Abellha: Cada um escolhe suas tarefas de acordo com suas habilidades e motivações (Incubadora Abellha/Divulgação)
Júlia Lewgoy
Publicado em 24 de janeiro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 24 de janeiro de 2017 às 11h24.
São Paulo - Sabe aquela história de o funcionário ser obrigado a cumprir uma tarefa a contragosto e o serviço sair mal feito por falta de motivação? Na empresa Abellha, isso não existe. Cada um só faz o que quer – e funciona.
A empresa é uma incubadora de sete funcionários e ajuda pequenos negócios que têm impacto social a sair do papel. Tudo que a Abellha pratica, também ensina para outras empresas, inclusive esse modelo de gestão em que cada um escolhe o que quer fazer.
Funciona assim: antes de tudo, o grupo define objetivos para o negócio nos próximos três meses. Pode ser de tudo, desde manter o mural organizado até começar a lucrar. Depois, é hora de fazer uma lista de responsabilidades e funções que precisam existir para atingir essas metas.
Só então, cada um diz qual função gostaria de ocupar e dá notas de um a três para si mesmo: uma para avaliar sua própria habilidade para assumir o papel, outra para demonstrar seu nível de motivação.
Com base nas notas, todos escolhem, em conjunto, quem vai assumir o quê. Se ninguém quer alguma função, é sinal de que é preciso contratar alguém ou se questionar: será que aquela tarefa é mesmo necessária?
Uma vez por mês, todos se reúnem novamente para checar se as coisas estão andando como o desejado e todos são livres para mudar de motivação ou mudar de área dentro da empresa.
“Você inverte as relações de poder e cada um toma as decisões de acordo com o que busca para a sua vida. Isso gera não só pessoas mais felizes no trabalho, mas resultados melhores”, explica a fundadora da Abellha, Ana Julia Ghirello.
Pela sua experiência, o resultado é ter menos troca de funcionários, menos queda no desempenho de cada um e mais espaço para a inovação acontecer. “Mas isso leva tempo e exige prática até dar certo. É fácil atropelar o andamento das coisas e querer que o outro assuma determinado papel”, pondera.
Desde o início de 2016, esse modelo de gestão foi implantado em oito startups e três agências de publicidade – inclusive uma em Nova York –, todas com até 20 funcionários. A implantação para empresas estruturadas, que já carregam velhos cacoetes em sua gestão, custa entre 12 mil reais e 20 mil reais, de acordo com o tamanho do time.
Mas startups que começam do zero podem contratar todo o serviço de incubação por 1.250 reais por mês, e o pacote já inclui a implantação do modelo de gestão horizontal, partindo do zero.
Para este ano, a Abellha tem projetos ambiciosos. Quer passar a implantar o modelo do “faça o que quiser” em empresas maiores, com até 100 funcionários, e multiplicar sua receita de 64 mil reais para 400 mil reais. Também vai lançar, em breve, uma plataforma digital para as startups que quiserem testar esse método de gestão.