Ajuda para Brumadinho, na Grande BH: negócios com drones, soluções logísticas e tratamentos de saúde estão sendo mobilizados (Washington Alves/Reuters)
Mariana Fonseca
Publicado em 27 de janeiro de 2019 às 12h08.
Última atualização em 29 de janeiro de 2019 às 21h01.
Por mais que o Governo do Estado de Minas Gerais tenha informado que neste momento “não é necessário realizar campanhas de arrecadação de donativos e água para as vítimas”, as campanhas para ajudar a região de Brumadinho, em Minas Gerais, não param. Na sexta-feira (25), uma barragem de rejeitos de minério de rompeu e a lama invadiu a cidade, deixando 37 mortos. Outra barragem corre o risco de romper neste momento, desta vez de água. Cerca de 24 mil pessoas estão sendo evacuadas.
Além de organizações não governamentais e da própria mineradora Vale, dona das barragens rompidas, empresas de tecnologia e entidades do governo associadas ao setor estão recrutando assistência.
Além de mantimentos, essa nova leva de buscadores de ajuda procura startups que possam ajudar em mapeamento do solo; busca das vítimas e dos desaparecidos; logística de acesso, evacuação e transporte de produtos; e fornecimento de soluções de saúde para os sobreviventes da tragédia.
Funcionários de empresas de tecnologia, como a gigante Google, estão participando do grupo Brumadinho Task Force. Há um formulário para preenchimento de dados de empreendedores e funcionários de startups, o que inclui área de atuação do negócio e competências pessoais.
Depois, os participantes poderão participar de grupos no aplicativo de mensagens WhatsApp em ramos como gerenciamento de projetos (para organizar equipes); drones e balões de monitoramento; mapeamento por satélite e fotografias de grande espectro; inteligência artificial, análise de dados, processamento e supercomputadores; médicos, enfermeiros, epidemiologistas e soluções em saúde.
O aplicativo de delivery iFood decidiu ajudar por meio da própria operação. Neste final de semana, cada pedido feito pela plataforma resultará em um prato de comida doado a Brumadinho. A maioria das respostas à postagem foi positiva, mas a vinculação da ajuda aos ganhos financeiros da empresa gerou alguns comentários negativos dos consumidores do iFood. Outro aplicativo de delivery, o Uber Eats, criou uma página para doações ao restaurante Juntos por Brumadinho.
A empresa de coworking Regus aceitará doações de água mineral, alimentos não perecíveis, produtos de higiene e roupas a partir da próxima segunda-feira (28), que serão enviados para Brumadinho. Há mais de 70 locais de doação pelo país, incluindo dois em Belo Horizonte, também em Minas Gerais.
O aplicativo de transações PicPay, em parceria com a Cruz Vermelha Brasileira (CVB), obteve 167 mil reais em menos de 24 horas para viabilizar sua operação de socorro a Brumadinho. O valor servirá para dar apoio aos 50 voluntários que estão no local desde sexta-feira e à equipe de apoio psicossocial que chegou ontem (26). A arrecadação em tempo recorde foi mais do que o suficiente para a ação e a campanha de doações já foi paralisada. O aplicativo de mobilidade urbana Cabify doou para a Prefeitura de Brumadinho um montante no valor de R$ 40 mil.
Já o grupo Open Innovation Brasil e o programa InovAtiva Brasil estão acionando as mais de 800 startups que por eles passaram para fornecer tecnologias que auxiliem na procura pelos desaparecidos em Brumadinho. A Geoinova, por exemplo, disponibilizou suas soluções de inteligência de dados com base em tecnologia de geolocalização para a gigante Vale e está fazendo um comparativo de imagens de satélite entre os dias anteriores e posteriores ao desastre. A startup também está criando um mapa de calor com informações de geolocalizações, que deve estar disponível até dia 29 de janeiro.
A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), vinculada ao Ministério da Economia, convocou startups e empresas com tecnologias que possam ajudar a minimizar a tragédia. Soluções que envolvem reconhecimento com drones, mapeamento de solo e logística e alimentos e doações podem entrar em contato com a associação pelo e-mail abdi@abdi.com.br.
Carlos Alexandre da Costa, secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, compartilhou o chamado e pediu que todas as startups e empresas de tecnologia ajudem a minimizar a tragédia em Brumadinho. "Cada um fazendo sua parte. Não é hora de proselitismo político, e sim atitude para ajudar a região", afirmou pela rede profissional LinkedIn.
O Clube Empreendedor, que reúne empresários do estado do Rio de Janeiro, convocou as startups de seu ecossistema que possam colaborar com tecnologias e métodos de gestão de crise para buscas e recuperação em Brumadinho. São procuradas empresas similar às descritas pela ABDI, que atuem com reconhecimento via drones, mapeamento de solo, logística para alimentos e gestão de projetos. É possível falar com a entidade pelo e-mail contato@clubeempreendedor.org.