PME

Conheça a trajetória de Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora

Reconhecida internacionalmente pela sua plataforma de apoio ao empreendedorismo feminino, Ana Fontes reúne um grupo de mais de 750.000 mulheres

Ana Fontes: publicitária de formação, a empresária decidiu empreender após anos atuando como executiva em grandes empresas (Rede Mulher Empreendedora/Divulgação)

Ana Fontes: publicitária de formação, a empresária decidiu empreender após anos atuando como executiva em grandes empresas (Rede Mulher Empreendedora/Divulgação)

CI

Carolina Ingizza

Publicado em 5 de outubro de 2020 às 11h00.

Ana Fontes é uma das mulheres mais conhecidas do ecossistema de empreendedorismo brasileiro. A publicitária é fundadora da Rede Mulher Empreendedora, espaço que reúne mais de 750.000 mulheres e oferece, por meio de mentorias voluntárias, capacitação para empreendedoras em diferentes estágios. Desde a mulher que está começando a vender bolo de pote até a que já fatura 5 milhões de reais por ano, todas têm espaço na rede.

Mas assim como milhares de outros empreendedores brasileiros, Ana empreendeu por necessidade. Após deixar sua carreira em marketing, ela decidiu que precisava procurar um ambiente de trabalho mais acolhedor que lhe permitisse estar mais próxima das duas filhas. Com amigos, ela criou uma empresa de avaliação de serviços, a Elogie Aqui.

Com o projeto, ela foi selecionada para o programa de empreendedorismo 10.000 mulheres da FGV com a Fundação Goldman Sachs. Ao perceber que era uma das 35 selecionadas entre 1.000 inscritas, Ana se sentiu incomodada e decidiu que precisava compartilhar o que estava aprendendo no curso com outras mulheres. Assim, em 2010, criou a Rede Mulher Empreendedora.

O projeto, inicialmente, era um jeito dela compartilhar o que aprendia sobre negócios na internet com outras mulheres. Só no primeiro ano, chegou a um público de 100.000 pessoas. Para viabilizar a produção de conteúdo, ela decidiu criar um dos primeiros espaços de coworking de São Paulo  — que foi fechado quando Ana decidiu focar suas energias em transformar aquela rede informal de mulheres em um negócio de impacto social.

Em 2017, ela foi além e criou o Instituto Rede Mulher Empreendedora, uma organização social para focar exclusivamente em capacitar e empoderar mulheres em situação de vulnerabilidade social. Um dos muitos parceiros da organização é o Google, que desde 2019 financia o “Ela Pode”, um programa de 1 milhão de dólares que pretende capacitar 135.000 mulheres brasileiras até o final de 2020.

Ao longo dos últimos dez anos, o trabalho feito pela RME e pelo instituto foi reconhecido nacional e internacionalmente. Só em 2020, durante a pandemia, mais de 40 milhões de reais foram captados com parceiros para promover iniciativas de geração de renda para mulheres. Atualmente, Ana é também professora do programa Empreendedorismo em Ação, do Insper, além de mentora e conselheira do programa 10.000 mulheres da FGV.

 

A história da empreendedora

Ana Fontes é a sétima filha de um casal de Alagoas que decidiu migrar para o estado de São Paulo nos anos 1970. Sua família se mudou para Diadema, onde seu pai, ex-pescador, conseguiu emprego como torneiro mecânico graças a um amigo que o ensinou a profissão. Sua mãe foi trabalhar como empregada doméstica e costureira, enquanto ela e seus sete irmãos faziam bicos para complementar a renda de casa.

Desde os 14 anos, Ana conciliou os estudos com o trabalho. Ao se formar no colégio, decidiu que queria ingressar na universidade para estudar jornalismo. Infelizmente, na época, a universidade com melhor custo-benefício para ela não oferecia o curso. Foi assim que ela optou pela carreira em publicidade. Durante os primeiros anos de graduação, para pagar a mensalidade, ela trabalhou em algumas indústrias de brinquedos da região.

No seu terceiro ano de faculdade, decidiu arriscar tudo para fazer um estágio na área de marketing da Autolatina, uma parceria entre Volkswagen e Ford. Depois de um ano, ela foi contratada como funcionária. Depois, saiu para trabalhar em agências, mas voltou para trabalhar na equipe de marketing da Volkswagen quando as duas montadoras se separaram. Ao todo, ficou 18 anos na empresa.

Com 40 anos, em 2007, ela saiu e ficou alguns meses em casa cuidando de sua primeira filha. Em agosto de 2008, passou em processo seletivo na Febraban para ser gerente de marketing. Poucos meses depois, recebeu a notícia de que ela havia conseguido autorização para adotar uma criança de 10 meses. Em meados de 2009, já com a segunda filha em casa, decidiu que precisava deixar o ambiente corporativo. Empreender, então, foi a saída.

“Na Elogia Aqui, meu primeiro negócio, cometi muitos erros, entre eles criar uma sociedade por amizade”, afirma Ana. Mas foi esse primeiro empreendimento que deu o estalo para ela criar o embrião da Rede Mulher Empreendedora.

“Olhando para trás, me sinto muito feliz com o que eu consegui conquistar com a Rede. Não gosto de romantizar histórias tristes, mas fico feliz de ter chegado até aqui com duas filhas, levando uma vida minimamente confortável e trabalhando para construir uma sociedade mais justa”, diz a empreendedora.

Nos próximos anos, ela quer trabalhar para garantir que existam mais políticas públicas efetivas de inclusão de gênero. Neste momento de pandemia, a empreendedora se preocupara particularmente com a situação das brasileiras, que perderam proporcionalmente mais empregos que os homens e estão sujeitas a mais violência doméstica em casa. “Precisamos de mais iniciativas públicas que suportem essas mulheres”, diz Ana Fontes.

Acompanhe tudo sobre:EmpreendedoresEmpreendedorismoMulheresPequenas empresas

Mais de PME

ROI: o que é o indicador que mede o retorno sobre investimento nas empresas?

Qual é o significado de preço e como adicionar valor em cima de um produto?

O que é CNAE e como identificar o mais adequado para a sua empresa?

Design thinking: o que é a metodologia que coloca o usuário em primeiro lugar