Governança: 4 passos para criar conselhos eficazes (Foto/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2021 às 10h00.
Última atualização em 19 de outubro de 2021 às 16h34.
Por Fundação Dom Cabral
Com certeza você já ouviu falar de governança, seja por ter esta estrutura na sua organização, seja por ter interesse em implementar. Independente do seu ponto de partida é certo que a temática ganha, cada vez mais, relevância entre aqueles que discutem e vivem o dia a dia da gestão. Antes de falar sobre “como” dar os primeiros passos na governança da sua empresa, é importante discutir o “por que”.
Aprenda a empreender do zero com a Shark Tank Carol Paiffer
A governança vai muito além das estruturas clássicas do conselho. Envolve, sim, os processos, políticas e regulamentos que instruem a maneira como uma empresa é dirigida. Mas aqui queremos falar de uma governança mais abrangente. Que abraça modelos organizacionais de diferentes portes e níveis de maturidade. Vamos falar de uma Governança Ativa.
Mais que monitorar a organização é papel das estruturas de governança liderar o seu futuro. E este papel, de cunho fortemente estratégico, ganha relevância em um mundo com crescente complexidade dos mercados e das operações, com rápidas mudanças e com crescente número de dados para a tomada de decisão.
Estamos falando de mudanças que refletem um desafio cada vez mais amplo. O aumento da complexidade no modo como os mercados operam, tornam ainda mais importante a capacidade das empresas em criar (ou destruir) valor e oportunidades.
Em um mundo com novos e ágeis modelos de negócios, dominado pelas bigtechs, que estão redefinindo as fronteiras territoriais e o papel da regulação, saber olhar para o futuro é um grande diferencial. E é neste lugar de fala que a governança se torna tão importante para a longevidade das empresas. O caminho para tal está ligado à constituição de conselhos eficazes.
A eficácia de um conselho pode passar por muitas métricas. Mas a reflexão importante envolve a sua capacidade de definir o propósito e os direcionadores estratégicos. Conselhos eficazes dedicam 50% ou mais do tempo à estratégia organizacional.
Nessa linha, os conselhos, sejam eles de administração ou consultivos, precisam garantir que o propósito organizacional seja claro e compreendido por todos. Quando falamos de propósito estamos considerando a sua capacidade de criar valor para a empresa; os riscos inerentes ao negócio e aos mercados; as formas de monitorar e mensurar o alcance dos objetivos (e o seu sucesso); uma visão clara dos mercados, da concorrência e a sua posição competitiva (atual e almejada para o futuro).
Ainda sobre a eficácia, em uma governança ativa, é importante considerar:
Ou seja, trazer para junto da empresa profissionais que agregarão diversidade de visão, experiencial e intelectual. Estes profissionais precisam ter a capacidade de pensar estrategicamente e de fazer as perguntas certas, defendendo sua opinião e engajando debates construtivos. Importante notar que não falamos mais de uma estrutura de governança liderada por um conjunto de hard skills específicos como finanças ou marketing.
Estamos falando de um profissional diferenciado com visão de business. E isso faz toda a diferença. Ao invés de verticalizar os debates em setores ou nichos do negócio, este profissional será capaz de olhar para cenários competitivos e players de forma ampla e entenderá os grandes movimentos do mercado e o impacto disso para a estratégia e a tática da empresa como um todo.
Quais são os comportamentos, processos e políticas que apoiam ou prejudicam a criação de valor da empresa? Essa reflexão, e todo o seu papel avaliativo, é uma das importantes funções de um conselho eficaz. Identificar com precisão e método os elementos que impedem a criação de valor efetiva é de suma importância. Para isso, muitas das vezes, é importante que o conselho saiba identificar o momento de liderar uma ação; o momento de atuar em parceria com o corpo executivo e; o momento de deixar este mesmo corpo executivo atuar com independência e autonomia.
É papel do conselho e de seus membros liderar os líderes da empresa. É comum escutar dentre os estudiosos da governança que os conselheiros têm a função de colocar os olhos e o nariz nos negócios, mas nunca as mãos. E este é, muitas das vezes, um grande desafio para os conselheiros, justamente por serem de trajetórias executivas. Mais do que definir a estratégia e o propósito, o conselho precisa inspirar e guiar os passos do corpo executivo de forma clara e diretiva.
Apesar dos calorosos debates sobre criação de valor, ainda são poucas as estratégias organizacionais com este foco. Criar valor passa pelas percepções e razões genuínas para que o cliente opte pelo consumo de um produto ou serviço; pela capacidade de transformar riscos em oportunidade e pela criação de uma cultura de decisão embasado em dados. Conselhos eficazes desenham de forma ativa (estratégia e tática) os caminhos para que a criação de valor aconteça sempre mantendo a centralidade no cliente.
Com essas definições é possível discutir diversos protocolos de conselhos, seus processos e rotinas das reuniões. Tudo isso é muito importante, porém, mais importante é saber “onde” e “como” queremos chegar. O certo é: se vocês não estão reinventando o seu próprio mercado, seguramente tem alguém o fazendo e a sua empresa pode não sobreviver. E é nesse lugar que a governança ativa entra: garantindo estratégia focadas na inovação e na perenidade.