Cubo: centro de empreendedorismo tecnológico nasceu da parceria entre um banco e um fundo de investimento (Cubo Coworking Itaú/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 23 de agosto de 2017 às 15h30.
Última atualização em 23 de agosto de 2017 às 16h12.
São Paulo – O Cubo Coworking Itaú – centro de empreendedorismo tecnológico criado pelo Itaú Unibanco e pelo fundo de investimentos Redpoint eventures – irá ganhar um novo espaço no bairro paulistano da Vila Olímpia. O objetivo? Tornar-se o maior centro de empreendedorismo da América Latina.
O anúncio foi feito em coletiva realizada nesta manhã (23), na atual sede do Cubo. A grande motivação para a mudança foi a percepção de que o ecossistema ficou maior do que a capacidade física do centro.
“Vimos que havia uma demanda reprimida e poderíamos crescer e abrigar esse ecossistema. Assim, consolidaremos São Paulo como um dos 'hubs' globais de empreendedorismo e inovação”, afirma Ricardo Guerra, CIO do Itaú Unibanco.
“Com a mudança, vamos dar escala ao nosso trabalho e expandir nosso impacto. Queremos que as empresas que cheguem a 40, 50 ou 60 funcionários continuem conosco, pois é nesse momento que o empreendedor consegue contribuir mais ao ecossistema que fomentamos”, completa Flavio Pripas, diretor do Cubo Coworking Itaú.
De acordo com Guerra, o Cubo Coworking Itaú nasceu em novembro de 2014, a partir de um problema do banco: ter um fluxo ágil e constante de inovação tecnológica, o que antes só era obtido com viagens esporádicas ao Vale do Silício (Estados Unidos).
O Itaú procurou então o fundo de investimento de risco Redpoint eventures, que já aportou em empresas como Creditas, Pipefy e Resultados Digitais e tem Romero Rodrigues como sócio.
Em fevereiro de 2015, foi consolidada a proposta de fomentar uma “plataforma aberta” de aproximação de gigantes com o ecossistema de startups. Ou seja, oferecer um ponto de encontro físico sem barreiras para o contato entre empreendedores, grandes empresas, investidores e universidades. O café, no térreo do edifício, é de acesso livre a qualquer visitante; uma vez por mês, o Cubo realiza uma visita guiada pelos seus andares.
O espaço começou a operar em junho do mesmo ano. Após 18 meses de validação do modelo, diz Guerra, os sócios do espaço concluíram que o projeto de fato tinha potencial e poderia ser escalado. Isso levou ao projeto de mudança de espaço, anunciado apenas hoje.
Atualmente, o Cubo possui parcerias com 12 grandes empresas: Accenture, AES Brasil, Cisco, Focus, Foresee, Gerdau, Iugu, MasterCard, Microsoft, Rede, Saint-Gobain e TIM.
Por um aluguel médio mensal de mil reais por cadeira, 52 startups (ou 250 residentes) atualmente estabelecem suas sedes no coworking do Itaú e da Redpoint eventures, sendo que historicamente cinco projetos já saíram do Cubo por terem se tornado grandes demais.
Mais de 104 milhões de reais foram investidos nos negócios inovadores que passaram pelo local, enquanto 650 empregos foram gerados com a iniciativa. Cerca de 600 visitantes por dia passam pelo local.
A mudança para o novo edifício está programada para o primeiro semestre de 2018. O novo endereço, na Alameda Vicente Pizon, terá quase o quádruplo do tamanho: de 5,3 mil metros quadrados, irá para 20,6 mil metros quadrados.
O número de startups e residentes crescerá em proporções similares: serão agora 210 projetos e 1250 empreendedores abrigados. O número de visitantes crescerá para 2000 por dia.
Em termos arquitetônicos, os cinco andares atuais do Cubo darão lugar a 12, sem contar a cobertura. O térreo abrigará um café maior, para possibilitar mais encontros livres. Os 12 andares, divididos em seis pisos e seis mezaninos, abrigarão as startups residentes em salas fechadas ou ambientes abertos.
Por fim, a cobertura será usada para encontros de networking e eventos – a expectativa é aumentar de quatro a cinco vezes a capacidade física para atividades do tipo.
Além de abrigar as novas startups, o Cubo poderá apoiar empresas que participam da comunidade de forma digital, ainda que sejam residentes físicas. Isso será feito por meio de acesso aos serviços de recrutamento, contato com executivos e oferecimento de cursos abertos, como já foi anunciado.
Outros projetos novos são as parcerias com centros de empreendedorismo pelo mundo, para fomentar um intercâmbio global de agentes do ecossistema, e as parcerias com universidades, para que projetos de recém-formados possam passar uma temporada no Cubo.
Ao todo, 850 projetos já se submeteram à avaliação de entrada no Cubo.
O espaço de coworking tem uma missão muito clara: ajudar startups em sua estratégia de entrada no mercado (“go to market”) e de relação com grandes empresas. Por isso, sua inciativa deve querer se unir a gigantes e tangibilizar a transformação digital dessas empresas, por meio de parcerias e venda de produtos e serviços.
Além desse foco em grandes empresas, o que o Cubo considera ao selecionar uma startup para participar de seu espaço?
“A startup tem que ser uma empresa real, que resolve um problema do mundo real e ter potencial de escala. Deve ter um produto formatado, um modelo de negócio a ser testado e clientes na carteira”, lista Pripas.
O grande diferencial, porém, é a qualidade dos empreendedores. “No nosso processo seletivo, vemos startups de vários níveis e segmentos. Mas o que realmente consideramos é a qualidade do empreendedor e seu comprometimento em fomentar o ecossistema que temos aqui no Cubo”, completa Anderson Thees, co-fundador do Redpoint eventures.
O setor da startup não é, portanto, critério decisivo de seleção no espaço de coworking. O Cubo abriga diversos segmentos, de fintechs a recursos humanos.
Mesmo assim, é importante ressaltar que ele terá uma organização por verticais em seu novo prédio: os projetos inovadores serão agrupados por tipo de indústria, e uma grande empresa de cada ramo fará a curadoria de novos integrantes. O Cubo anunciará quais serão essas verticais em setembro.