São Paulo - A crise econômica atual pode ser a oportunidade que você esperava para selecionar os melhores para sua empresa. Quem dá a dica é Julia Hartz, cofundadora do aplicativo Eventbrite, que permite descobrir e gerenciar eventos. Hoje, o app está presente em vinte países, incluindo o Brasil. A empreendedora deu uma palestra no CEO Summit São Paulo para falar sobre esse e outros temas.
O conselho de Julia não vem do nada: foi exatamente o que aconteceu com a Eventbrite, que enfrentou a recessão americana em 2008. Criada dois anos antes da crise, a startup começou com uma estrutura enxuta. "Isso injetou um DNA na companhia de fazer muito com o mínimo. Em 2008, quando já sabíamos para onde queríamos ir, foi um bom momento para começar a contratar", conta Julia.
Para isso, era preciso capital. "Foi um momento muito desafiador, porque ainda precisávamos validar nossa ideia, defender que não focávamos em grandes eventos ou em eventos de um certo tipo. Apresentar isso no meio da crise foi um desastre".
2008 não foi um ano de investidores para a Eventbrite. No ano seguinte, 2009, o aplicativo traçou um planejamento transparente, visando estratégias para continuar operando. "No fim, nós não apenas sobrevivemos, mas prosperamos e batemos nossa meta. Fomos de novo aos investidores, mas dessa vez foi diferente, porque fizemos aquilo que tínhamos proposto, ainda mais em um ano de crise. Havia validação. Levantamos 6,5 milhões de dólares, com nossa primeira opção de parceiro".
Hora de contratar (e manter) talentos
Ainda nesse planejamento, estava a expectativa de crescimento: ir de 30 para 100 funcionários, de time para companhia. Segundo Julia, a crise econômica ajudou a Eventbrite nesse objetivo, porque muitas companhias estavam demitindo.
"Eu não acho que ninguém deseja uma crise, mas ser um empreendedor requer ver tudo como oportunidade. Nós vimos a chance de contratar muitos talentos, e nós sentimos que esse é um bom momento para investir nisso no Brasil", conta a empreendedora. "Nós sabemos que uma hora o pêndulo irá voltar, e se investirmos agora estaremos preparados para quando ele vier. Recrutamos alguns dos nossos melhores talentos nessa época, e talvez não houvesse como contratá-los depois".
Hoje, a maioria da equipe da Eventbrite é parte da geração Y. Mas como manter esses jovens interessados na empresa? "Eu foquei, primeiramente, em criar uma cultura empresarial, baseada em sempre haver comunicação entre os diretores e a companhia com um todo, e vice-versa. Isso é crucial quando há pessoas dessa geração na sua companhia", diz Julia.
Por conta dessa comunicação, a cultura empresarial também não é estanque. "Eu acho que a maioria das companhias tenta preservar sua cultura: eles decidem qual ela é, escrevem e o funcionário recebe em um livrinho, quando entra. Ela nunca muda", diz. "Eu hesito em escrever minha cultura, porque ela é composta por cada um presente na Eventbrite hoje. Isso cria uma responsabilidade individual. Tentar preservar uma cultura é irreal e nem um pouco saudável, porque ela precisa de espaço para se desenvolver".
