Como começar a investir: aprenda o passo a passo (eternalcreative/Thinkstock)
Mariana Desidério
Publicado em 1 de novembro de 2016 às 15h00.
Última atualização em 1 de novembro de 2016 às 15h00.
Como conseguir investimento e mentores para minha startup?
Todo plano de ação envolve responder ao menos sete perguntas: O quê?; Quem?; Quando?; Como?; Onde?; Por quê?; Quanto?
A pergunta acima nos remete apenas a uma das sete perguntas. Significaria também que as outras seis já estão respondidas.
Será que estão? Vamos responder algumas delas para finalmente nos concentrarmos na pergunta específica.
São dois os problemas que a pergunta apresenta (e que correspondem à primeira questão: O quê?):
a) Preciso de dinheiro para investimento e para poder iniciar as operações;
b) Preciso de mentores para iniciar a minha startup.
Qualquer que seja a solução que o empreendedor adote para resolver o problema apontado, ele precisa ter certeza do “Por quê?”. Estranhamente empreendedores não raro agem de forma intuitiva e não se aprofundam nos reais motivos que os levam a tomar decisões muitas vezes apressadas.
Responder a esta pergunta de forma adequada fornecerá ao empreendedor argumentos para poder convencer aqueles agentes que poderão financiar as atividades iniciais da empresa nas melhores condições possíveis.
Então, ele precisará ser capaz de explicar de forma detalhada quanto dinheiro vai precisar (e neste sentido deve perguntar-se se há como reduzir o valor necessário reduzindo, por exemplo, o ritmo de crescimento inicial).
O empreendedor também precisará dizer como esse dinheiro será empregado e quando ele deverá estar disponível, assim como em quanto tempo se espera que este investimento seja recuperado e uma estimativa de taxa de retorno.
Como estamos falando de projeções futuras, as premissas em que estas projeções estão lastreadas deverão ser claras e precisas.
Só com estes dados na mão é que o empreendedor poderá responder por que ele precisa desse dinheiro.
Há seis variáveis que devem ser avaliadas para fazer a escolha que seja mais vantajosa para o empreendedor diante da necessidade de precisar dinheiro de terceiros para o investimento inicial.
a) Tempo: quando vai precisar dele; por quanto tempo precisará dele;
b) Quantia: o valor a ser investido;
c) Utilização: é diferente pedir dinheiro para financiar investimento do que para financiar, por exemplo, capital de giro;
d) Custo: o preço do dinheiro é a taxa de juros. O dinheiro brasileiro, o Real, é o dinheiro mais caro do mundo. Procure ter que financiar o mínimo possível.
e) Controle: muitas vezes parte das condições impostas pelo investidor envolve a interferência deste nas operações da empresa, seja por meio de participação na empresa, seja pela imposição de disposições transitórias enquanto o dinheiro não é devolvido ou outros meios;
f) Consequências: qual é o preço a pagar para cada alternativa. O que pode acontecer se alguma condição não for respeitada pelo empreendedor (por exemplo, atrasar um pagamento; ou não crescer como esperado; etc.)?
Ou seja, não é apenas o valor e o custo que importam. É o conjunto das condições enumeradas acima que devem orientar a decisão.
Como conseguir o financiamento envolve duas questões: avaliar as opções à disposição do empreendedor e avaliar os meios para poder acessar tais fontes de financiamento.
Considere as opções (da mais barata à mais cara ou das menos arriscadas para as mais arriscadas):
a) Recursos próprios
b) Família e amigos
c) Clientes, fornecedores (veja se aceitam uma parceria)
d) Empresas de leasing; microcrédito
e) Financiamento coletivo pela Internet (Crowdfunding)
f) Investidores Anjos; Capital semente
g) Incubadoras (lhe fornecem suporte e serviços administrativos básicos, assim com assessoria e acesso a outras fontes de financiamento)
h) Programas Estaduais de fomento (Agências governamentais)
i) Sócios capitalistas (muitas vezes o empreendedor encontrará pessoas que, em troca do dinheiro necessário para o investimento sem exigir garantias, exigem tornar-se sócios, com participação elevada, e a devolução do dinheiro em um prazo pré-determinado com juros de mercado – ou seja, o dinheiro não se torna parte do capital da empresa se tornando apenas um empréstimo)
j) Bancos oficiais (BNDES)
k) Bancos Privados
l) Fundos de Investimento
m) Factoring
Em todos os casos o empreendedor precisará ter desenvolvido um bom Plano de Negócios e fortes argumentos que sustentem a resposta a qualquer pergunta que venha a ser feita pelo potencial investidor, que envolvem não apenas as questões financeiras do empreendimento, mas, também, os seus diferenciais competitivos e os fatores críticos de sucesso.
Resta ainda responder à segunda parte da pergunta, envolvendo como achar um mentor. Imagino que o empreendedor esteja procurando um assessor ou um consultor, que possa lhe assessorar com relação aos aspectos do negócio que ele não domina.
Normalmente o empreendedor, ao fazer este tipo de pergunta, está procurando um auxílio de graça. Sinto muito, ninguém trabalha de graça. Portanto, se precisar mesmo deste auxílio, inclua ele nos seus cálculos financeiros (investimento inicial e, eventualmente, custo mensal).
Há formas de ter este auxílio sem envolver pagamentos altos. Tudo passa por uma boa negociação explorando soluções não tradicionais como troca de serviços, remuneração por resultados e qualquer outro tipo de parceria.
A questão, mais importante até do que o custo deste serviço, é o da especificação dos serviços e a escolha do prestador de serviços. Siga os seguintes conselhos:
a) tenha certeza de que não é capaz de resolver por si só ou de que você não tem à sua disposição uma pessoa capaz de ajudá-lo de forma espontânea;
b) se mesmo assim precisar escolher um assessor, procure indicações de conhecidos e amigos. Se não tiver ninguém para ajudar, recomendo procurar entre os membros do IBCO – Instituto Brasileiro dos Consultores de Organização, pois eles têm as referências checadas ao solicitar a filiação;
c) depois, procure e peça dos candidatos referencias profissionais e pessoais;
e) escolhido o candidato, negocie. Tenha em mente que o controle das decisões sempre deverá estar em seu poder. Então, deve deixar esta questão bem esclarecida na proposta que será negociada;
f) por último, saiba que esse processo exigirá mudanças, inclusive no contratante e nas suas atitudes. Se não estiver disposto a mudar, nem comece.
O ICMCI, instituição internacional de consultores de organização profissionais, tal como o IBCO no Brasil, têm ajudado a desenvolver uma norma ISO, a ISO20700, prestes a ser publicada, que auxilia consultores e contratantes.
Procure todas as informações que puder sobre esta norma na internet, pois ela o ajudará a tirar a maior parte das dúvidas sobre o que fazer para procurar, escolher e acompanhar o trabalho do seu assessor.
Espero mais uma vez ter atendido às expectativas do leitor. Há muito mais a dizer sobre os assuntos aqui abordados. Como sempre, ficamos à sua disposição para fornecer toda a ajuda possível. Até a próxima.
Cristian Welsh Miguens é professor do curso de negócios da Universidade Anhembi Morumbi.
Envie suas dúvidas sobre startups para pme-exame@abril.com.br.