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"O estresse quase me matou", relata empreendedor

Empreendedor conta como a preocupação com o trabalho o levou à beira a morte -- e o que ele fez quando saiu dessa situação.

estresse, homem estressado, cansado, stress (Thinkstock/Thinkstock)

estresse, homem estressado, cansado, stress (Thinkstock/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2015 às 11h07.

Teve um momento na minha vida em que o estresse quase me matou. Literalmente. Isso aconteceu durante um período da minha vida que parecia de muito “sucesso”. Mas foi também uma época muito estressante no trabalho, e a forma com que eu lidava com isso impactava severamente minha saúde – resultando em uma emergência em que perdi 40% do sangue no meu corpo em meia hora e fiquei a poucos minutos da morte.

Eis como cheguei a esse ponto: eu tinha 29 anos e estava crescendo como líder em uma empresa Fortune 500. Estava à frente de alguns times – um deles, com que eu me importava muito, estava se desfazendo por mudanças na gestão de recursos. Precisávamos de seis semanas mais para concluir um projeto que a “alta cúpula” nos mandava abandonar imediatamente.

Como eu carregava um senso de responsabilidade muito forte pelo meu time, o conflito me fez internalizar uma quantidade enorme de estresse. Naquele período, eu acreditava que poderia resolver qualquer problema só com o poder da mente – bastava incrementar meu foco e intensidade. Nenhum problema era insuperável se você pudesse só pensar e trabalhar com mais afinco. Mas o que eu não percebia era que incrementar minha intensidade estava se acumulando negativamente e afetando seriamente meu bem-estar.

E isso quase me matou. A enfermeira disse que eu perdi tanto sangue que estava a dois minutos de sofrer danos irreversíveis nos órgãos e no cérebro. Assim que cheguei na emergência do hospital, precisei de quatro transfusões de sangue simultâneas só para evitar uma morte imediata. Depois, um total de mais ou menos 8 transfusões, ao longo da noite, para me manter vivo.

Acordei no dia seguinte com algumas sensações diferentes. Uma foi não entender por que eu tinha ficado tão estressado com as coisas que me estressavam. No que poderiam ser meus momentos finais, definitivamente elas não passaram pela minha mente. Quer dizer: eu me importava com meus projetos, mas não mais que com minha própria vida.

A outra foi a realização de que eu estava vivo apenas por causa da generosidade de 8 estranhos que doaram o sangue que agora estava correndo nas minhas veias. E dado que o corpo humano é líquido em sua maioria, naquela hora eu era mais outras pessoas que “eu mesmo”.

Isso deu início a um processo que continua até hoje. É uma nova consciência, que contempla o quanto precisamos uns dos outros e o poder silencioso da generosidade e da compaixão. Ela mostra que inteligência, resolução de problemas e produtividade não são as únicas habilidades que contam.

Muito poderia ser dito sobre isso, mas acho que o mais importante é que eu comecei a reformular minha relação com o estresse. E tinha uma estrutura na minha abordagem: o estresse limita o cérebro e o torna incapaz de trabalhar tão bem quanto poderia. Se você liga para algo, você precisa aprender a se estressar menos com ele. Foi uma epifania muito importante: “Eu me importo com essa coisa, então preciso aprender a estar relaxado com ela para que eu seja mais eficiente”.

Além de se estressar com sua carga de trabalho normal, se você passa a habitar riscos relacionados e se prende a pensamentos sobre o que pode dar errado, você cria padrões de medo que começam a parecer normais. Você se acostuma tanto a ter medo que passa a aceitá-lo como um sinal de que você está trabalhando duro: “ah, preciso fazer uma apresentação importante, então preciso ficar nervoso”. Esse tipo de coisa.

Pessoas ambiciosas tendem a pensar na vida como uma série de projetos de alto risco. Esse é um processo de pensamento bastante perigoso. Precisamos reescrever essa dinâmica. Precisamos olhar para todas aquelas situações que nos estressam como oportunidades de expressão de amor e criatividade. Isso pode soar brega, mas é muito específico e científico.

A mente criativa é oposta da mente temerosa em muitos sentidos. A mente criativa é expansiva e paralela; a temerosa é redutiva e linear. Por isso, ser consciente o suficiente para transformar um pouco do tempo que você gasta sendo ansioso em uma forma mais expansiva, relaxada e criativa tende a produzir resultados melhores.

E se você pode mudar sua mente dessa maneira, isso serve para sua vida toda.

Tom Chi é empreendedor, professor e parte do time fundador do Google X.

Artigo originalmente publicado no blog do Unreasonable Institute.

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