Empreendedores da CatMyet (./Divulgação)
Marília Almeida
Publicado em 9 de abril de 2017 às 07h00.
Última atualização em 9 de abril de 2017 às 07h00.
São Paulo - O tecnólogo em segurança do trabalho Diogo Petri, 37 anos, e a publicitária Agnes Cristina Machado, 33 anos, resolveram montar um negócio próprio quando Agnes foi demitida de uma multinacional, em 2014. Como já se projetava uma crise econômica e política no país, eles viram que a recolocação de Agnes no mercado poderia demorar mais do que o esperado e prejudicar o orçamento mensal.
Morando de aluguel, com carro financiado, algumas dívidas no cartão de crédito e poucas economias, só restava um caminho para fazer o projeto virar realidade: contrair uma dívida de 16 mil reais no banco, a taxas de 5% ao mês. "Não tínhamos nenhuma garantia para dar. Foi o que conseguimos. Lógico que deu dor na barriga", relata a empreendedora.
Mas a aposta acabou dando certo: a dívida, que era para ser quitada em 48 meses, foi paga em pouco mais de um ano. Em cerca de dois anos de operação, a CatMyPet, um comércio eletrônico de produtos para gatos, atingiu um faturamento de 1,2 milhão de reais em 2016. Depois de pouco mais de um ano, Diogo largou o seu emprego em uma multinacional para tocar o negócio com Agnes.
O casal já tinha a ideia de criar um negócio próprio no futuro, quando tivessem maior estabilidade financeira. Mas foram obrigados a adiantar os planos diante da necessidade de obter mais renda. Utilizando a experiência de Agnes com design de produtos, resolveram criar e vender produtos para gatos, uma paixão do casal. "Acharam que era uma loucura que a gente também não iria vender produtos para cachorros. Mas resolvemos apostar nos gatos porque não tínhamos estrutura para vendermos para pets em geral, mas principalmente porque verificamos, por experiência própria, que os produtos existentes no mercado não atendiam a todas as necessidades deles".
O primeiro item lançado foi um bebedouro, usado para incentivar os gatos a beberem mais água. "Vimos que o mercado tinha produtos que eram muito barulhentos ou respingavam água no animal, o que desestimulava que usassem os produtos", conta Agnes. O casal fez testes com seus próprios gatos e os de uma ONG que ajudavam até que levaram um pequeno estoque do produto para uma feira beneficente promovida pela ONG. "Vendemos todo o nosso estoque em 15 minutos e logo tínhamos 15 pedidos adicionais. Tivemos de correr para atender a todos", conta Diogo.
Como ainda faltava capital para seguir com o negócio, o casal teve ajuda de fornecedores. "Eles financiaram a produção dos bebedouros vendendo parte das peças por um preço um pouco mais alto do que a média do mercado, mas que nos dava tempo suficiente para fazer os produtos e pagar o restante após a venda", conta Agnes.
Desde o começo do negócio, o casal estima que já vendeu 20 mil unidades do produtos que até hoje é o carro chefe do site. Posteriormente, o casal também criou um comedouro de porcelana, uma casa de três andares feita de papelão e também um brinquedo com laser para os bichanos.
Na falta de investimento para criar um site próprio, o casal optou por um modelo de domínio gratuito, que podia ser gerenciado pelo celular. Conforme o negócio fosse crescendo, o domínio passou a cobrar taxas. Nesse período, o site foi profissionalizado com meios de pagamento eletrônico e contratos com os Correios.
Além dos produtos próprios, o casal passou a vender diversas marcas no site, inclusive de objetos decorativos para donos ou apenas admiradores dos animais. "Conseguimos dessa forma atingir um público mais amplo. Mas à medida em que conseguirmos capital para investir e criar nossos produtos, pretendemos focar na nossa produção para fortalecer a característica da marca de ter produtos inovadores", conta Agnes. "Reinvestimos grande parte do lucro no site. Acreditamos que é essencial para fazer o negócio crescer". Hoje, Agnes e Diogo empregam nove pessoas e alugam um escritório.
Agnes e Diogo utilizam seus cinco gatos como garoto propaganda da marca. "Buscamos mostrá-los em vídeos e fotos testando nossos produtos e brincando que eles são os “donos da empresa”. Tem o estagiário, o diretor...", contam. "Foi um modo de se diferenciar de outras marcas e sites. Vimos que dessa forma geramos muito mais visualizações nas páginas e, consequentemente, vendas". Atualmente a marca já tem 46 mil seguidores no Facebook.
Outra forma encontrada pelo casal para engajar clientes foi divulgar gatos para adoção na página a partir de anúncios enviados pelos próprios clientes.
As redes sociais também são um importante canal de feedback de clientes, que dão ideias para novos produtos. "Estamos sempre atentos e abertos a sugestões".
Como Diogo e Agnes não tinham formação em administração de empresas, resolveram fazer cursos de contabilidade no Sebrae. Foi um subsídio, gerado a partir de um networking feito durante os cursos, que viabilizou a participação da CatMyPet em uma grande feira de pets da América Latina. "o Sebrae subsidiou metade do investimento necessário para montarmos um estande no evento", conta Agnes.
Foi neste evento que o casal verificou que havia demanda pelos produtos da marca em pet shops e clínicas veterinárias no Brasil e em países vizinhos. "Até então vendíamos para consumidores pessoas físicas. Rapidamente passamos a atender 100 pet shops e clínicas no país e no exterior", conta a empreendedora.
A importação dos produtos era inicialmente feita sem um contrato de exportação específico, com fretes caros. Foi neste ano que o casal conseguiu homologar a licença para enviar produtos para outros países. A ideia é aproveitar o dólar alto e aumentar as margens do negócio.