Durante o período de isolamento social, a empresa não irá cobrar nada dos lojistas (Karin Salomão/Exame)
Karin Salomão
Publicado em 16 de abril de 2020 às 06h00.
Última atualização em 16 de abril de 2020 às 06h00.
O Grupo Flora, com centenas de floriculturas cadastradas em sua plataforma para a venda de flores pela internet por todo o país, busca atingir um novo público. A companhia, que controla as empresas Flores Online, Isabela Flores e Uniflores, lançou o Gingo, uma plataforma que permite que pequenos empreendedores e lojistas afetados pela crise do coronavírus continuem vendendo por delivery.
A plataforma busca ajudar supermercados, restaurantes, farmácias, açougues e lojas de produtos artesanais a entrar no comércio eletrônico. O pequeno negócio é responsável por cadastrar seus produtos na plataforma e a entrega é feita por parceiros e entregadores locais. Já está em nove cidades, com 75 negócios cadastrados.
Durante o período de isolamento social, a empresa não irá cobrar nada dos lojistas. "A princípio cobraríamos uma pequena comissão. Mas nesse momento é um absurdo querer cobrar", diz Luiz Torres, presidente da Flores Online e fundador da Isabela Flores.
"Muitas redes e pequenos negócios perderam, de uma hora para outra, 98% das vendas. Houve uma migração para as vendas online. Claro, a mudança de canal não foi 100%, mas é o que está segurando esses negócios no momento", afirma o presidente.
Um estudo da Boa Vista, empresa que gerencia o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) e serviços como análise de CPF, descobriu que, para 42% das empresas brasileiras, as vendas online representam até 10% do faturamento.
Na sequência, 22% tira entre 10% e 30% do faturamento da internet. Na outra ponta, só 20%, ou duas em cada dez empresas, conseguem obter online mais da metade da receita.
Os primeiros negócios a se inscreverem na plataforma eram de São João da Boa Vista, cidade de São Paulo perto da fronteira com Minas Gerais, sede do escritório do grupo. Segundo Torres, as gigantes iFood e Rappi estão concentradas nas capitais. "Nós conseguimos ter uma capilaridade maior no interior do Brasil", diz.
Embora o projeto do Gingo tenha sido lançado para tentar minimizar o impacto da pandemia do coronavírus, a criação de uma nova plataforma já era uma ideia antiga do grupo. Há um ano, o Grupo Flora já vinha desenvolvendo uma plataforma de vendas para expandir sua atuação.
A empresa percebeu que, no médio prazo, poderia chegar ao limite do mercado de vendas de flores pela internet. Por isso, começou a pensar em negócios alternativos para manter o ritmo de crescimento.
O projeto inicial era um serviço de chat entre empresas e clientes para organizar pedidos de compras e ser uma alternativa ao whatsapp, aplicativo muito usado por pequenos negócios.
O projeto evoluiu para um site de marketplace, mas que ainda estava muito início de desenvolvimento. Em 15 dias, após o início da pandemia no país, a Flores Online acelerou a iniciativa e lançou a versão para computador no início de abril e está criando a versão para smartphone.
A vontade de deixar o lar mais aconchegante e de estar mais próximo de amigos e familiares ao enviar presentes impulsionou as vendas do Grupo
No ano passado, a plataforma de vendas de flores cresceu 30%. Desde o início da pandemia, a empresa se surpreendeu positivamente: o número de pedidos aumentou 90%.
"As pessoas estão em casa, mas continuam comprando flores", diz. Foram 2.870 encomendas entre os dias 30 de março e 5 de abril, contra 1.829 no mesmo período do ano passado. O tíquete médio aumentou 14,86%.
Com esses números, a empresa tem uma previsão otimista para o dia das mães, uma data importante para seu segmento: crescimento de 90% das vendas em comparação ao ano passado.
O Grupo Flora não é o único a criar plataformas digitais para que os pequenos lojistas não sofram tanto com a crise.
Para ajudar empreendedores e vendedores a entrarem no mundo online, algumas empresas e fintechs oferecem soluções, como a varejista Magazine Luiza, a fintech Ebanx, a startup Loja Integrada e a startup Olist.
O aplicativo James, do Grupo Pão de Açúcar, também desenvolveu um projeto para outra região pouco atendida pelas plataformas tradicionais: as favelas. O serviço de delivery vai apoiar pequenos empreendedores da comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, realizando a venda e a entrega de produtos por meio do app. O valor da venda será revertido integralmente ao empreendedor.