Álvaro Schocair, fundador da Link School of Business: faculdade quer ensinar empreendedorismo real com aulas pouco tradicionais (Link School of Business/Divulgação)
A carreira empreendedora de Álvaro Schocair começou logo cedo. Durante a graduação, trabalhou como estagiário administrativo na Suzano, fabricante de papel e celulose. Depois disso, decidiu fundar a própria empresa — e fez isso 5 vezes.
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Ainda como estagiário, Schocair criou a sua primeira startup, voltada a orientação profissional de jovens, mas o negócio não deu tão certo. Depois disso, criou a ChemHunter, marketplace de produtos químicos. Essa segunda tentativa empreendedora vingou, e a ChemHunter foi vendida para uma grande indústria.
Depois de formado em administração pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Schocair dedicou alguns anos de sua carreira no exterior, para entender como o mundo dos negócios funcionava lá fora, especialmente o mercado financeiro.
De volta ao Brasil, usou parte dessa bagagem cultural para criar a Tarpon Investment Group, gestora na qual trabalhou como gerente de portfólio e que encerrou seu ciclo de crescimento com um IPO que a avaliou em 900 milhões de reais, em 2007. Quatro anos depois do IPO, Schocair ainda fazia parte do conselho da empresa, mas abriu mão da posição para fundar a Quebec Impact Asset, gestora de ativos com foco no impacto socioambiental.
Além disso, ele é também detentor de boa parte das ações e membro do conselho da Odontoclinic, rede de serviços odontológicos a preços populares, e é conselheiro na empresa GD Solar.
Toda essa trajetória fez o empresário entender a fundo os percalços encarados por empreendedores de diferentes setores. Pensando nisso, Schocair decidiu fundar uma escola de “empreendedores da vida real”, um projeto que em 2018 ganhou nome e forma: a Link School of Business.
Hoje a escola segue um tripé baseado no desenvolvimento pessoal e profissional de empresários novatos no mercado. “Nosso objetivo é formar os futuros líderes de empresas. Sejam eles donos de suas próprias companhias ou não”, diz Schocair.
A necessidade de uma grade curricular que explorasse muito mais do que apenas a teoria e pudesse trazer uma vivência do que realmente é o mundo dos negócios foi o que motivou a criação da Link, segundo Schocair. Por lá, os alunos têm acesso a disciplinas complementares e que, segundo o empresário, são o braço direito para qualquer empreendedor.
Na grade estão horas de aulas de oratória, liderança e soft skills, as chamadas habilidades do futuro. Além disso, o espaço físico, na região central de São Paulo, também funciona como uma espécie de coworking, onde os alunos podem fazer conexões reais com empreendedores, consumidores e potenciais investidores.
Já são 300 alunos matriculados na Link School. Destes, 28% já têm suas próprias empresas e estão em busca de crescimento ou financiamento externo.
Da ideia à execução, a Link contou com a participação de grandes nomes do PIB brasileiro. Entre eles, Marisa Moreira Sales, esposa do ex-presidente do Itaú Unibanco, Pedro Moreira Salles; Ciro Pirondi, fundador da Escola da Cidade; Ricardo Rolim, ex-executivo da Ambev; Daniel Cleffi, diretor de educação do Google; Ricardo Basaglia, diretor-presidente da Michael Page e Bernardinho, empresário e ex-treinador da seleção brasileira de vôlei.
“Meu pai trabalhou por 27 anos em uma única empresa. Um jovem de hoje raramente seguirá uma carreira como essa. O que percebemos é que o desejo de empreender é crescente mas, diferente do que vi no exterior, faltavam redes para a profissionalização dessa escolha no Brasil, principalmente entre as escolas de negócios”, diz.
A maior parte dos alunos, segundo Álvaro, é composta por pessoas que querem empreender, mas ainda não têm ideia de como desenvolver o produto ou tirar as ideias do papel.
A mensalidade é de 9.700 reais, o dobro da média cobrada por universidades de alto padrão como Fundação Getulio Vargas e Insper. A relação entre o número de vagas - que deve chegar a 400 até o final do ano - e o tamanho das turmas torna a Link School of Business a faculdade de administração privada com a maior competitividade do país.
Para o futuro, a Link vai ampliar o número de turmas, além de olhar para um estímulo financeiro que vai além da formação empreendedora, fomentando as empresas reais criadas por seus alunos. “Depois da educação, vamos ser um grande fundo de venture capital. Já estamos nos estruturando para isso”, diz.