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Chef monta negócio que vende 14 mil papinhas por mês

Amilcar e Karol Azevedo resolveram montar uma empresa a partir da experiência que tiveram com o primeiro filho. Hoje, vendem 14 mil papinhas por mês.

Amilcar e Karol Azevedo: ambos abriram o Gourmetzinho após perceberam a demanda por papinhas caseiras
 (Divulgação)

Amilcar e Karol Azevedo: ambos abriram o Gourmetzinho após perceberam a demanda por papinhas caseiras (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 15 de maio de 2016 às 09h00.

São Paulo – Muitas ideias de negócios surgem de experiências pessoais. Assim foi com Amilcar Azevedo: quando nasceu seu primeiro filho, o chef começou a cozinhar papinhas em casa. E seu único interesse era atender essa necessidade.

Mas, de tanto ouvir seus amigos reclamarem de como não conseguiam dar essa mesma alimentação para seus próprios filhos, viu que aí poderia haver uma oportunidade de negócio. Assim nasceu o Gourmetzinho, que provou que esse mercado realmente existe: hoje, a empresa vende cerca de 14 mil papinhas caseiras por mês.

Criação

Azevedo já é chef de cozinha há mais de dez anos e trabalha no restaurante Nou, que fica em Pinheiros (São Paulo). O Gourmetzinho, conta, surgiu de sua experiência pessoal.

“Tenho um filho, chamado Bernardo. Comecei a fazer papinhas para ele assim que ele pôde ingerir alimentos sólidos, e esse era meu único interesse naquele momento. Porém, ouvi amigos reclamando que tinham de dar papinhas industrializadas, enquanto meu filho comia bem", diz o chef.

"Observamos que havia uma demanda muito grande e pesquisamos o que havia no mercado. Depois, decidimos nos lançar no mercado com as papinhas.”

Amilcar Azevedo e a mulher, Karol Azevedo, abriram o Gourmetzinho no meio de 2014. “Primeiro, verificamos que havia uma demanda olhando matérias jornalísticas da época. Aí, pesquisamos o mercado e vimos que havia uma única empresa de papinha artesanal – o resto eram de industrializadas. Percebemos uma oportunidade para entrar para esse setor: ele estava em crescimento e tinha poucos agentes”, explica o chef.

O público-alvo geralmente é a mãe que trabalha e tem de recorrer à alimentação comprada para o filho – mas que, mesmo assim, procura o que há de melhor no mercado. “A maioria das mães que compra gosta de cozinhar para o filho, mas não o fazem por falta de tempo. Se tivessem mais tempo, fariam. Sei disso porque às vezes me ligam, pedindo receitas.”

Um fato curioso, diz Azevedo, é que o Gourmetzinho atende clientes das mais diversas faixas de renda. “Acontece muito de a mãe comprar nossas papinhas, mesmo que isso gaste uma boa parte do salário dela. Ao mesmo tempo, há mães de maior poder aquisitivo que compram apenas quando a babá está de férias. Um motoboy já foi de Paraisópolis a Cidade Jardim na mesma leva de entregas, por exemplo.”

Papinhas

No Gourmetzinho, há quatro tipos de papinha: as papinhas da fase um (com consistência de purê sem pedaços, indicadas para crianças de seis a nove meses de idade); as da fase dois (com pedaços para estimular a mastigação e o surgimento dos dentes, indicadas para crianças de nove a doze meses); as da fase três (comidinhas mesmo, para crianças a partir de um ano); e as papinhas de fruta sem açúcar adicional, que são para lanches da manhã e da tarde.

Nenhuma das papinhas possui conservantes. Nas fases um e dois, também não há sal, seguindo uma recomendação da Associação Brasileira de Pediatria. Segundo Azevedo, as papinhas industrializadas costumam conter sal e conservantes.

Os potes da fase um contém 145 gramas, enquanto os da fase dois e três contém 250 gramas. Esse é o tamanho máximo recomendado para o bebê dentro de sua faixa etária; para saber a quantidade exata para cada refeição, o melhor é consultar o pediatra.

Alguns dos sabores preparados são peito de frango; feijão branco e espinafre; abobrinha e batata doce; miolo de alcatra, mandioca e agrião; milho verde e alho poró; saint peter com legumes na moranga; e arroz, feijão, batata e couve. 

Os preços variam de 9,50 (papinhas de fruta) reais a 16,90 reais (papinhas da fase três). Segundo o empreendedor, a papinha caseira tem hoje mais ou menos o mesmo preço da papinha de grandes marcas, quando é comprada na farmácia ou na loja de conveniência (não no supermercado, que costuma praticar preços menores).

Negócio e rotina

Quando Azevedo fazia as papinhas para seu filho, ele tinha a preocupação em equilibrar os ingredientes, mas não fazia uma tabela nutricional nem nada do tipo. Porém, com o Gourmetzinho, foi preciso sofisticar a produção. 

“Na empresa, nós bolamos a combinação dos ingredientes e mandamos para uma pediatra. Ela filtra os ingredientes não adequados para crianças na idade determinada da papinha. Com essa devolução, mandamos a receita para uma nutricionista, que elabora a tabela nutricional e sugere readequações na proporção de cada ingrediente”, explica o chef.

Hoje, o Gourmetzinho possui uma fábrica localizada na Vila Romana, em São Paulo. O local também possui uma loja e é possível comprar os produtos diretamente. Porém, 90% dos pedidos são feitos no formato delivery, que funciona para quase toda a Grande São Paulo e Campinas.

Azevedo não abandonou o emprego como chef no Nou – pelo contrário. “Geralmente, vou para o Gourmetzinho e acompanho a produção logo de manhã. Depois, vou para o restaurante e fico na hora do almoço, das 11 horas às 14 horas. Volto para acompanhar o resto da produção no Gourmetzinho. Eventualmente, retorno ao Nou para o jantar, por volta de oito e meia da noite”, descreve o chef.

Quando chega em casa, ele ainda cozinha as papinhas para Bernardo e para seu outro filho, Benjamin. O primeiro tem três anos de idade, enquanto o segundo possui um ano e dois meses. “Cozinho para o maior as papinhas da fase três – tem gente com filho de cinco, seis anos que ainda compra nossas papinhas. Já o Benjamin só come as comidas do Gourmetzinho desde que foi autorizado, aos seis meses.”

Crescimento e planos

Hoje, o Gourmetzinho vende cerca de 14 mil papinhas por mês. “Foi uma linha bem acentuada de crescimento, especialmente no primeiro ano de operação – no final dele, já vendíamos entre cinco e sete mil papinhas”.

O negócio atingiu seu ponto de equilíbrio já no segundo mês de empreendimento, já que o investimento inicial e o custo fixo eram baixos. “Nossa estrutura e nosso faturamento crescem mês a mês, e por isso trabalhamos no azul desde o começo. Não investimentos milhões em uma cozinha e em equipamentos para só recuperar depois de um ano e meio. Começamos de forma enxuta e fomos crescendo de forma proporcional”, aconselha o chef.

Azevedo conta que o negócio está quase pronto para vender as papinhas no Rio de Janeiro – e, com isso, espera aumentar as vendas na proporção de 80% a 100% até o fim de 2016. Para 2017, a ideia é chegar a outras capitais. Lançar novos sabores também está nos planos, mas é um processo de meses e meses de duração, diz o chef, já que há uma dependência da avaliação feita pela Vigilância Sanitária.

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