Rappi: aplicativo tem hoje 6,5 milhões de usuários nos sete países em que atua (Marcos Joel Reis/Rappi/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 19 de outubro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 4 de setembro de 2018 às 11h51.
São Paulo – A logística é um desafio recorrente no mundo das empresas: não são poucos os relatos de como negócios se desdobram para fazerem seus produtos e serviços irem da matriz até o cliente. Ficam, no meio do caminho, muitos consumidores insatisfeitos com suas entregas.
A Rappi surgiu para resolver esse problema nos mais diversos setores, de alimentos a remédios. Tal ideia de negócio parece feita para o Brasil – inclusive, atraiu fundos de investimento nacionais –, mas a startup possui outra origem: nasceu na Colômbia, em 2015.
Os sócios-fundadores Felipe Villamarin, Sebastian Mejía e Simón Borrero tiveram a ideia para a Rappi enquanto tocavam outra empresa, no ramo de soluções de e-commerce para supermercados.
Para os empreendedores, o grande gargalo na hora de comprar comidas pela internet não era apenas a experiência nas plataformas, mas principalmente a entrega dos produtos com qualidade e rapidez. Assim, os sócios resolveram testar uma estrutura de logística própria, com quatro entregadores da empresa.
Tal experimento virou a startup Rappi, com a promessa de entregar os produtos ao cliente final em até uma hora. Em seis meses de operação, 200 mil pessoas se cadastraram apenas na cidade colombiana de Bogotá.
Diante dos resultados apresentados no seu primeiro ano, a Rappi foi selecionada para uma aceleração de três meses na Y Combinator, uma das mais prestigiadas aceleradoras do Vale do Silício (Estados Unidos).
A experiência no Vale atraiu diversos investidores: em 2016, a Rappi recebeu um aporte de 9 milhões de dólares do megainvestidor Andreessen Horowitz. Acumulou também aportes de valores não divulgados de entidades como Monashees, Redpoint e Sequoia Capital. Ao todo, cerca de 50 milhões de dólares foram investidos no negócio.
Com o capital levantado, a Rappi começou a se expandir pela América Latina, indo para o México. Em julho deste ano, a startup começou a operar em São Paulo. Dois sócios comandam a operação por aqui: os empreendedores Bruno Nardon e Ricardo Bechara.
A Rappi possui tanto uma versão para celular quanto para desktop. Há mais de 500 estabelecimentos parceiros listados e seus estoques são atualizados diariamente no serviço. Algumas lojas presentes na Rappi são a rede de cafeterias Starbucks, o restaurante La Guapa e o supermercado Pão de Açúcar.
A maioria dos pedidos se concentra em supermercados, restaurantes e farmácias. Segundo Nardon, o usuário encontrará os mesmos preços vistos nas lojas físicas: o único custo adicional é uma taxa de entrega, que é de 6,90 reais para estabelecimentos em um raio de 3 km do consumidor.
Pedidos de até oito itens costumam ter a entrega em até uma hora garantida. Caso o pedido seja muito grande, a Rappi entra em contato com o cliente e avalia se ele está disposto a esperar um pouco mais pela entrega. É possível entrar em contato a qualquer ponto do processo por meio de um chat online.
Após o pedido ser feito, os responsáveis por retirá-lo nos estabelecimentos e levá-lo ao cliente no tempo prometido são conhecidos como “rappis”. Os entregadores funcionam em um esquema parecido ao de serviços como 99, Cabify e Uber, com a diferença de que ficam com o valor total da taxa de entrega.
“Nós unimos consumidores que estejam dispostos a pagar um pouco mais [a taxa de entrega] pelo conceito de hiperconveniência com quem possui tempo e gostaria de ser remunerado por ele”, explica Nardon.
Então, a Rappi só ganha dinheiro na hora de negociar com seus parceiros: os estabelecimentos dão um percentual não revelado sobre as compras realizadas por meio da startup.
Além das categorias fixas, há um espaço em branco para pedidos especiais: produtos ou estabelecimentos que não constam no aplicativo ou que são mais elaborados.
Nesse caso, a empresa informa pelo chat online se tal pedido especial poderá ser entregue em até uma hora. Se não for possível cumprir o prazo, o cliente decide se quer mantê-lo ou não. Além da taxa de entrega, a Rappi cobra nesses casos um adicional, que vai de 9 a 14% do valor total.
Hoje, a Rappi possui 50 mil clientes cadastrados em São Paulo. Por conta do contrato de investimento, a startup não abre valores de faturamento, mas afirma ainda não ter atingido o ponto de equilíbrio (retorno do valor investido).
Hoje, a Rappi atua em bairros como Bela Vista, Brooklin, Jardins, Moema, Pinheiros, Vila Madalena e Vila Olímpia. Há planos de expansão para regiões como Barra Funda, Morumbi, Santo Amaro e Vila Leopoldina, além de regiões da Grande São Paulo, até o fim deste ano. Em 2018, a Rappi quer chegar a outras capitais brasileiras.
A startup também quer expandir sua atuação, firmando parcerias com estabelecimentos e profissionais do ramo de serviços. “Queremos nos juntar a empresas especializadas em serviços que podem ir até você, como a Singu, do Tallis Gomes”, explica Nardon.
“O objetivo é ser uma ‘one stop shop’: um local onde o cliente encontrará tudo que ele precisa. Queremos ter esse crescimento de forma sustentável, prestando um bom atendimento e um bom serviço aos nossos três clientes: os rappis, os estabelecimentos parceiros e o cliente final.”