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Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2011 às 12h30.
São Paulo - Eles já não buscam mais o emprego estável. Querem enfrentar desafios, fazer o que gostam e se realizar pessoal e profissionalmente. Os jovens da geração Y chegam cada vez mais ao mercado de trabalho sem muita disposição para encarar uma carreira burocrática e com o impulso de empreender.
Os pais que quiserem preparar seus filhos para este desafio desde cedo podem incentivar o desenvolvimento de certas características que os ajudarão no futuro, como a autoconfiança, o poder de decisão e a capacidade de interpretar os erros de forma construtiva.
"Quando as crianças aprendem a praticar a chamada postura empreendedora cedo, possivelmente terão mais oportunidades de ser protagonistas das próprias vidas, poderão fazer escolhas com mais propriedade, aprenderão a se conhecer melhor, a posicionar suas ideias, e estarão mais abertos às ideias dos outros”, diz a consultora do Sebrae-SP, Ana Paula Sefton.
Ela lembra que a cultura empreendedora é mais enraizada em outros países, como nos Estados Unidos, onde a cena do menino que vende limonada na porta de casa é tradicional. “Essa aprendizagem já vem de casa, da família, e toda a comunidade pensa semelhante.”, diz.
Confira a seguir algumas dicas dos especialistas para despertar o espírito empreendedor no seu filho:
1. Incentive a autonomia e o questionamento
Conforme a idade do seu filho, permita que ele tome certas decisões por conta própria, ajudando-o a analisar cada situação e a buscar o que deseja. Ana Paula ressalta que o pai deve considerar o ritmo do filho, “para que o aprendizado tenha significado e seja construído junto à criança ou jovem, e não imposto pelos adultos.” Já Fernando Dolabela recomenda que os pais ajudem os filhos a analisar constantemente o que está à sua volta para trabalhar a criatividade. “Pergunte a ele o que ele mudaria em um brinquedo ou no videogame, como poderia ser a sala de aula onde ele estuda, o que passa na televisão, no mundo”, diz.
2. Ensine-o a definir objetivos e conquistá-los
Pais e familiares podem sugerir atividades à criança ou ao jovem que desenvolvam comportamentos empreendedores. A consultora do Sebrae-SP propõe ajudá-lo a identificar um objetivo que seja de fato importante para ele naquele momento e auxiliá-lo no planejamento para alcançá-lo. Incentive-lo a pensar sobre o que será necessário fazer, quanto tempo deve levar e as parcerias que podem ser feitas para realizá-lo, além de refletir sobre os riscos que poderão surgir e como driblá-los. Fernando Dolabela ressalta que é importante mostrar que as pessoas tendem a seguir modelos já existentes, que deram certo, mas que é possível tentar caminhos novos. “O pai deve mostrar que tudo está aí para ser transformado”, diz o professor.
3. Não imponha barreiras
Quem, quando criança, nunca respondeu à pergunta “o que você vai ser quando crescer”? Para Dolabela, os pais tendem a moldar e inbfluenciar a resposta ao longo do tempo. “Somos hábeis para impor limites”, diz. Para o especialista, os pais tendem muitas vezes a desestimular a autonomia e a criatividade dos filhos. A pergunta que, para ele, deve ser feita com maior frequência é “qual o seu sonho?”. Segundo ele, os pais devem entender que os filhos podem de devem correr certos riscos. Mesmo que uma situação não tenha trazido bons resultados, pode mostrar que as atitudes têm consequências. Lembre-se de que as ações dos pais também servem de exemplo aos filhos.
4. Fomente a colaboração
Dois ou mais filhos, com amiguinhos ou primos, podem desenvolver noções de empreendedorismo juntos. Este exercício, segundo Ana Paula, elimina o pensamento individualista e a competitividade em excesso, que pode se tornar egoísmo. “A competição é saudável quando considera o respeito ao outro e quando cria oportunidade de crescimento coletivo. Em vez do raciocínio “ganha-perde”, que tal propor o “ganha-ganha”?” Nestas situações, aspectos como cooperação, ética, confiança, planejamento e persistência podem ser trabalhados, segundo a consultora. O aprendizado com os erros também é um exercício importante. Se o adulto pune o erro verbalmente ou através de alguma ação, a criança ou o jovem terá dificuldade para tentar outra vez. “Se for mostrado a ele que tem a oportunidade de avaliar o motivo do erro e tentar novamente, procurando não cometer os mesmos enganos, provavelmente essa criança ou jovem terá mais confiança em si e persistência para seguir em frente e conquistar seu objetivo”, explica.