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Eles abriram um site com 30 reais – e já faturam R$ 2 milhões

Três amigos se tornaram sócios ao abrirem seu próprio site sobre moda. O negócio conquistou o coração das marcas e já virou até loja virtual

 (Luiza Ferraz/Steal the Look/Divulgação)

(Luiza Ferraz/Steal the Look/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 4 de agosto de 2017 às 06h00.

Última atualização em 4 de agosto de 2017 às 06h00.

São Paulo – Engana-se quem pensa que é preciso investir grandes quantias para abrir uma empresa. Com tantas ferramentas gratuitas e acordos fechados de forma virtual, ter sua própria empresa pode sair o preço de uma pizza.

Foi o caso dos empreendedores e amigos Arthur Chini, Catharina Dieterich e Manuela Bordasch: os três estudantes se uniram para abrir o próprio site com apenas 30 reais – o necessário para comprar o domínio.

O Steal The Look começou como um blog de moda, lá em 2012. Porém, uma estratégia acertada fez com que o projeto ganhasse o coração das marcas e crescesse. Cinco anos depois, o Steal The Look é site e marketplace – e pretende faturar 3,5 milhões de reais em 2017.

Começo de negócio

Segundo Bordasch, a ideia surgiu quando ela estava cursando Relações Internacionais e fazendo seu trabalho final de graduação. “Meu tema era moda e fiz vários cursos para entender sobre o assunto. Na época, havia um boom de blogueiras do setor no Brasil”, conta a empreendedora.

Como consumidora, ela percebeu um grande problema nesses blogs: nenhuma das autoras tinham o trabalho de linkar os produtos que usavam para os respectivos e-commerces, “Via isso como algo imediato, óbvio, de querer comprar o produto no momento e não saber onde procurar. Aí surgiu a ideia de criar um site próprio.”

Bordasch se uniu a dois colegas – Chini é formado em Relações Internacionais e Dieterich em Moda – e, com 30 reais de investimento, eles comprar o domínio do Steal The Look em abril de 2012. Os três se uniram para fazer o primeiro layout do site sozinhos.

“Fizemos, testamos e tiramos lições com cada nova versão. Nenhum de nós poderia aportar um valor alto, então trouxemos e nosso know-how e nossa vontade de aprender”, conta a empreendedora.

Do blog ao marketplace

A ideia do Steal The Look, segundo Bordasch, era se distanciar dos blogs de moda que focavam muito na vida das próprias blogueiras. “Queríamos ir além do estilo de vida dos autores e trazer de forma séria conteúdos e tendências pelo mundo. É um híbrido de blog com revista de moda.”

Em cada um dos conteúdos, os empreendedores linkavam os produtos aos respectivos e-commerces. “Hoje, parece algo comum. Mas, na época, não havia essa questão de unir lado pessoal com o lado de conteúdo e serviço. Acho que acabou caindo no gosto das leitoras”, explica Bordasch.

Alguns figurinos divulgados pela Steal The Look

Alguns figurinos divulgados pela Steal The Look (Steal The Look/Divulgação)

O Steal The Look começou trabalhando com um modelo de monetização com base em comissão sobre as vendas que viessem de cliques no site. Porém, o site encontrou problemas para medir tal informação. Por exemplo: havia pessoas que viam o site pelo celular e depois finalizavam a compra no e-commerce por meio do desktop – e isso não era contabilizado como uma venda pelo Steal The Look.

Por conta dessa falta de controle adequado de vendas pelo site, o Steal The Look mudou para um modelo de monetização por parcerias: as marcas podem combinar um volume fixo de anúncios e desenhar ações de acordo com seus objetivos. Ao todo, 33 e-commerces fecharam parceria com o empreendimento, cobrindo mais de 100 marcas, com valores mensais médios em cinco mil reais.

Um exemplo é a cobertura das semanas de moda internacionais – que o Steal The Look pode fazer para si mesmo e para as empresas parceiras, ressaltando como aproveitar as tendências.

“O principal ponto do Steal The Look é gerar tráfego qualificado para as marcas através de conteúdo, porque o cliente que chegará por nós já saberá como usar o produto ou o serviço dos nossos parceiros”, afirma Bordasch.

Ao todo, o site possui oito matérias diárias com links para os produtos indicados (que são tanto das empresas parceiras quanto das concorrentes). O site recebe cerca de 2,5 milhões de visitas mensais.

“A gente se esforça para não fazer um ‘publipost’ de apenas uma marca: afinal, as pessoas não usam apenas uma marca, isso não é algo real para elas. A pessoa confia muito mais em nós quando divulgamos várias marcas e não só a do cliente. A empresa parceira tem de apostar na nossa estratégia e saber que, do lado do produto dela, pode estar o produto do concorrente.”

Hoje, o Steal The Look é uma equipe de 14 pessoas. Apenas no ano passado, o site faturou dois milhões de reais.

Em maio deste ano, o empreendimentou lançou seu próprio marketplace: uma loja virtual que reúne, hoje, 55 marcas. “Vislumbramos que os produtos deveriam ser vendidos por nós, e não apenas trabalharmos por indicação”, explica Bordasch.

Caixas de entrega do marketplace da Steal The Look

Caixas de entrega do marketplace da Steal The Look (Luiza Ferraz/Steal The Look/Divulgação)

O Steal The Look é remunerado com uma comissão de 30% sobre as vendas no caso do markeplace, diferente das parcerias presentes no site de conteúdo. “Muitas das marcas que trabalham conosco são pequenas e não possuem um e-commerce, o que acaba sendo uma grande vantagem para elas.”

Agora, o plano é focar no marketplace: a expectativa é ter mais de 100 marcas na plataforma até o fim de 2017. Em termos de faturamento, o Steal The Look espera chegar a 3,5 milhões de reais.

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