Sucessão: transferir o comando da emrpesa para o herdeiro deve ser um processo profissional, e não doméstico (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2015 às 12h32.
Como devo preparar meus filhos para herdar um negócio?
Escrito por Herbert Steinberg, especialista em empresas familiares
O primeiro desafio de todo empresário é pavimentar os processos que levam à perpetuação da empresa e dos seus negócios. O empresário, além de lidar com as incertezas de mercado e com as mudanças constantes de competição e de tecnologia, enfrentam questões que parecem intangíveis aos olhos de qualquer desavisado mais pragmático.
A sucessão envolve mais do que suceder quem toca a companhia, quem definiu as bases e os fundamentos do DNA do empreendimento. Não é incomum a preocupação se restringir a aspectos da transferência patrimonial entre gerações, algo muito importante, mas não o único aspecto desta complexa relação.
Sucessão de legado, sucessão patrimonial e sucessão do modelo de gestão são plataformas distintas, ainda que interdependentes, que precisam ser encaminhadas de forma profissional e não doméstica. Isto não significa alijar parentes e membros do clã do processo, muito pelo contrário, mas adotar processos profissionalizados de quem tem experiência de mercado com estes delicados e complexos temas.
A questão acima “como devo preparar meus filhos...” vai além dos assuntos em torno da sucessão, pois trata também do preparo dos herdeiros para terem uma visão de empresários antes mesmo de serem formados possíveis gestores, se for o caso.
Entender o que é uma empresa, os riscos e responsabilidades que a cercam, direitos e deveres, a finitude a que estão expostas, as consequências decorrentes de uma gestão que leve a uma performance abaixo da média são os verdadeiros alicerces para a formação desta geração que assumirá a propriedade da companhia independente da sua gestão.
Os herdeiros geralmente são influenciados pelas expectativas que criamos neles, e às vezes involuntariamente geramos ruídos com graves consequências em suas vidas à frente. Fantasiam ser capitães de indústria, repetir o modelo do pai, copiar o estilo do avô, confundem vaidade, poder, posse com aquilo que lhes foi “vendido” ou por eles percebido desde a infância.
E, quando já maduros para adentrar na companhia ou nos empreendimentos, muitas vezes, veem-se inaptos, aquém do preparo exigido pela complexidade atual dos negócios, diferente à época dos pais e avós. Às vezes herdam empresas fragmentares, endividadas ou com riscos ingerenciáveis, ou desatualizadas tecnologicamente e fora do mercado.
É necessário, portanto, durante a formação dos filhos herdeiros, criar consciência sobre todas as dimensões do processo. Criar a casca grossa necessária para trabalhar as vicissitudes empresariais e ao mesmo tempo os riscos inerentes.
Há de se cultivar também a paixão pelo negócio, além da competência técnica e emocional necessária a qualquer empresário. Ter experiência externa aos próprios empreendimentos ou negócios não é algo exótico, mas sim muito útil na formação de qualquer herdeiro.
Herbert Steinberg é sócio da consultoria Mesa Corporate Governance