Existem mais de 11 mil pizzarias no estado de São Paulo, em um consumo médio de um milhão de unidades por dia (Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 16 de janeiro de 2012 às 10h06.
São Paulo - De preferência à noite, nos finais de semana. Alguns a consomem no restaurante, outros pedem por delivery. As padarias já entraram no ramo e abrem à noite suas portas para rodízios. Até os supermercados estão abocanhando um filão desse mercado, com as congeladas. Em São Paulo, a pizza é sinônimo de confraternização de amigos e parentes. Democrática, ela atrai todo tipo de classe social, cultural e pessoas de várias idade.
“Não há mais nada democrático que a pizza, que vai da classe A a D”, diz Enzo Donna, diretor da EDC Food Service, empresa especializada em pesquisa de mercado para o segmento gastronômico. Segundo a Associação Pizzarias Unidas, são mais de 11 mil pizzarias no estado de São Paulo e o consumo médio é de um milhão de unidades por dia – levando em conta também as pizzas congeladas e as consumidas em padarias.
O segmento é composto basicamente de micro e pequenas empresas. A concorrência é grande e o empresário do setor precisa ficar atento às sazonalidades e às demandas do consumidor. Em janeiro e fevereiro, período de férias, diz a Associação, o consumo de pizzas não diminui, já que a procura apenas migra da capital para o interior ou litoral.
"Os estabelecimentos do interior e da praia atendem a uma demanda do turista. Até outros estados são beneficiados com as viagens dos paulistanos, já que a pizza é um produto bom e barato para as férias”, diz Adilson Barboza, diretor executivo da Associação Pizzarias Unidas.
Se o consumo muda, o mesmo não acontece com a mão de obra. “É uma grande oportunidade para os trabalhadores temporários do litoral e do interior, onde aumenta o número de vagas”, afirma Barboza. Também na cidade de São Paulo, nas férias, muda o perfil de quem consome pizza.
O diretor explica que boa parte da população está sozinha em casa, porque a família viajou, e acaba pedindo pizzas menores. “A procura diminui no final de semana, mas aumenta nos dias úteis. Por isso, o empresário precisa entender o mercado”, afirma o executivo.
Segundo dados da associação, a mortalidade de cerca de 60% dos estabelecimentos no primeiro ano de vida é causada por problemas de gestão. “A nossa experiência mostra que grande parte dos empresários não sabe formatar o preço do seu produto”, explica o diretor.
Outro fator importante, diz o consultor de marketing do Sebrae em São Paulo, Wlamir Bello, é a inovação, já que a concorrência no segmento é alta. “Uma pizzaria tem em média 70 sabores de pizza. É difícil ser bom em todos esses sabores. Então, é preciso criar uma identidade, ter um carro-chefe que alavanque todos os outros produtos”, afirma.
O escritório regional do Sebrae na Zona Oeste da capital realiza uma parceria com a Associação Pizzarias Unidas para levar mais conhecimento aos empresários. “Promovemos palestras e consultorias de marketing e finanças para os associados. Além disso, temos o Programa Empresas Avançadas, em que o empresário terá acesso a técnicas para aumentar o seu poder de inovação”, diz a analista do Sebrae, Claudia Fidalgo.
Diferencial
E foi na inovação que o empresário Marcelo Gallo apostou para criar um empreendimento de sucesso. Mesmo sendo empresário há 25 anos e ter muita experiência em gestão, Gallo procurou o Sebrae para ajudá-lo em um novo desafio, abrir uma pizzaria gourmet, com diferenciais competitivos em relação à concorrência. “Eu não queria ser mais um no mercado de pizzarias delivery”.
Foram dois anos de pesquisa sobre massas e ingredientes que inovassem o mercado e o conceito da pizza de qualidade. Com a ajuda do Sebrae, a Dom Gallo abriu as portas há seis meses. Já conquistou 1.200 clientes e produz 500 pizzas por mês. “O Sebrae foi importante para consolidar a minha visão do negócio e permitir que errasse menos. Antecipando o conhecimento por meio das consultorias, economizei tempo e dinheiro”.
O grande diferencial da Dom Gallo, localizada na região Oeste da cidade, está na massa da pizza, que é batida 48 horas antes de ser aberta, utilizando baixíssimo percentual de fermento na massa. Além disso, todos os ingredientes são de excelente qualidade, como o molho que é importado da região de Salermo, na Itália, a calabresa artesanal exclusiva, a cebola marinada em azeite de primeira qualidade ou o doce de leite argentino (para as pizzas doces).
O cardápio reduzido permite ao empresário manter a qualidade. Outra inovação foi um mapa de sugestões de harmonização de vinhos e cervejas com as pizzas. “Estamos criando mais do que uma pizzaria. É um conceito. Iniciamos com delivery e já estamos com um salão e um empório que vende os nossos produtos. Em março, já pensamos na expansão com franquias”.
Para entregar a pizza bem quente, o empresário importou um equipamento que mantém o produto a 70°C. No site, além do cardápio, há um espaço para pedidos e para a compra direta do empório. “Há, na zona oeste da cidade de São Paulo, grandes marcas de pizzaria. Para se destacar nessa região é preciso criar uma identidade forte”, diz o consultor do Sebrae Wlamir Bello.