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1. Da ideia à ação
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São Paulo - Na
crise econômica, montar um negócio pode ser uma forma de fugir do desemprego, ou ainda uma oportunidade de ganhar mais do que com como funcionário. No entanto, o período de incertezas aumenta o medo de o empreendimento ir por água abaixo. Sendo assim, como saber qual
ideia de negócio dá certo numa época em que todas as moedas são contadas? Antes de tudo, é preciso entender que a recessão é uma época em que as pessoas querem se defender de algo. "Toda vez que a gente entra em uma crise, as pessoas se posicionam contra determinadas ameaças. Mas, todas as vezes que elas existem, há também oportunidades de negócio", diz Luiz Arnaldo Biagio, professor da Business School São Paulo (BSP). "Essa é a hora de buscar o que você pode fazer de diferente, e tem muita gente prosperando. Claro que não é fácil, mas a gente não pode se abater: a crise tem que servir como um motivador", afirma Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora e professora de empreendedorismo na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e no Insper. Por incrível que pareça, a recessão pode ajudar o empreendedor nacional. Isso porque, com a alta do dólar, a importação se torna uma opção mais cara. "Produtores nacionais podem colocar produtos no mercado e se apresentar para grandes empresas", analisa Pedro Vidigal, membro da Fundepar, gestora de investimentos em empresas tecnológicas de universidades. Seja qual for o foco do negócio, um empreendedor em tempos de crise não pode se esquecer da situação de seus clientes, que estão controlando mais os gastos. "As pessoas evitam gastar mais com coisas novas, ou seja, há uma tendência de segurar o dinheiro. Você terá que ser mais certeiro no seu negócio", diz Max Bianchi Godoy, professor de planejamento estratégico do Ibmec/DF. Para acertar esse alvo, a palavra de ordem é estudar muito o mercado e olhar todas as possbilidades. Por isso, os quatro especialistas deram dicas de ideias de negócio que podem dar certo durante a recessão econômica - e por quê. Navegue nas fotos acima e veja algumas dessas ideias.
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2. Venda de cosméticos no varejo
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A vaidade é a
quarta maior economia do mundo, movimentando uma quantia maior que o PIB da Alemanha. No Brasil, é um mercado consolidado. "A possibilidade de negócio nessa área é muito grande, as pessoas não deixam a beleza de lado", diz Biagio. Na crise, o professor afirma que muitas pessoas optam por trocar o salão de beleza pelos cuidados em casa. Sendo assim, uma boa ideia de negócio é apostar em produtos de beleza voltados ao consumidor final, oferecendo uma solução mais barata para quem não pode ou não quer se descuidar da aparência.
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3. Comida prática
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Com crise ou sem crise, o setor de alimentação continua faturando. Mas os consumidores podem poupar idas a restaurantes em prol de opções mais modestas. Por isso, Biagio recomenda buscar algum negócio no setor que facilite a vida do cliente (e que seja financeiramente mais viável). Por exemplo, ao invés de ele ir a restaurante para comer uma salada, o que envolve deslocamento e um preço alto, ofereça uma salada pronta, vendida em supermercados.
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4. Empreendimentos sobre rodas
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4/13 (Creative Commons/Flickr/Todd Lappin)
Muitas pessoas demitidas pegam seu Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e usam o valor para transformar vans e caminhões em um negócio, diz Godoy. Mas, para que a tendência não vire fracasso, o professor recomenda se especializar em poucos produtos, mas inovadores. "Eles devem ser baratos e atrair as pessoas", afirma. A dica do especialista é buscar algo diferente, e fugir do óbvio "como as comidas gordurosas que sempre existiram na rua". Para regiões que tenham um apelo de "geração saúde", por exemplo, uma ideia é investir em sucos diferenciados, voltados para uma alimentação saudável.
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5. Conserto de produtos
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As roupas descosturam e o smartphone quebra. Quem geralmente iria direto comprar um substituto se depara com um orçamento apertado durante a crise econômica. A alternativa? Procurar um serviço de reparos. "Em geral, o negócio de consertos tende a sobreviver mais na crise, porque as pessoas tendem a conservar mais o que elas já têm.", diz Godoy. Por isso, serviços como costura, carpintaria e assistência técnica, em geral, são mais requisitados nesse momento.
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6. Móveis montáveis
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Comprar um móvel para a casa já implica um grande custo, em especial épocas de crise. Por isso, quem realmente precisa gastar com esses itens irá procurar uma maneira de poupar em gastos adicionais. Nessas horas, oferecer móveis montáveis surge como uma alternativa, já que não há o valor de montagem incluído, recomenda Biagio. A pioneira no serviço é a loja sueca Ikea, mas alguns empreendedores estão criando negócios inovadores com a mesma possibilidade, como
os blocos de Lego da vida real.
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7. Treinamento em vendas e relacionamento com cliente
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Todo negócio procura vender mais durante a recessão. Nessa empreitada, alguns percebem que talvez precisam aprender a arte da negociação comercial. "Na crise, o conhecimento de vendas está sendo muito demandado", diz Ana. "Quem tem esse conhecimento e consegue compartilhá-lo pode montar um negócio sobre ensinar a vender". Mas não se trata somente de vender mais, e sim vender melhor. Por isso, um empreendedor que ensine não só a vender, mas também a fazer o pós-venda, encontra boas oportunidades. "É algo de que muita gente fala, mas existem poucos que conseguem ensinar o relacionamento com o cliente de uma forma direta e assertiva, com ações práticas".
