7. Ramires (Clive Brunskill / Getty Images)
Da Redação
Publicado em 23 de abril de 2013 às 15h18.
Brasília - Ainda faltam 14 meses para a Copa do Mundo da FIFA 2014, mas para os pequenos negócios a bola já está em campo. O mundial de futebol já rendeu mais de R$ 100 milhões em vendas para empresas de micro e pequeno porte de todo o país. No Rio de Janeiro, a Trelicon, pequena fábrica de material de construção, concluiu o fornecimento de lajes para a obra das quatro rampas de acesso ao Maracanã.
Em Belo Horizonte (MG), a Multi Horta, empresa de alimentos que abastece hotéis e restaurantes, teve seu espaço triplicado. Em Canela (RS), os funcionários do alambique Flor de Vale já falam inglês e espanhol para receber turistas estrangeiros que passarem por Porto Alegre durante o evento.
Desde 2011, o Sebrae realiza encontros de negócio para incentivar as micro e pequenas empresas a aproveitarem as oportunidades da Copa. Um levantamento encomendado pelo Sebrae à Fundação Getúlio Vargas mapeou 930 possibilidades de negócios em dez setores: agronegócio, madeira e móveis, vestuário, serviços, comércio varejista, construção civil, turismo, Economia Criativa, artesanato e tecnologia da informação.
As rodadas de negócio, realizadas em todas as cidades-sede, aproximou compradores e fornecedores. Os encontros, que acontecerão até 2014, têm como objetivo auxiliar as empresas de micro e pequeno porte a se tornarem mais competitivas.
“Nossa missão é sensibilizar e preparar o empresário não apenas para aproveitar as oportunidades da Copa, mas principalmente para que sua empresa se torne mais apta a disputar o mercado no futuro. Esse é o grande legado dos eventos esportivos para os pequenos negócios”, afirma o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.
A experiência no desenvolvimento de lajes que dispensam escoramento chamou a atenção de grandes construtoras para o trabalho realizado pela Trelicon. Dono da pequena fábrica de lajes pré-moldadas, José Luiz Monteiro, terminou no fim de 2012 o fornecimento de material para as quatro novas rampas de acesso ao estádio que sediará o jogo de abertura da Copa.
O contrato com a Odebrecht, responsável pela reforma do Maracanã, já rendeu R$ 2 millhões, mas o empresário pretende fechar novas vendas. “Estamos negociando o fornecimento dos pisos táteis, para deficientes visuais, que será colocado no entorno do Maracanã”, avisa. “Como o tamanho do piso é diferente que o habitual, mais largo, estamos trabalhando em um protótipo, com 25 centímetros de largura”.
Em Salvador (BA), o empresário e engenheiro civil Raimundo Dórea percebeu a oportunidade que os grandes eventos esportivos poderiam trazer para a sua empresa, a Engpiso. “Para mim, a Copa começou em 2009 quando eu tracei um planejamento estratégico para me preparar para atuar nas obras de estádios de futebol”, afirma.
O planejamento deu certo. Hoje, a Engpiso presta serviços na colocação dos pisos de concreto em dois estádios que receberão jogos no mundial: a Arena Fonte Nova (Salvador) e a Arena Pernambuco (Recife). As duas obras provocaram o incremento na receita mensal de U$ 300 mil. O prazo de fornecimento para as obras é de 20 meses.
Em 2010, Raimundo participou de uma missão na África do Sul para conhecer quatro arenas daquele país. “A experiência rendeu frutos. Pude estudar e me preparar para esses momentos”, diz. Fundada em 1994, a Engpiso começou com oito funcionários. Hoje, são 42. Raimundo conta que desde que as obras começaram o quadro de colaboradores foi ampliado em 25%.
“Por meio de um projeto social com apenados junto com ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, contratei a mão de obra necessária para dar continuidade à obra”, informa.
Raimundo também credita o sucesso na empreitada à parceria com o Sebrae, que realizou reuniões e deu suporte ao crescimento do negócio. “Você não vai sozinho a lugar nenhum. Há vários atores envolvidos”, ressalta.
Brindes para gringos
Bolsas, cintos, carteiras e artigos para brindes da empresa Dalla Strada, localizada em Igarassú, na região metropolitana de Recife (PE), entraram em campo para a Copa do Mundo. A empresa negocia com a Bio Fair Trade a encomenda de 100 mil peças que serão vendidas durante os eventos esportivos do Brasil.
A Dalla Strada conta com a parceria do Sebrae para colocar os produtos nas prateleiras. As mercadorias são confeccionadas de forma artesanal, utilizando materiais reciclados, como retalhos de jeans, lonas de caminhão e couro. O design das peças é diferenciado.
Para o proprietário da Dalla Strada, João Bosco Lima de Santana, o negócio deve render um volume de negócios de R$ 45 mil. Ex-funcionário público, João Bosco trocou a segurança de um concurso para empreender e realizar o sonho de ter o próprio negócio.
Ele abriu a Dalla Strada em 2010 e, após um trabalho de inclusão social com jovens na faixa etária de 15 a 24 anos e em situação de risco, ofereceu a eles curso de design e costura de bolsas.
Contratou cinco deles para escrever uma nova história junto com a Dalla Strada. Naquela época, o faturamento mensal girava em torno de R$ 10 mil. Hoje, com dez jovens contratados, a receita mensal chega a R$ 30 mil. A capacidade atual de produção é de 300 peças. Além de Pernambuco, os produtos podem ser encontrados em lojas de São Paulo.
Bosco conta que os produtos estão prestes a ganhar o mercado europeu, como a Itália e Holanda, graças à parceria com o Sebrae. “Com a parceria, aprendi a fazer plano de negócios e abri meus horizontes para conquistar a Europa”, afirma.