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Como Vó Alzira abriu 190 lojas de bolos e agora mira os EUA

Alzira começou a fazer bolos em uma época difícil. Agora, ela fez tanto sucesso que já planeja expandir sua franquia para os Estados Unidos.

Alzira Ramos, fundadora da Fabrica de Bolos da Vó Alzira: ela começou o negócio para ajudar na renda de casa
 (Divulgação)

Alzira Ramos, fundadora da Fabrica de Bolos da Vó Alzira: ela começou o negócio para ajudar na renda de casa (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 14 de agosto de 2016 às 09h00.

São Paulo – Alzira Ramos estava passando por uma época difícil alguns anos atrás: sua família estava com dificuldades econômicas e ela precisava ajudar a complementar a renda da casa. Diante disso, um amigo do marido de Alzira, que tinha um botequim, pediu que ela fizesse um bolo para vender no local. Esse foi o começo de um grande negócio.

“Eu sempre cozinhei: filha de português sempre sabe cozinhar um pouco. Gostava de fazer bolos e doces, já que meu pai também gostava muito de comê-los. Então, quando apareceu a ideia de fazer um bolo, eu me interessei”, conta Alzira. “Mas eu havia recentemente perdido minha mãe e não estava com tanto ânimo assim. Tanto insistiu esse amigo do meu marido que eu acabei cozinhando o bolo.”

O primeiro doce levou a outros cinco, dez: as pessoas cada vez mais se interessavam pelos bolos da cozinheira, perguntando ao dono do botequim quem havia feito e onde era possível encomendar mais.

O sucesso foi tanto que a Fábrica de Bolo da Vó Alzira, hoje, é uma rede de franquias com 190 unidades e que já se prepara para operar no exterior. 

“Além da necessidade - do fato de que eu precisava mesmo -, também há o amor que eu tenho por cozinhar. Acho que a gente precisa fazer o que gosta. Tanto é que os bolos começaram ajudando na renda de casa e hoje nós temos as franquias”, conta a empreendedora.

Primeiros passos

Com a crescente procura por seus bolos no botequim de seu amigo, Alzira começou a cozinhá-los em sua casa e vender para diversos locais.

Mas a demanda também foi grande demais para continuar do jeito que Alzira estava: eram pedidos com dezenas de bolos e não havia espaço para grandes encomendas na sua cozinha.

Por isso, ela resolveu abrir sua primeira loja em 2010, um ano depois do primeiro bolo, na rua da Relação (Rio de Janeiro). Essa primeira unidade levou a uma segunda, no bairro da Tijuca.

“Depois, as pessoas vinham falar comigo que queriam instalar em outros locais, mas eu não tinha como fornecer a massa para todo mundo”, conta Alzira. A solução encontrada foi abrir uma fábrica e delegar a gerência das lojas, por meio de um sistema de franqueamento, que começou em 2013.

Alexandre Ramos é filho de Alzira e hoje é o gerente geral da rede. “Eu sou formado em contabilidade e, em outras empresas que trabalhei, vi as franquias como uma boa solução. Por isso, optamos por esse modelo de expansão”, conta.

“Sabemos que as lojas com melhores resultados são as que o dono está presente e que possuem um bom ponto. Com a franquia, cada unidade terá um dono. Se fizéssemos apenas lojas próprias, não teríamos como estar no dia a dia de todas as operações.”

Como funciona a franquia?

O melhor perfil de franqueado, para a Fábrica de Bolos da Vó Alzira, é aquela pessoa que pode se dedicar à operação da loja.

“É o cara que foi demitido, está com dinheiro da rescisão na mão e agora tem tempo para estar na loja. Conheço pessoas que saíram do emprego e hoje são multifranqueadas. Fizemos uma pesquisa e 75% dos nossos franqueados possuem interesse em abrir mais uma unidade.”

Esses franqueados produzem os bolos em suas próprias lojas, mas a massa e a maioria dos ingredientes são comprados da  Fábrica da Vó Alzira, junto com um livro de receitas. “Com isso, nós mantemos o padrão e o preço dos bolos. O risco de o franqueado usar uma massa de fora, por exemplo, é baixo”, diz Alexandre.

