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Startup ganha aporte milionário para vender comida ultracongelada

A Liv Up começou em março do ano passado e já faturou 6,5 milhões de reais neste ano, atendendo uma base de quatro mil clientes.

Os empreendedores Victor Santos, Henrique Castellani e Felipe Castellani: a Liv Up começou em março de 2016 (Liv Up/Divulgação)

Os empreendedores Victor Santos, Henrique Castellani e Felipe Castellani: a Liv Up começou em março de 2016 (Liv Up/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 26 de novembro de 2017 às 08h00.

Última atualização em 26 de novembro de 2017 às 08h00.

São Paulo – Existem diversos empreendedores que apostam na tendência da alimentação prática e saudável para conseguir uma renda extra. Os negócios que conseguem se diferenciar nesse mar de concorrência, porém, transformam essa renda extra em um faturamento de sucesso.

É o caso da startup Liv Up: o negócio apostou na tecnologia do ultracongelamento e no relacionamento online com os consumidores finais para crescer.

Criada em março de 2016, a empresa faturou 6,5 milhões de reais em 2017 e acumulou uma base de 4 mil clientes nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. O empreendimento também chamou a atenção do fundo de investimentos KaszeK Ventures, criado por fundadores da gigante Mercado Livre, que aportou 5,5 milhões de reais para o negócio expandir e refinar sua atuação.

História de negócio

A ideia de negócio surgiu quando Victor Santos, recém-formado, trabalhava no mercado financeiro. “Convivia com a falta de tempo e a consequente busca por praticidade na forma de me alimentar, mas queria algo que ainda fosse saudável”, conta o empreendedor.

Percebendo esse problema pessoal, Santos consultou amigos e olhou iniciativas e números de mercado para confirmar a demanda. Concluiu que o mercado de alimentação prática, saborosa e saudável era “grande e promissor”: segundo o empreendedor, o Brasil é o quinto mercado do mundo em produtos saudáveis.

No meio de 2015, Santos saiu do banco de investimentos onde trabalhava e se juntou a um colega de faculdade, Henrique Castellani, e seu irmão, Felipe Castellani.

Após três meses de montagem do plano de negócios e outro período de aporte dos sócios, de familiares e de amigos – totalizando 975 mil reais –, a Liv Up foi lançada, em março de 2016.

O negócio se inspirou em negócios americanos como Hello Fresh e Freshly, que vendem refeições para as pessoas cozinharem em casa e comida congelada, respectivamente. O mercado dos Estados Unidos é “de cinco a dez vezes maior que o brasileiro”, segundo Santos.

A Liv Up começou pequena, com uma cozinha de 50 m² no bairro de Vila Madalena, em São Paulo. A capacidade de produção era de 1.500 refeições por dia.

Já no final de seu ano de criação, a Liv Up conseguiu seu primeiro aporte: um investimento anjo de executivos de startups como iFood e Rapiddo e também de familiares, no valor de 525 mil reais.

Recentemente, em setembro de 2017, o negócio conquistou outro investimento de peso: o aporte veio do fundo KaszeK Ventures, no valor de 1,7 milhão de dólares (na cotação atual, cerca de 5,5 milhões de reais).

“Eles têm um portfólio de sucesso, além da própria trajetória dos fundadores no Mercado Livre. Essa parceria de dois meses tem sido uma chuva de aprendizado para a gente”, afirma Santos.

Uma parte do aporte já está sendo investido no aumento de capacidade produtiva. Com isso, a Liv Up conseguiu expandir para suprir a demanda: o negócio se mudou para o bairro de Vila Leopoldina, também em São Paulo, e a cozinha hoje possui mais de 300 m². Com capacidade para fazer de 10 a 15 mil refeições por dia, a empresa quer testar novos itens e fazer entregas mais velozes.

Outra parte de investimento foi em equipe: o negócio foi de 15 para 35 pessoas na área administrativa, e contrata de três a cinco pessoas por mês na área de produção. Hoje, está com 78 funcionários em escritórios localizados em São Paulo e Rio de Janeiro.

Equipe da Liv Up

Equipe da Liv Up: negócio conta com 78 funcionários hoje (Liv Up/Divulgação)

Como funciona?

A proposta da Liv Up é vender a comida que o consumidor cozinharia em casa, se tivesse tempo. Porém, há outro diferencial: o ultracongelamento.

“O congelamento tradicional, no freezer, é muito danoso para o sabor e o valor nutricional do alimento. Enquanto as comidas congeladas normalmente ficam a uma temperatura de – 20ºC,  no ultracongelamento essa temperatura é de – 40ªC. A troca de calor também é muito mais veloz: se uma peça de carne saísse do fogão e fosse direto para um congelador comum, o centro dela demoraria de 10 a 12 horas para atingir – 20 ºC. Em um ultracongelador, o tempo é de 30 minutos. Não são formadas macromoléculas de água, como no freezer, e a estrutura celular do alimento mantêm-se intacta: assim, seu sabor e sua textura ficam mais agradáveis”, afirma o empreendedor.

Alguns dos pratos que a empresa comercializa são frango com crosta de castanha de caju com arroz negro e ratatouille; hambúrguer de lentinha com beterraba, arroz integral com amêndoas e brócolis e couve-flor com páprica; e filé mignon com crosta de pistache, mix de legumes assados e risoto de limão siciliano. Na parte de snacks, há bolinho de iogurte com chia, brownie 70% cacau e pão de queijo com chia e linhaça.

O usuário acessa o site e encontra combos, que são refeições e snacks pré-montados, ou porções individuais, com as quais ele pode montar sua própria combinação. Os preços dos pratos costumam variar entre 20 a 25 reais, sendo que o ticket médio dos clientes da Liv Up vai de 200 a 220 reais.

Prato do negócio Liv Up, de comida ultracongelada

Prato do negócio Liv Up, de comida ultracongelada (Liv Up/Divulgação)

O pedido pode ser agendado para entrega no próximo dia útil, nos períodos da manhã, tarde e noite. Com a mudança para a nova sede, a Liv Up está trabalhando para que pedidos feitos de manhã sejam entregues à noite, no mesmo dia. As comidas ultracongeladas duram até seis meses no freezer.

Segundo Santos, os produtos da Liv Up foram também “transformados em serviço”. O grande ponto não é apenas poder comprar os pratos, mas ter um sistema de agendamento e notificações online que geram engajamento entre os clientes o negócio.

“Nossa ideia é ser uma marca vertical e digital, chegando ao nosso cliente de forma online e oferecendo a mediação entre ele e o produtor de matéria-prima”, diz. “Como exemplo, vamos mudando nosso cardápio de acordo com as sugestões de feedback: já percebemos o aumento do público interessado por castanhas e por pratos vegetarianos e veganos, por exemplo.”

Para o empreendedor, isso diferenciaria a Liv Up da maioria da concorrência, que estaria mais focada em produzir e distribuir em grandes redes, como a de alimentação saudável Mundo Verde, e não em acessar o consumidor final.

Números e planos

Hoje, a Liv Up possui 4 mil clientes ativos por mês. O negócio faturou 6,5 milhões de reais neste ano, mas Santos destaca que o faturamento anualizado [multiplicando por doze o faturamento de dezembro] é de 12 milhões de reais – o que mostra o salto que a empresa deu desde o começo de 2017. Para 2018, o negócio espera um faturamento anualizado quatro vezes maior.

A Liv Up atende as cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, além de regiões metropolitanas como ABC e Barueri. No primeiro semestre de 2018, a Liv Up espera aprofundar sua atuação em RJ e SP e amadurecer o produto. No segundo semestre, quer atender outras cidades, como Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre.

 

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