Comprovada a aceitação das empresas e das instituições de financiamento, eles procuraram investidores e acertaram com a eGenius, criada pelos empreendedores Alexandre Luizzi e Tallis Gomes (do Easy Taxi); hoje, Tallis está no aplicativo Singu. A “fábrica de startups” investiu, principalmente, na parte de tecnologia da F(x). Com esse aporte, o negócio recebeu três sócios-investidores (totalizando quatro sócios da startup).

Em outubro do mesmo ano, o site abriu oficialmente - por ser uma transação de grande complexidade, o serviço opera apenas em versão web, sem aplicativo para celular.

“Match”

A F(x) é um marketplace de crédito: as empresas se cadastram e colocam quais suas condições para o financiamento (valor do aporte e porcentagem de participação no negócio, por exemplo). Ao mesmo tempo, as instituições cadastradas na plataforma fazem propostas para esse negócio, que pode selecionar as que forem mais adequadas.

É nesse sentido que entra a curadoria da F(x). “O grande problema de qualquer marketplace é anunciar um produto que não vai vender: se isso se repete, o marketplace não funciona. Para ter certeza que toda empresa terá uma oferta existe o match: a gente só permite que uma empresa entre e anuncie se encontrarmos ao menos três possíveis matches para ela. Caso contrário, há a chance de colocar várias empresas na plataforma e nenhuma conseguir fazer acordos”, explica Cohen.

A empresa cadastrada pode conversar com até dois credores ao mesmo tempo. Para falar com novas instituições, é preciso encerrar as negociações com alguma das anteriores.

Ao mesmo tempo em que ocorrem as conversas, aparecem na tela contra-ofertas de várias instituições, visualizáveis tanto para o negócio quanto para os credores selecionados – assim, eles também podem mudar suas condições no meio do caminho, pensando na concorrência.

“O financiador vê o que o outro coloca e, se ele quer muito dar condições melhores, é só mudar sua própria proposta”, diz o empreendedor. “Isso melhora as condições de financiamento, porque cria uma competição que antes não existia, já que o empreendedor não conhecia tantos credores.”

Uma vez que o empresário decide por uma das financiadoras, a plataforma emite um certificado de exclusividade de negociação para aquela proposta: ou seja, o empreendedor não poderá negociar com outros bancos ao mesmo tempo.

Depois desse certificado, a negociação é feita fora da F(x). “O nosso trabalho é tornar essa conversa possível e exclusiva, mas nós não tomamos parte na concessão de crédito em si”, explica Cohen.

A negociação dura 45 dias desde o dia em que ela entra na plataforma até o efetivo recebimento de crédito - isso se o empreendimento está totalmente regularizado.

A remuneração da startup é de 2% sobre o crédito conseguido na plataforma, e é daí que vem o lucro da F(x).

Como ser um usuário?

O serviço conta com 40 empresas cadastradas – como a maioria dos negócios consegue a negociação e para de ir ao site, o número de usuários não cresce exponencialmente, como em outros tipos de negócio.

Cohen conta que a F(x) coloca como requisitos para entrar na plataforma um faturamento acima de 30 milhões de reais ou uma garantia de 4 milhões de reais para oferecer na hora da concessão do crédito.

“Não é que nos foquemos em médias e grandes empresas; é que não há um número suficiente de instituições com linhas de crédito para empresas menores para criar uma verdadeira competição. Porém, estamos trabalhando para reduzir esse valor mínimo de faturamento.”

As empresas cadastradas pagam uma mensalidade, que custa 750 reais em média.

Credores

Hoje, a F(x) possui 65 perfis de crédito na plataforma e 50 credores – uma mesma instituição pode fornecer mais de um perfil de crédito.
Dentre os credores, 20% são bancos; o resto é formado por instituições alternativas: fundos de créditos, factorings de crédito longo, fundos de private equity que investem em dívida conversível [convertendo contrato de empréstimo em participação acionária], hedge funds e fundos setorizados.

“Temos financiadores de empresas quebradas, de hospitais, de empresas em ascensão e de postos de gasolina, por exemplo. Há uma grande variedade de perfis”, diz Cohen.

Os credores não pagam nada para participar da plataforma: só precisam dar o perfil de empresa que eles procuram.

Planos

Como a F(x) não possui usuários que passam muito tempo com o serviço, a meta não é colocada em número de pessoas usando a plataforma, e sim fazer entrar 10 novas empresas todos os meses.

Já o número de perfis de crédito sempre cresce, porque a instituição financeira dificilmente para de conceder crédito: o objetivo, até o fim do ano, é chegar a cem perfis.

Um grande plano do site é conseguir instituições voltadas para negócios menores – a ideia é abrir financiamento para empresas que faturem entre 5 e 10 milhões de reais.

“Este mês já vamos começar a incluir empreendimentos com esse nível de receita. Ao mesmo tempo, é preciso incluir crédito de qualidade, que seja de longo prazo. Por isso, estamos defendendo que a instituição foque nas garantias, e não apenas no faturamento do negócio.”

A F(x) também quer criar um centro de dados no site onde as empresas já possam disponibilizar seus documentos essenciais para uma análise de crédito – assim, as instituições que negociam com o empreendimento já podem baixar os papéis direto na plataforma.

No momento, o negócio está conversando com possíveis investidores, em busca de um aporte. A ideia é acelerar as áreas de tecnologia e de marketing.

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