Carla Sarni, da Sorridents: após mais de 22 anos de dedicação à empresa, ela comemora os resultados (Divulgação/Jornal de Negócios do Sebrae/SP)
Mariana Fonseca
Publicado em 11 de agosto de 2018 às 08h00.
Última atualização em 11 de agosto de 2018 às 08h00.
Para conseguir concluir a graduação em odontologia em Alfenas (MG), Carla Sarni precisou vender água e outros produtos na porta da faculdade. Depois de se formar, ela conseguiu uma vaga como dentista terceirizada em um consultório na zona leste de São Paulo. Para consolidar o seu nome na região e atrair pacientes, trabalhava sempre até tarde da noite e durante os finais de semana, dias em que levava atendimento até as regiões mais carentes da cidade.
Após mais de 22 anos de dedicação à empresa, ela comemora os resultados. Hoje, Carla preside uma das maiores holdings de saúde do Brasil, o Grupo Sorridents, da qual fazem parte a Sorridents Franchising, rede de clínicas odontológicas, o Sorriden (plano odontológico focado na prevenção), o Instituto Sorridents (braço social do Grupo Sorridents), a GioLaser (rede de franquias de beleza e estética). O grupo tem 240 unidades no país, com cerca de 4,5 milhões de clientes – a meta é chegar a 700 unidades no próximo ano.
Na entrevista a seguir, Carla conta sobre os desafios de um profissional liberal que decide empreender:
Como surgiu a ideia de criar a Sorridents?
A empresa surgiu com a compra do consultório em que eu trabalhava. Comecei em um consultório em cima de uma padaria na Vila Císper, zona leste de São Paulo. Em cinco anos, eu aluguei todas as cinco salas que havia em cima da padaria e fui convidando dentistas de outras especialidades para trabalhar comigo, até que conheci o meu marido, que tinha uma carreira militar de oito anos como analista de sistema.
Ele começou a trabalhar comigo nas questões administrativas e nós financiamos R$ 500 mil no banco para pagar em 12 anos. Com esse empréstimo, construímos a primeira sede da Sorridents na Vila Císper.
Era uma clínica da classe C com os conceitos, estrutura e conforto de clínica da classe A. Em apenas três meses de funcionamento, triplicamos o faturamento. Depois do sucesso dessa primeira clínica, continuamos a construir outras a ponto de chegarmos a 23 unidades em 2005. Mas foi em 2007 que viramos franquia e chegamos ao tamanho que somos hoje.
Quais foram os principais desafios no começo da operação, principalmente por se tratar da área da saúde?
Os desafios foram muitos. O primeiro foi conseguir me formar, por uma questão de distância e também por questões financeiras. Depois que me formei, outro desafio foi conseguir um emprego que tivesse os valores que eu acreditava dentro de uma odontologia moderna, séria e de qualidade, independentemente da classe social.
Mas o grande desafio foi como ter o meu próprio consultório odontológico tendo uma limitação de crédito. Eu tinha vontade de expandir, mas tinha essa limitação de encontrar recursos para poder concretizar a expansão que eu desejava. Então, durante os primeiros cinco anos, tudo que eu cresci e expandi foi com recurso próprio, com o giro do meu próprio caixa.
Mas, para isso, eu tive que abrir mão de várias coisas pessoais. Tudo que eu ganhei durante os sete primeiros anos, depois que me formei, eu investi no meu negócio. A minha vida era bem simples.
Como funciona uma franquia da Sorridents? É necessário ser dentista?
Para ter uma Sorridents, o franqueado não precisa ser dentista. Hoje, 70% da rede é formada por dentistas, mas 30% é composta por empresários, engenheiros, administradores de empresas, economistas, entre outros.
Atualmente, temos dois modelos de negócios para quem deseja montar uma franquia: a Sorridents Master, que é para cidades acima de 100 mil habitantes, e a Sorridents Light, para cidades com menos de 100 mil habitantes, com investimento menor.
Quais as suas principais dicas para quem quer abrir um negócio próprio?
A minha primeira dica é ter determinação. O fato de estar determinado a fazer algo que você realmente acredita faz toda diferença. Outra dica é que as pessoas devem acreditar em seus sonhos e colocar prazo para realizá-los, para que eles não fiquem soltos. Nesse ponto, entra a atitude, porque não adianta nada ter uma ideia, ter vontade e não ter atitude. Essa é a grande diferença para fazer o que ama, pois os apaixonados pelo que fazem chegam a lugares que
outros não chegam.
Como um profissional liberal pode se tornar um bom administrador de empresa?
Acredito no desenvolvimento das pessoas. Eu, por exemplo, durante os primeiros anos de profissão, fiz muitos cursos técnicos relacionados à minha área. Mas, em um determinado momento, percebi que a odontologia, a minha clínica, os meus negócios eram muito maiores do que só a questão técnica. Foi quando comecei a fazer cursos e a me desenvolver nas questões administrativas, afinal, foram coisas que eu não aprendi na faculdade.
Fiz o Empretec, do Sebrae-SP, e esse foi um dos cursos que revolucionou a minha vida. Com ele, tive uma visão muito maior e consegui enxergar que existia algo muito maior a ser tratado, a ser cuidado, a ser feito, que era a questão administrativa.
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