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Café do Centro expande negócios para Manaus

A torrefadora investe para levar o café gourmet para todo o território nacional e, apesar de ter oito cafeterias no Japão, não cogita a abertura de lojas no Brasil

Rafael Branco Peres, ao fundo, e Rodrigo Branco Peres: café gourmet de Manaus ao Japão

Rafael Branco Peres, ao fundo, e Rodrigo Branco Peres: café gourmet de Manaus ao Japão

DR

Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2010 às 17h12.

São Paulo - Quando uma companhia brasileira chega ao exterior e tem sucesso no seu negócio é comum que as estratégias utilizadas lá também sirvam para a matriz. Com a Café do Centro é o oposto.

Além dos grãos de seis regiões do Brasil, vendidos a 3 mil clientes, desde 2006, oito cafeterias levam o nome da empresa no Japão.

Se dá certo do outro lado do mundo, por que não ter cafeterias no Brasil? "Aqui a gente tem uma posição de parceria com as cafeterias e restaurantes, abrir unidades no país seria como concorrer com nossos próprios clientes. Por isso, optamos por não abrir nem ter planos para isso. Vai contra a lógica do negócio", responde Rodrigo Branco Peres, diretor do Café do Centro.

A expectativa é fechar o ano com um incremento de 20% no faturamento de 30 milhões de reais. Apesar de enxergar as cafeterias como uma porta de entrada para o mercado asiático,  hoje, as exportações são esporádicas e a ideia principal é reforçar a marca no Brasil. A estratégia é expandir os negócios para locais com espaço para isso, como Manaus. "São Paulo é um mercado muito representativo e replicador para outras capitais. Há 3 anos, começamos a traçar estratégias para ir para fora de São Paulo e já conseguimos distribuidores em Florianópolis, Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Natal e, mais recentemente, em Manaus", explica.

93 anos de negócios
Quando a família Nahum fundou o Café do Centro, em 1916, o café gourmet não fazia parte nem do imaginário da população paulista. Apesar disso, a empresa era conhecida pela qualidade dos seus grãos e nos anos 50 chegou a figurar entre as que mais vendiam no país.

Hoje, a Café do Centro pertence ao Grupo de Agronegócios Branco Peres e vende café para luxuosos restaurantes e cafeterias do país, como o Fasano. A xícara de um café da marca não sai por menos de 3 reais. "Eu e o meu primo [Rafael Branco Peres] compramos a marca, que na época já tava quase parando e vimos uma oportunidade com a venda de cafés gourmet, apesar de ser algo que as pessoas não conheciam muito bem", conta.


Com uma companhia quase centenária nas mãos, o desafio dos sócios foi educar tanto o consumidor quanto os proprietários de cafeterias e restaurantes de que o café expresso poderia substituir a bebida feita no coador e deixada na garrafa térmica. "O grande problema foi educar o mercado e mostrar que o cliente poderia ganhar dinheiro vendendo o Café do Centro. Essa era a grande resistência. Como a gente não vende o café pronto, vende o grão, foi preciso treinar todas a equipe de vendas e a estrutura interna da empresa", conta.

Rodrigo acredita que hoje esse é um movimento muito fácil, já que os consumidores estão se habituando com novos tipos de café. "Notamos que novos consumidores de café entraram no mercado com o crescimento do café gourmet, a Starbucks e a Nestlé, que investe pesado no Nespresso, estão aí pra mostrar isso", opina.

Em 2000, um grupo de investidores japoneses procurou a companhia para levar a marca para o Japão. "Essa negociação demorou cinco anos, da primeira conversa até a primeira unidade. Nós aprendemos com eles que o planejamento demora, mas a execução sai rápido depois", conta. Com investimentos que até 1 milhão de reais, estima-se que cerca de 300 pessoas por dia passem pelas unidades. "Hoje temos oito lojas no Japão, isso abre uma possibilidade de venda de café em um dos mercados mais exigentes no mundo", explica.

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