Fábio Zveibil, vice-presidente da Creditas: "a principal vantagem dessa mudança é dar flexibilidade para o cliente" (Ana Pacheco/Creditas/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 13 de dezembro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 13 de dezembro de 2019 às 07h00.
A fintech brasileira Creditas segue expandindo sua gama de produtos de crédito. Agora, lança uma nova modalidade de empréstimo com garantia de imóvel. A partir desta semana, a empresa passa a oferecer aos clientes um limite pré-aprovado de até 60% do valor do imóvel usado como garantia. Assim, dentro de cinco anos depois do primeiro empréstimo, os clientes poderão pegar novas quantias sem a necessidade de recomeçar o processo de tomada de crédito.
O modelo está disponível para todos os empréstimos feitos com garantia em imóvel a partir de agora. Os clientes que já fizeram empréstimos poderão migrar para o novo produto, mas precisarão passar por um processo de transição do contrato.
“A principal vantagem dessa mudança é dar flexibilidade para o cliente tomar mais recursos no futuro conforme sua necessidade”, diz Fábio Zveibil, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Creditas.
Para a fintech, o novo desenho do produto é vantajoso porque, além de atrair pessoas que precisam de mais flexibilidade para a tomada de crédito, aumenta a recorrência e a interação dos clientes com a plataforma. “Não queremos empurrar crédito no mercado, mas é importante fidelizar o cliente”, afirma Zveibil.
“Às vezes o cliente pega 100 mil reais com a gente, mas depois de um ano ele precisa de dinheiro de novo e fica tentado a pegar um empréstimo pessoal, que é mais caro”, exemplifica Alexandre Steinwurz, responsável pelo desenvolvimento do projeto.
Junto com a mudança, a startup anunciou que reduziu suas taxas de juros de 0,99% ao mês para 0,89%. “Como nós atrelamos o empréstimo com garantia de imóvel na inflação, conforme a curva do IPCA se mexeu, reavaliamos a situação e repassamos a mudança para nossas taxas”, explica o vice-presidente.
A Creditas empresta aos clientes, a partir de 30 mil reais, até 60% do valor do imóvel alienado como garantia. Muitas vezes, os clientes pegam emprestado menos do que o limite pré-aprovado. Até agora, se as pessoas precisassem de mais dinheiro no futuro, não poderiam utilizar o mesmo imóvel em um novo empréstimo.
O que a empresa está fazendo a partir de então é disponibilizar o valor pré-aprovado por até cinco anos. Uma pessoa com um imóvel de 500 mil reais, por exemplo, pode ter acesso a até 300 mil reais de crédito. No curto prazo, se optar por pegar somente 100 mil reais, poderá resgatar no futuro os 200 mil reais restantes. A única regra é que cada saque precisará ser de no mínimo de 5 mil reais.
O novo valor emprestado aumentará o valor da parcela mensal que o cliente já paga, mas o tempo final de pagamento segue no limite de 20 anos. “Realizamos somente uma rápida análise interna apenas para garantir que a saúde financeira do cliente se mantém e que podemos liberar os recursos”, explica Zveibil.
Esse modelo novo de empréstimo só foi possível após a lei nº 13.476, de 28 de agosto de 2017, que permitiu a realização de mais de uma operação embaixo de um mesmo imóvel. Mas, para isso, a startup precisou reestruturar seus processos internos e desenvolver uma nova estrutura de contrato de empréstimo para permitir as operações posteriores.
“Foi um trabalho que envolveu várias áreas. O jurídico teve que redesenhar o contrato, o time de operações precisou estruturar a análise jurídica e de crédito, a equipe de vendas teve que se preparar para tirar dúvidas dos clientes, o pessoal de tecnologia teve que realizar pequenos ajustes na plataforma”, diz vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios.
Apesar das mudanças, a empresa afirma que o novo modelo não traz novos riscos porque o cliente segue precisando demonstrar a capacidade de pagar as parcelas. “Não queremos tomar o imóvel de ninguém, hoje menos de 0,5% das nossas operações são inadimplentes”, diz Zveibil.
Esta é apenas a mais recente novidade anunciada pela Creditas em 2019. Em agosto, a companhia comprou a startup Creditoo, e passou a focar também em crédito consignado, além dos modelos de empréstimo com garantia em imóvel e veículos. As novas apostas da fintech foram possíveis porque em julho a empresa recebeu um aporte de 231 milhões de dólares liderado pelo grupo japonês SoftBank.
Para 2020, a meta da empresa, avaliada em 750 milhões de dólares, é continuar a crescer e ampliar seu portfólio de produtos. Além dos empréstimos, consignados e financiamento de veículos, a fintech planeja oferecer soluções completas para a casa, carro e salário do cliente.
“Queremos ajudar o cliente a reformar a casa, trocar o imóvel, o veículo, fazer manutenção do carro. Estamos de olho em várias frentes, teremos novidades no primeiro trimestre do próximo ano”, diz Fábio Zveibil. Gestores ouvidos por EXAME afirmam que a falta de histórico da Creditas nos novos produtos traz novas incertezas para a companhia. A ambição vai crescendo e o risco, também.