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Cofundador do Enjoei de negócio novo: comprar e vender tecidos pelo mundo

Arnaldo Goldemberg se juntou cedo ao site de compra e venda de roupas usadas. O plano agora é criar um novo marketplace de moda, agora com ambições globais

Arnaldo Goldemberg, fundador da Digifair: startup conecta estilistas a fabricantes de tecido de diversos países (Digifair/Divulgação)

Arnaldo Goldemberg, fundador da Digifair: startup conecta estilistas a fabricantes de tecido de diversos países (Digifair/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 18 de outubro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 18 de outubro de 2019 às 06h18.

Arnaldo Goldemberg apostou cedo na ideia de negócio do Enjoei. Junto da publicitária Ana Luiza McLaren e do especialista em marketing Tiê Lima, fez crescer o marketplace criado em 2012 para comprar e vender itens usados, porém descolados. Agora, Goldemberg está de negócio novo: um marketplace para comprar e vender tecidos pelo mundo.

A Digifair pretende simplificar essa transação para pequenos e médios empreendimentos, conectando estilistas a fabricantes de tecido de diversos países. “O Enjoei é a parte final dessa cadeia, a revenda de uma roupa. Mas passei a olhar para o começo dessa cadeia”, diz Goldemberg a EXAME

Segundo o empreendedor, grandes empresas de moda compram quilômetros de tecido de grandes fornecedoras. Quando estilistas e fornecedores de tecido menores deixam de trabalhar para as corporações, perdem as ferramentas de contato. “Eles saem buscando mais qualidade de vida e criar um negócio próprio mais autoral e sustentável. Mas não têm meios de participar de feiras internacionais para trocarem cartões, muitas vezes.”

O estilista tira uma foto ou descreve o tecido que procura. A Digifair analisa as informações e sugere o melhor fornecedor, usando um algoritmo de combinações. Após o pedido, outro algoritmo confere as informações e repassa a uma equipe humana caso haja alguma parte não respondida ou confusa -- não especificar a gramatura, por exemplo. Os especialistas confirmam o pedido, atendendo em português, inglês, espanhol e italiano. A média de compra é de um quilômetro de tecido.

A negociação é feita diretamente entre as partes, sem comissão sobre transação para a Digifair. O marketplace se monetiza ao montar a operação de logística, negociando fretes menores por conta do volume transportado e cobrando uma margem sobre ao usuário final. Mesmo assim, Goldemberg afirma que o frete custa menos do que em uma encomenda feita individualmente. Assim como no Enjoei, a Digifair recebe o valor depositado pelo comprador e espera saber se a encomenda chegou corretamente para repassá-lo ao vendedor.

A Digifair foi lançada há um ano, ainda que a ideia exista há dois anos. Goldemberg desenvolvemos um mínimo produto viável (MVP) com capital próprio. A startup tem sede em Israel, onde também levantou capital há 12 meses. “Queria criar uma empresa global e o país tem essa reputação, até por conta de seu pequeno mercado interno. Os tíquetes de investimento começam em um milhão de dólares por lá. Acesso a capital ainda é difícil por aqui."

Seu histórico como empreendedor -- a Digifair é sua quinta empresa -- ajudou a obter o capital inicial para o marketplace junto a investidores. O valor dos primeiros aportes não foram divulgados, mas sustentam a empresa pelos próximos 24 meses.

A Digifair opera em São Paulo (Brasil), Barcelona (Espanha) e Nova York (Estados Unidos). Já os tecidos podem vir de diversos países, como Marrocos e Turquia, e se destacar por propostas como a sustentabilidade. Há tecidos de fibra de coco ou de linho com cores originais, sem tintura.

“Há tecidos que você não encontra no Brasil. Vemos problemas de impostos maiores do que em outros países, como a Europa, mas não deixa de ser um modelo de negócio viável. Os estilistas conseguem preços similares, mas a qualidade do material é maior, desde gramatura até tintura”, afirma Goldemberg.

No Brasil, a Digifair teve 14 clientes e 12,6 quilômetros de tecido vendido com três meses de operação. Globalmente, a Digifair opera há um ano e tem 184 consumidores e 390,7 quilômetros de tecido comercializados. Daqui a doze meses, o marketplace projeta chegar ao marco de mil quilômetros mensais vendidos no Brasil e 15 mil quilômetros mensais vendidos globalmente. Alguns deles, quem sabe, serão usados nas roupas a serem vendidas pelo Enjoei.

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