Thiago Brandão e Nara Iachan: sócios fundaram a Cuponeria em 2012 (Cuponeria/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 4 de fevereiro de 2020 às 12h46.
Última atualização em 4 de fevereiro de 2020 às 16h19.
Cupons de desconto são um sucesso no Brasil. Parte disso se deve a startup carioca Cuponeria, fundada em 2012, que trouxe o modelo para o país.
Mesmo com clientes de peso, como McDonald’s e Marisa, a empresa ainda buscava uma forma de usar a tecnologia para facilitar as compras com cupons. Em janeiro deste ano, a empresa aposta em dois novos formatos: cashback e QR code.
Em uma parceria com a Cielo, iniciada em agosto de 2019, a empresa desenvolveu o “cashback instantâneo”. Em vez de o cliente apresentar um cupom na hora de realizar uma compra, ele pode “salvar” a promoção no seu cartão de crédito direto no site da Cuponeria.
Assim, ao chegar no estabelecimento que ofereceu a promoção, ele não precisa informar os atendentes sobre o cupom. Na hora de realizar o pagamento, a maquininha da Cielo reconhece o cartão de crédito cadastrado na Cuponeria e aplica o desconto prometido automaticamente.
Hoje, são mais de 100 ofertas disponíveis em São Paulo em estabelecimentos como Subway e Bubble Kill. A meta da startup é expandir o modelo para todas as regiões do Brasil até dezembro. Com a estratégia, a empresa projeta que irá triplicar seu faturamento em 2020. Ano passado, em relação a 2018, a operação dobrou de tamanho.
“Com o desconto automático na transação, o cliente sempre consegue realizar a compra e a empresa não precisa treinar seus funcionários”, explica Thiago Brandão, presidente da startup.
Outra novidade que anima os sócios é o lançamento de uma tecnologia de QR Code voltada para a indústria. Empresas como Coca-Cola, P&G e Johnsons, que vendem produtos no mercado e na farmácia, podem premiar seus clientes depois da compra. Para isso, basta que o usuário leia o código QR da nota fiscal no aplicativo da Cuponeria.
Uma parceria que já está no ar é a da Rexona com a rede de academias Smart Fit. Se o cliente escanear um código de uma nota que prova que ele comprou três unidades de desodorante, ele ganha um mês grátis na academia. Dessa forma, a empresa não dá um desconto direto no produto dela, mas subsidia um prêmio que se relaciona com sua marca.
A Cuponeria nasceu no começo de 2012, de um desejo dos empreendedores Thiago Brandão, Nara Iachan e Lionardo Nogueira de encontrar formas mais divertidas para os consumidores comprarem no Brasil. Na época, não havia programas com cupons no Brasil, mas os sócios acreditavam que o modelo combinava com a cultura local.
Brandão conta que as empresas, no começo, tinham medo da estratégia de marketing. Hoje, a cultura do cupom já se espalhou e a startup conquistou clientes grandes. A empresa implementou e ainda administra o programa de cupons da rede de fast food McDonald’s no Brasil, bem como as campanhas de desconto do Grupo Pão de Açúcar.
Os empreendedores começaram o negócio com clientes pequenos da região de Copacabana, cobrando 200 reais por mês por uma campanha de cupons. Foi graças ao sucesso da estratégia com as pequenas empresas que eles fecharam o primeiro grande cliente: a rede da Pizza Hut no Rio de Janeiro.
Em 2016, a Cuponeria percebeu que era hora de sair do mundo de Copacabana e focar no Brasil. Na época, a empresa conseguiu uma vaga no programa de aceleração do Google no Vale do Silício. A partir do que aprenderam lá, os sócios decidiram refazer o aplicativo, a logomarca, o site, as cores e o discurso de vendas.
Desde então, eles conseguiram importantes clientes no mercado nacional. Grandes redes de fast food, como KFC e Burger King, são atendidas pela startup. A varejista Marisa, de roupas femininas, também deu uma chance aos cupons de desconto e obteve como retorno 100 mil vendas a mais por mês, de acordo com a startup.
A Cuponeria afirma ser sustentável financeiramente desde o início, mas optou por captar investimento em meados de 2019 para poder investir em tecnologia e crescer mais rapidamente.
Em uma rodada série A liderada pelo fundo Inovabra, a startup levantou 5 milhões de reais. Com o dinheiro, a expectativa dos sócios é passar de 40 pessoas na equipe para 90 até o final do ano.
Antes da série A, os sócios tinham levantado 800 mil reais em 2016 com um grupo de investidores anjos.
A empresa hoje fatura proporcionalmente à quantidade de cupons que vende. Cada cupom usado em uma venda pode render de 50 centavos a 3 reais para a startup. Ao todo, a Cuponeria atinge mais de seis milhões de usuários.
Para as empresas, a estratégia é positiva porque consegue aumentar as vendas de forma mensurável, coletando dados sobre as pessoas impactadas pela campanha.
Além disso, o cupom, por abaixar o tíquete médio da compra, consegue aumentar o número de possíveis clientes de uma marca sem perder as pessoas que estavam dispostas a pagar o preço cheio pelo produto.
A Cuponeria ainda oferece um modelo personalizado, focado em marcas que desejam construir um relacionamento direto com o usuário. Assim, as empresas podem ter seu próprio aplicativo de desconto e controlar sua base de clientes fiéis.
“Eu não considero mais que o brasil não tem cultura de cupom. As pessoas viram como é legal, buscam antes de comprar”, diz Brandão. Mesmo com essa mudança de mentalidade, ainda é difícil desbravar mercados mais fechados, como o varejo de moda.
“As empresas ainda apostam em grandes campanhas tradicionais, cabe a nós chegar nas pessoas certas e conquistá-las, mostrando nossa história de sucesso”, diz o cofundador.
Outro desafio para a Cuponeria é expandir sua operação para mais cidades no país, devido às peculiaridades de cada região. A empresa vai trabalhar este ano e no próximo para consolidar-se no cenário nacional.
Em 2021, os sócios planejam uma nova rodada de investimentos para possibilitar uma expansão internacional. O objetivo é levantar cerca de 20 milhões de reais para facilitar a entrada no mercado latino americano.