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Conheça o ex-empacotador que hoje fatura R$ 11 milhões

Juarez Araújo foi de empacotador a empreendedor por meio de uma paixão repentina. Confira sua história e descubra qual foi essa sua descoberta:

Juarez Araújo, da DBACorp: ele começou a trabalhar aos 13 anos de idade (DBACorp/Divulgação)

Juarez Araújo, da DBACorp: ele começou a trabalhar aos 13 anos de idade (DBACorp/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 26 de agosto de 2016 às 06h04.

São Paulo - Há quem pense que, para empreender, é necessário ter um talento inigualável para criar ideias - ou, então, muito dinheiro guardado no banco. Porém, quem cria negócios sabe muito bem que não é apenas isso: sem a capacidade de se dedicar muito e não se abalar ao longo do tempo, nem o empreendimento mais iluminado ou mais patrocinado segue em frente.

O empreendedor Juarez Araújo é um dos que aderem a essa forma de pensar na prática. Com muito trabalho, ele passou de empacotador de supermercado para dono de uma empresa que faturou, no ano passado, 11 milhões de reais. No meio do caminho, encontrou uma paixão para chamar de sua: a computação. Mas, afinal, como tudo isso aconteceu?

De emprego em emprego

Araújo nasceu no interior do Paraná. Quando ainda era criança, sua família resolveu se mudar para São Paulo, buscando oportunidades de emprego e estudo. “A gente veio do jeito que deu, meio sem saber o que nos esperava. Lembro que viajei na caçamba de uma picape”, conta o futuro empreendedor.

Em São Paulo, seu pai se tornou servente de pedreiro, enquanto sua mãe vendia cocadas em frente à mesma construção. Juarez passava o dia ao lado da mãe, ajudando-a a vender. Até que, quando tinha 13 anos de idade, arrumou seu primeiro emprego.

A família de Araújo ia pulando de emprego em emprego, de acordo com a demanda. O pai também já foi auxiliar de limpeza; a mãe também já foi copeira; e o adolescente Juarez colecionou os empregos de soldador de cabos de televisão, operador de alto forno para produzir vidros de faróis de carro e empacotador de supermercado.

Esse último emprego marcou um ponto de virada na vida de Araújo – e mostrou a ele a importância de um bom líder dentro de uma empresa.

“Tive um chefe muito bom, que sabia que éramos novos e nos dava muitos ensinamentos. Recebi muitas responsabilidades nesse emprego, como levar as entregas que empacotava para a casa das pessoas e depois ser avaliado nesse serviço. Hoje, como gestor, sei como fazer esse processo de delegar e avaliar depois; na época, nem sabia que estava aprendendo isso.”

Além de obter conhecimentos sobre como um líder deve agir, Araújo diz que também aprendeu inconscientemente a trabalhar em equipe. “No supermercado, meu turno ia das 14h às 22h, e eu fazia parte de um time de dez pessoas. Acabei sabendo como revezar as tarefas e dialogar com os outros empregados – por exemplo, na hora de combinar as horas da janta e de revezar a atuação no caixa do supermercado.”

A entrada na tecnologia

Apesar dessa boa experiência, Araújo queria subir na carreira. “Meu destino acabou sendo trabalhar nesses tipos de emprego, como meus pais. Porém, resolvi que queria dar um passo a mais, por meio do estudo, já quando era empacotador”, conta. “Virei office boy em um escritório e fui progredindo dentro da empresa, galgando os degraus da hierarquia.”

A forma encontrada para subir dentro da companhia foi fazer um curso técnico em uma área que tinha tudo para crescer: a computação. Quando tinha 19 anos de idade, o office boy foi para um colégio técnico em processamento de dados, seguindo a ideia de um primo.

Era a década de 1980. “Naquela época, a computação no Brasil estava começando. Eu acho que decidir entrar nesse curso foi uma mistura de sorte com oportunidade”, diz Araújo.

Obter esse conhecimento em tecnologia foi o diferencial para que o office boy subisse na empresa onde trabalhava – e, depois, fosse para outros negócios, sempre trabalhando com Tecnologia da Informação (TI). Numa dessas companhias, encontrou Reynaldo Ajauskas, o sócio do seu futuro empreendimento.

“Tanto eu quanto meu sócio trabalhávamos com uma tecnologia que estava chegando ao Brasil e ainda era pouco usada, mas prometia muito: o banco de dados Oracle”, conta Araújo. “O produto era vendido, mas não havia a formação de pessoas que o implantassem bem. Então, resolvemos abrir um negócio nosso que se especializasse nisso. É uma demanda que existe até hoje”, conta Araújo.

Empreendedorismo

Em 1998, foi criada a DBACorp: uma empresa de consultoria para clientes que usam o banco de dados da Oracle. Hoje, além da consultoria de banco de dados, a DBACorp também já aderiu a produtos de outras fabricantes e atua em áreas como infraestrutura de servidores e computação em nuvem. O time, que era composto apenas por Araújo e Ajauskas, já tem 70 membros.

Araújo diz que não tinha a menor ideia de que queria ser empreendedor quando abriu a DBACorp. Depois de algum tempo de negócio, ele acabou fazendo treinamentos de gestão – mais do que empreendedor por oportunidade, virou um gestor capacitado.

Isso gerou novas políticas para seu empreendimento: por exemplo, uma campanha de inovação interna. “Estamos estimulando nossos membros a enviarem ideias de inovação, já que eles passam o dia a dia observando a realidade dos nossos clientes. De repente, a indicação deles pode virar um novo produto; essa é uma de nossas metas para nos diferenciar da concorrência em 2016”, diz Araújo.

Mesmo assim, diante da crise econômica, o empreendedor conta que boa parte da receita virá de suporte e manutenção de produtos já instalados. “O que irá garantir nosso crescimento é que os clientes querem manter o que têm, extraindo o máximo do que já foi comprado. É onde temos grande adesão.”

Para 2016, a DBACorp pretende chegar a um faturamento de 11,7 milhões de reais – um crescimento de 5% em comparação anual.

“A grande lição que fica é que a fórmula do sucesso não é nada mais que trabalho, dedicação e tempo. Se você trabalhar com afinco e não deixar que nada o tire desse caminho, com o tempo você chegará onde quer. O sucesso vem.”

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