PME

Como dois irmãos criaram um produto para fazer drinks em casa facilmente

A Easy Drinks, criada em 2008, combina pedaços de frutas naturais em sachês individuais para fazer drinks como moscow mule, cosmopolitan e piña colada

Easy Drinks: empresa vende preparados de frutas e sprays de espuma para drinks clássicos (Easy Drinks/Divulgação)

Easy Drinks: empresa vende preparados de frutas e sprays de espuma para drinks clássicos (Easy Drinks/Divulgação)

CI

Carolina Ingizza

Publicado em 3 de outubro de 2020 às 08h00.

Última atualização em 4 de outubro de 2020 às 11h12.

O brasileiro não parou de consumir bebidas alcoólicas com o fechamento dos bares e restaurantes devido à pandemia de covid-19. Sem poder sair, as pessoas passaram a beber mais em casa. Nos primeiros seis meses deste ano, por exemplo, o volume médio consumido de vinhos e espumantes no país subiu 11% em relação ao ano passado.

Mas reproduzir em casa os drinks feitos em bares e restaurantes pode ser mais complicado. Por isso, uma empresa que promete simplificar esse processo tem crescido nos últimos seis meses. É a Easy Drinks, companhia brasileira criada em 2008 pelos irmãos e sócios Bruno e Fabrício Lot. De abril ao final de agosto, o faturamento da empresa cresceu 445%.

A marca oferece preparados líquidos com pedaços de frutas frescas para drinks populares no Brasil. As frutas já vem picadas, adoçadas e na quantidade certa para cada tipo de drink. Há pacotes para fazer bellini, cosmopolitan e piña colada, por exemplo. A empresa também vende sprays com espuma de gengibre e de limão-siciliano para complementar o preparo de algumas receitas de gim tônica e moscow mule.

A ideia para o negócio surgiu quando Fabrício Lot estava estudando processamento de frutas na França. Um dia, observando a produção industrial de geleias, percebeu que o processo era muito parecido com o de fazer uma caipirinha brasileira. Daí veio o estalo de criar uma tecnologia para permitir comercializar frutas para drinks. Seu irmão Bruno, que cursava marketing na época, comprou a ideia e, juntos, eles começaram a desenvolver os produtos.

Os irmãos desenvolveram uma tecnologia própria e decidiram focar suas vendas no setor corporativo. Antes da pandemia, 40% do faturamento da marca era proveniente das vendas para bares, restaurantes e hotéis, que usam as frutas da Easy Drink para agilizar o atendimento dos clientes. O restante da receita vinha da venda dos sachês de frutas em supermercados e mercearias.

Em março, percebendo que o volume de pedidos corporativos estava caindo drasticamente, os sócios decidiram que era hora de criar um e-commerce próprio e apostar no varejo. A estratégia deu certo. Com mais gente em casa, a busca por drinks e bebidas alcoólicas aumentou. Só nos primeiros 40 dias da sua loja virtual, a Easy Drinks faturou 350.000 reais com as vendas pela internet. O e-commerce agora representa 20% do faturamento da empresa.

A loja online acabou ajudando as vendas no mundo físico também. A empresa precisou investir mais em marketing digital, o que atraiu mais mercados e mercearias interessados em revender os seus produtos. “Hoje estamos abrindo em média 15 novos pontos de venda por dia graças ao investimento de mídia”, diz o fundador Bruno Lot.

Os consumidores da marca, em sua maioria, são mulheres com idade entre 25 e 45 anos. O tíquete médio gasto nas compras é de 130 reais. Um sachê com frutas para um drink custa 7,80 reais, enquanto o spray de espuma de gengibre sai por 42 reais e pode ser usado em até 12 porções.

Para impulsionar as vendas, a Easy Drinks deve lançar um sachê com lichia até o final do ano. A empresa também está desenvolvendo uma parceria com a empresa de bebidas alcoólicas Diageo, dona de marcas como Johnnie Walker e Smirnoff.

Os irmãos não encaram a reabertura dos bares e restaurantes como uma ameaça a seu e-commerce. “As pessoas perceberam que podem fazer em casa um drink que custa entre 35 e 40 reais no bar por apenas 12 reais”, diz Bruno. Com a chegada do verão, eles projetam um crescimento ainda maior. 

Os empresários dizem também não se preocupar com a concorrência dos drinks prontos, como a gim tônica em lata lançada pela Ambev no carnaval. Segundo Bruno Lot, os clientes gostam de ter o prazer de montar o próprio drink. A Easy Drink, em tese, tira a parte difícil de comprar, limpar e preparar as frutas, mas ainda deixa espaço para o consumidor brincar no preparo e apresentação.

Para seguir crescendo, a marca está mudando sua operação de fábrica. A planta de São Caetano do Sul vai ser transferida para um espaço maior onde mais toneladas de produto consigam ser processadas por semana. No total, os sócios estão investindo 800.000 reais no projeto. Hoje, a empresa tem 26 funcionários — 11 a mais que no começo da pandemia.

A expectativa é que com a maior capacidade de produção eles consigam atender com tranquilidade a demanda de grandes supermercados nacionais e ainda exportar o produto para algumas redes fora do país.

Acompanhe tudo sobre:Bebidasbebidas-alcoolicasPequenas empresas

Mais de PME

ROI: o que é o indicador que mede o retorno sobre investimento nas empresas?

Qual é o significado de preço e como adicionar valor em cima de um produto?

O que é CNAE e como identificar o mais adequado para a sua empresa?

Design thinking: o que é a metodologia que coloca o usuário em primeiro lugar