Inovação: desde o começo da pandemia, 71% das mulheres usaram redes sociais, aplicativos e a internet para vender seus produtos e serviços (Getty Images/Getty Images for National Geographic Magazine)
Carolina Ingizza
Publicado em 19 de novembro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 19 de novembro de 2020 às 09h32.
O mundo comemora nesta quinta-feira, 19, o Dia Global do Empreendedorismo Feminino. A data, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014, celebra a mulher empreendedora e o seu impacto na economia. Em um ano como 2020, em que a crise afetou particularmente seus negócios, as empreendedoras precisam mais do que nunca serem celebradas.
Com o isolamento social, as mulheres receberam uma carga de trabalho extra. Dentro de casa, muitas precisaram equilibrar a educação dos filhos, a alimentação da família, a limpeza doméstica e o seu próprio trabalho remunerado ou negócio. Pesquisa feita pela Rede Mulher Empreendedora (RME) mostra que 20% das entrevistadas disseram que a dificuldade de gerir o tempo gasto com o trabalho e com a família se agravou na pandemia, contra 11% dos homens.
E quem pensa que o modo como a sociedade divide o trabalho doméstico entre os gêneros impacta apenas o universo familiar está enganado. O Fundo Monetário Internacional estima que o produto interno bruto global cresceria pelo menos 4% se o trabalho não remunerado fosse mais bem distribuído.
No mundo dos negócios, as mulheres também sofreram mais. Pesquisa do Sebrae indica que as empresas comandadas por mulheres ficaram com as portas fechadas por mais tempo, estão com o faturamento ligeiramente pior e conseguiram menos crédito no mercado.
Ainda assim, as empreendedoras inovaram mais que seus pares. Segundo o Sebrae, 71% das mulheres usam redes sociais, aplicativos e a internet para vender seus produtos e serviços. Em contrapartida, só 63% dos homens usam essas ferramentas. "Empreendedoras são criativas, inovadoras e não têm medo das crises”, diz Ana Fontes, presidente da RME.
Há cerca de 24 milhões de mulheres empreendendo no Brasil, contra 28 milhões de homens, segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor. No país, 44% delas empreende por necessidade ou escassez de emprego, contra 32% dos homens. Isso diz muito sobre o tipo de negócio que elas constroem. Em áreas como tecnologia e inovação, é mais difícil encontrar empreendedoras. Mapeamento da Associação Brasileira de Startups mostra que 84% dos donos de startups são homens.
Algumas iniciativas tentam reverter o quadro e dar suporte para as mulheres que empreendem. Uma delas é o fundo de investimento WE Venture, da Microsoft, que só aporta capital em negócios com pelo menos uma fundadora mulher, com 20% de participação societária e cargo de diretoria. O movimento tem atraído outras empresas. No começo de novembro, a Multilaser anunciou investimento de 10 milhões de reais no fundo.
Para discutir essa e outras questões referentes ao empreendedorismo feminino no Brasil, o Sebrae realiza uma série de debates ao longo do dia com um grupo de empreendedoras brasileiras, como Luiza Trajano, do Magazine Luiza; Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil; e Mônica Souza, diretora da Maurício de Sousa Produções. Veja como acompanhar aqui.