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8. Divulgação e conteúdo para pequenas e médias empresas
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Um ponto de deficiência em muitos empreendimentos iniciais é a falta de uma divulgação eficiente. Por isso, Ana afirma que empreendedores com experiência em comunicação podem encontrar um mercado ainda pouco desenvolvido: o de assessoria especializada no setor das PMEs. O trabalho de marketing se relaciona com o da produção de conteúdo, algo muito requisitado pelos consumidores de um negócio. Não se trata apenas de realizar anúncios publicitários de um produto de beleza, por exemplo, mas também gerar informação que ajude o cliente no seu dia a dia, como os benefícios de cuidar da estética. "Não há muitas pessoas ou negócios que consigam gerar um conteúdo relevante e que, ao mesmo tempo, agrade as pessoas".
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9. Negociação digital entre varejo, empreendedor e consumidor
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9/13 (Pekic/Thinkstock)
Muitas pessoas têm algo que gostariam de vender: roupas usadas, livros já lidos, artesanato ou docinhos. Mas montar um comércio eletrônico próprio é uma tarefa árdua, que gera sucesso para poucos. Por isso, montar o chamado marketplace, que conecta os empreendedores aos consumidores finais, pode se tornar uma boa ideia de negócio. "Tem muita gente com produto, mas que precisa de um canal de vendas, e é isso que falta para o negócio deslanchar", explica Ana. Já Vidigal sugere uma outra nuance dentro da negociação online: conectar empreendedores virtuais não aos seus clientes, mas aos gigantes do setor. A ideia do negócio seria oferecer uma proposta à varejista para comprar produtos dos pequenos empreendedores: vale oferecer um desconto se a gigante comprar em grande quantidade. "No momento de crise, se as pessoas tiverem uma oportunidade de comprar com menor custo, elas deixam de frear as compras para apenas desacelerá-las".
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10. Redução de custo em logística
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Logística é um assunto complicado e que gera gastos enormes, especialmente para os empreendimentos brasileiros. Segundo Vidigal, ter um negócio que proponha a redução de custos na área gera um grande atrativo, especialmente em distribuidoras e indústrias de grande porte. O especialista recomenda oferecer como proposta a otimização dos fluxos logísticos internos do cliente, por meio de recursos tecnológicos e de novidades digitais. O empreendedor poderia tanto trabalhar para outras empresas quanto para serviços públicos.
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11. Economia de energia
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Na mesma linha de poupança de gastos empresariais, reduzir o custo da salgada conta de luz é uma grande preocupação dos negócios. O empreendedor inovador, que tem conhecimento de hardware e de serviços na nuvem, possui uma boa oportunidade de startup nas mãos. Segundo Vidigal, soluções de economia de energia que possam ser acopladas a hospitais, condomínios, universidades e órgãos públicos têm um apelo tanto pela redução de custo, que é o foco da grande maioria dos empresários, quanto pela sustentabilidade.
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12. Franqueamento
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O setor de franquias
cresceu 11,2% neste semestre, em relação ao mesmo período do ano passado. Em comparação com um negócio próprio, o franqueamento costuma ser mais seguro, uma vez que o franqueador já possui o
know-how sobre a área de atuação da franquia. "O grande problema é que há um investimento inicial alto e, às vezes, é preciso buscar um sócio. Mas tem sido um bom negócio", afirma Godoy. Ter uma marca conhecida do público também pode ajudar em épocas de crise. "A pessoa não se arrisca muito nessas horas, então é difícil construir um nome no mercado. A pessoa prefere pagar mais para não ter dor de cabeça no futuro". O docente destaca que, já que o franqueamento é apenas um modelo, é possível ter uma franquia com as ideias de negócio apresentadas anteriormente, aumentando as chances de sucesso na recessão.
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13. Veja agora quem transformou a ideia em realidade:
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13/13 (ThinkStock/sjenner13)