Jovens resolvem quebra cabeça (Divulgação Chicago Booth)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2014 às 14h26.
Já sabemos que a vida do empreendedor não é fácil: é preciso, além de muitas outras coisas, vender, resolver problemas com entregas, tratar a saúde financeira da organização e motivar a sua equipe. Parece que não terá tempo nem recursos para pensar no futuro e criar novos produtos, serviços e modelos de negócio. Entretanto, o empreendedor sabe que isto é fundamental para a sua sobrevivência e sucesso.
Como criar e gerenciar um portfólio de inovações que garante este futuro então?
Inovar é arriscar, fracassar e aprender
Um pensamento em comum entre as pessoas é que para ter sucesso, é preciso escolher a coisa certa. Esta ilusão persiste pela criação dos mitos, como o mito do próprio Steve Jobs com o i-pod, i-phone e i-pad. Ele parece ter acertado desde início, e criado somente produtos e serviços de sucesso. Isto é uma visão equivocada. Sugiro que procure na internet as ideias fracassadas da Apple e você achará vários produtos que não deram certo e custaram bastante dinheiro para a empresa, como, por exemplo, o Apple Lisa.
Inovação é uma jornada de tentativa e erro, uma aventura que tem os seus sucessos e os seus fracassos. É preciso criar muitas ideias, testar rapidamente, descartar aquelas que não dão ibope, aprender com elas, focar nas ideias que tem potencial e persistir em fazer acontecer.
É preciso ter direcionamento
Criar sem saber por que e para que com certeza não vai levar a sua empresa para a direção certa. Como diz o ditado: “Se não sabe o destino, qualquer direção está certa”. Isto não significa que você precisa saber exatamente o que vai ser o futuro. Steve Jobs também não sabia exatamente como seria o futuro. Entretanto, ele entendia que o mundo futuro seria interconectado, que tecnologia formaria uma parte integral deste futuro e começou a criar produtos e serviços para inventar este futuro.
Embora as ferramentas de projeção estejam ficando cada vez mais sofisticados é difícil prever o futuro. Quem poderia ter dito que o Facebook teria 1.2 bilhões de usuários no final de 2013, o site conseguiu os seus primeiros milhões de usuários apenas no final de 2004.
Não tente prever o futuro, foco em o que acreditar é essencial no futuro, desenvolva um claro direcionamento, e crie e teste ideias. Teste e aperfeiçoe-a com os seus clientes para entender o que tem interesse. Foque em mercados mal atendidos ou tendências que vão criar um mercado no futuro.
A Totvs criou um serviço para atender o mercado de médias empresas no Brasil, mercado mal atendido pelas grandes empresas de ERP e teve grande sucesso. Quem entendeu 6 à 7 anos atrás que aplicações iam ser importantes poderia ter criado algo de sucesso. Mas na época isto significava arriscar, porque não tinha tanta certeza, especialmente o que teria sucesso. Mas então, como gerar e escolher ideias boas?
Utilize ideias de outros
Moramos em um mundo globalizado e a nossa ideia provavelmente não é única no mundo, alguém já deve ter pensado e até provavelmente já deve ter testado ou criado um produto para a mesma ideia. Em vez de tentar reinventar a roda, tente utilizar ideias de outras partes do mundo para aumentar a sua chance de sucesso. Não estou dizendo que não deve tentar criar ideias inéditas, eles podem garantir o seu diferencial, mas eles também trazem riscos maiores.
Fique antenado sobre as ideias que estão fazendo sucesso no mundo, copie e implemente rapidamente para garantir o seu Market Share. O conceito do iFood, entrega de restaurantes diversos já existiu mundo afora, mas foi implementada aqui no Brasil. Claro, não se esqueça de tropicalizar o seu produto ou serviço para o Brasil. Não pode apresentar o mesmo cardápio de um restaurante chinês no Brasil como na China ou até como nos EUA.
Procure parcerias
É difícil fazer todo sozinho. Nenhum de nós tem a capacidade para fazer tudo no nível de excelência que é exigido no mundo dos negócios, especialmente para crescer, fundamental para sobrevivência dos negócios de um empreendedor. É preciso parcerias.
Há vários tipos de parcerias. Eles vão de investidores para injetar o capital necessário para você investir, universidades e centros de pesquisa para apoiar nas pesquisas e até as grandes empresas que possam dar acesso ao mercado por meio da sua rede de distribuição. Por exemplo, empresas grandes como a P&G e Unilever são empresas que podem ser a sua plataforma para atender o varejo. O custo de criar uma rede para atender os mercados no Brasil é grande e é demorado. Com apoio de parceiros pode ter rápido acesso.
Há outras práticas que são importantes para criar seu portfólio de inovação, mas praticando estes já é um bom começo.
*Caspar van Rijnbach é Diretor da EY, empresa global de Consultoria e Auditoria, já publicou dezenas de artigos e blogs e foi autor ou co-autor de diversos livros sobre inovação.