20% do mix de produtos adquirido pelo franqueado pode ser composto de marcas homolgadas nacionalmente, não produzidas pela franqueadora. A ideia é que o empreendedor compre diretamente do fornecedor e possa usar produtos externos para produzir bolos mais condizentes com a demanda específica de sua loja.

A franqueadora não cobra royalties: o único gasto recorrente do franqueado é a compra de ingredientes. “Ou seja, dependemos do sucesso das lojas para termos sucesso: eles só compram mais da gente se eles venderem.”

Dois dias antes de inaugurar uma nova loja, os franqueadores vão até o local para ver como está a unidade. No dia seguinte, o franqueado aprende como fazer os bolos na sua própria cozinha, junto com seus funcionários. A franqueadora também acompanha o dia de inauguração da nova loja.

Segundo Alexandre, a quantidade de visitas ao franqueado varia de acordo com a necessidade. “Temos mais ou menos um supervisor para cada 22 lojas. Ele visita duas vezes no mês em média e preenche um checklist de acompanhamento. Quando uma loja demanda um pouco mais, ele pode ficar mais tempo; quando ela demanda menos, ele pode fazer mais intervalos entre as visitas.”

Expansão

Hoje, a Fábrica de Bolos da Vó Alzira possui 190 unidades em funcionamento, sendo que a maioria se encontra no Rio de Janeiro. O mais recente alvo da franqueadora é São Paulo: uma cidade em que há uma febre de bolos caseiros, com muita concorrência.

“São Paulo é um lugar à parte. Passamos meses observando os tipos de lojas de bolos caseiros lá e quais são seus preços. Hoje, temos duas unidades na capital e duas próximas a ela. Estamos abrindo mais três lojas”, explica o gerente.

Em 2016, o plano é focar na expansão em São Paulo. Já para 2017, a Fábrica de Bolos da Vó Alzira planeja entrar no mercado internacional. “Estamos apenas aguardando a liberação de um ponto comercial para começar em Boca Ratón, nos Estados Unidos. Já temos 25 interessados lá, mas queremos abrir a nossa própria loja antes para entender como o mercado funciona”, diz Alexandre.

Ele destaca o grande potencial consumidor e a facilidade em empreender nos Estados Unidos como diferenciais para a expansão da rede. “O mercado americano é altamente consumista e não costuma cozinhar muito em casa. O doce é muito consumido, e nossa aposta é entrar com um produto mais macio.”

“Os EUA fomentam o empreendedorismo e facilitam a abertura e a expansão dos negócios, fazendo de tudo para você abrir uma empresa lá. É possível abrir uma empresa em poucos dias; a parte trabalhista não é tão pesada; você paga menos impostos; e, se você falir, recebe crédito para abrir uma nova empresa, porque se entende que agora você terá mais chances de ser bem sucedido. Comparando, empreender no Brasil é uma luta.”

Além dos Estados Unidos, a franqueadora já recebeu pedidos para ir para Argentina, Portugal e Uruguai. Mas ainda há muita demanda nacional para preencher: 460 pessoas estão cadastradas no Rio de Janeiro para receberem mais informações sobre abrir uma franquia da Fábrica de Bolos da Vó Alzira.

Até o fim deste ano, a rede pretende abrir mais 30 lojas, chegando a 220 unidades. Outra ideia é abrir uma nova franquia do mesmo grupo, voltada para bolos mais sofisticados – com chocolate belga e damasco, por exemplo. “Ainda não sabemos como vai ficar o nome dessa nova franquia, mas também será controlada pela Fábrica de Bolos da Vó Alzira. Primeiro, daremos prioridade para quem já é nosso franqueado. Já temos alguns interessados”, explica Alexandre.

Veja as informações para adquirir uma unidade franqueada:

Investimento inicial: 120 mil reais
Faturamento médio mensal: 50 a 60 mil reais
Rentabilidade: de 12 a 18% do faturamento
Prazo de retorno: 13 meses

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