OS CRIADORES DO DESINCHÁ: novos produtos e expansão internacional acelerada aumentam os riscos / Divulgação
Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2018 às 06h00.
Última atualização em 28 de junho de 2019 às 11h27.
Quando fizeram juntos uma viagem ao Vale do Silício, em 2016, para conhecer ideias inovadoras de negócios e se inspirar, os mineiros Eduardo Vanzak e Lohran Schmidt pensavam em empreender na área de tecnologia. Mas, ao trombar com restaurantes, lanchonetes e mercadinhos vendendo comida natural em cada esquina na Califórnia, os colegas no curso de administração do Ibmec de Belo Horizonte acabaram se convencendo de que esse nicho poderia ter muito mais apelo. Foi assim que nasceu um dos negócios de maior sucesso no segmento de alimentação saudável do Brasil em 2018, a fabricante de chás Desinchá.
Os dois amigos já tinham seus negócios na internet. “Aos 16 anos, comecei uma loja online de roupas. O negócio tinha um bom desempenho, mas percebi, na faculdade, que queria trabalhar com algo que despertasse mais a minha paixão. E eu sempre gostei de me alimentar bem, fui vegano por um tempo, pesquisei e li muito sobre o assunto. Então, voltamos dos Estados Unidos com a ideia de criar um chá funcional”, conta Vanzak.
Durante cerca de dois anos, com o apoio de uma nutricionista e um laboratório, os empresários trabalharem para desenvolver uma fórmula que fosse a melhor para emagrecer. “Não queríamos usar nenhum tipo de aromatizador ou conservante, então foi difícil chegar a um sabor agradável. E conseguimos”, diz Vanzak. “O segredo está a proporção das ervas, para maximizar o seu efeito e manter um gosto bom.” A receita tem chá verde, carqueja, mate verde, hortelã, gengibre, guaraná, sálvia e alecrim.
Quando o mix finalmente ficou pronto, no final de dezembro do ano passado, a distribuição começou tímida em alguns pontos de venda de produtos naturais, porque a época não é considerada favorável para lançamentos. Mesmo assim, a influenciadora digital Gabriela Pugliese, que tem quase quatro milhões de seguidores no Instagram, acabou descobrindo o chá e fez uma postagem espontânea elogiando o produto. E as vendas explodiram: em uma semana, a Desinchá vendeu o estoque projetado para um trimestre inteiro.
Atualmente, a Desinchá faz com sua equipe própria de 18 pessoas a seleção das matérias-primas, considerada a etapa mais delicada do processo, e terceiriza o envase entre diversos fabricantes.
O investimento inicial de 200.000 reais foi recuperado em um mês. Ao final de três meses, a empresa já havia perdido o enquadramento do Simples, que estabelece um teto de faturamento anual de 3,6 milhões de reais. De janeiro até agora, a receita mensal cresceu 2.740%, com uma produção mensal de seis milhões de saquinhos, o que significa quase 10 toneladas de chá.
O sucesso acabou acelerando os planos de expansão da marca. Depois de levar o chá para uma feira de produtos naturais na Califórnia dois meses atrás, Vanzak e Schmidt estão se preparando para se mudar para Nova York e de lá comandar uma operação global. “O conceito de chá funcional não existia nem nos Estados Unidos, por isso tivemos uma excelente aceitação lá também”, conta Vanzak. A meta é atingir faturamento de 1 milhão de dólares em três meses.
Além de uma versão aprimorada da primeira fórmula do Desinchá, a empresa pretende aumentar o portfólio com o Relachá, feito de um mix de ervas para atrair o sono, e o Desinshake, um shake de proteína. Chocolate funcional e adoçante também estão na lista de novos itens em desenvolvimento.
Em São Paulo, a empresa planeja abrir a Casa Desinchá, com um restaurante saudável, loja e espaço para cursos e eventos sobre emagrecimento e saúde – o Desinchat. “Tudo em que pensamos agora segue o padrão do nome”, diz Vanzak.
Um crescimento tão acelerado tem lá seus riscos. Nos Estados Unidos, o desafio vai ser ter sucesso para além do trocadilho. Já por aqui, a grande leva de consumidores que compra o produto atraída pela irreverência só vai voltar a comprar se perceber a efetividade – seja para desinchar, relaxar, ou qualquer outro efeito prometido. Afinal, marca nenhuma sobrevive só de um nome poderoso. Mas ajudar, ajuda.