Facebook fora do ar: veja como PMEs podem lidar com o apagão (SOPA Images/Getty Images)
Depois de quase um dia inteiro fora do ar, o Facebook parece dar os primeiros sinais de vida. O apagão mundial desta segunda-feira, 4, também atingiu outras plataformas da empresa de Zuckerberg como o Instagram e WhatsApp. Alguns usuários de redes como TikTok também relataram problemas de acesso.
As consequências da instabilidade nas redes sociais, porém, vão muito além da ausência da troca de mensagens. Muitas pequenas e médias empresas utilizam as plataformas para se comunicarem, negociarem e concluírem vendas com a clientela, um hábito ainda mais comum com a pandemia.
Empreendimentos de diferentes setores integram suas comunicações digitais com o Whatsapp, em uma ferramenta que leva as dúvidas e solicitações dos clientes direto à troca de mensagens pelo aplicativo. Outros utilizam o Facebook e Instagram como suas principais vitrines para a exposição de produtos. Fato é que, sem as redes, estas empresas veem impactos negativos imediatos em suas operações.
A relevância do WhatsApp para as pequenas, por exemplo, já é algo evidente desde julho do ano passado. No ápice da pandemia, 83% dos brasileiros já utilizavam o WhatsApp para fazer compras — e 64% deles buscam produtos de negócios de pequeno porte, mostra uma pesquisa da Accenture.
Para Fernando Moulin, consultor e especialista em negócios, transformação digital e experiência do cliente, lidar com os desafios do monopólio nos canais de venda é algo comum entre os empreendedores e empresas de pequeno porte. Diante da impossibilidade de lidarem com eventos como o desta segunda-feira, a recomendação é trabalhar com planos de contingência, ampliando os canais por onde o consumidor pode contactar a empresa.
Fora das redes sociais, os empreendedores devem criar outros meios para que os consumidores registrem seus pedidos de forma imediata. A intenção é não perder chances de venda pela indisponibilidade de contato imediato. Esses canais podem ser de uma conta em outros aplicativos de mensagem, como o Telegram, até os bons e velhos telefone, e-mail, atendimento, sites, formulários e chats, diz Moulin.
Além dos canais criados para que as demandas dos clientes não sejam perdidas enquanto as principais plataformas estão fora do ar, o ideal é migrar a comunicação instantânea para outros canais de mensagens imediatas. “Tenha alguns canais alternativos para manter a interação com o cliente e ele entende que é uma situação que afeta todo mundo, mas o negócio sofre e, provavelmente, dependendo do seu tipo de negócio, não vai recuperar a demanda perdida com um dia fora do ar ou algumas horas", diz.
A principal lição para os empreendedores, segundo Moulin, é jamais colocar todos os ovos no mesmo cesto. “É um princípio básico de economia de gestão de negócios”, diz. “Com o mundo dos negócios cada vez mais volátil e dinâmico, é preciso diminuir os riscos estratégicos. Para isso, buscar alternativas complementares é o caminho para manter esse relacionamento com o cliente acontecendo e a operação funcionando”.
Desafios para o Facebook
Lidar com instabilidades como essa é ainda mais desafiador para a empresa de Zuckerberg que, nos últimos tempos, tem assumido a missão de ser um canal de negócios com empresas, muito mais do que uma plataforma com foco no usuário. Mas para isso, os serviços precisam estar funcionando.
As ações do Facebook tiveram queda expressiva nesta segunda-feira, de 5,5%. É incerto dizer se o motivo é o fato de o serviço estar fora do ar há tantas horas, efetivamente perdendo dinheiro, ou se as atuais alegações de que executivos sabiam dos males causados pela empresa estariam impactando a percepção dos investidores.