Brian Requarth, ex-Viva Real, agora à frente da Latitud Go: espécie de 'concierge' de empreendedores brasileiros dispostos a receber investimentos de fundos internacionais (Divulgação/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 1 de fevereiro de 2022 às 15h10.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2022 às 16h12.
No Brasil são aproximadamente 3,8 mil normas e 6 quilômetros de folhas A4 impressas de documentação que podem demorar até 120 dias para abertura de uma empresa, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).
Atualmente o país está na 124ª posição do ranking Doing Business, que mede o nível de facilidade de se fazer negócios considerando fatores como o custo de abertura do negócio e o processo para pagar impostos. Apesar desse cenário, o Brasil é considerado um terreno fértil para novos negócios, já que representa 77% do mercado Latam e, em 2021, concentrou 70% dos investimentos da região.
Ao mesmo tempo, o país está atraindo cada vez mais capital de investidores globais. A conjunção dos fatores abriu uma oportunidade ao empreendedor americano Brian Requarth, fundador da plataforma do mercado imobiliário Viva Real, vendida em 2020 para o classificado online OLX.
A partir dos perrengues enfrentados por ser um estrangeiro operando um negócio no Brasil, Requarth teve a ideia de montar a Latitud Go, negócio divulgado ao mercado nesta terça-feira, 1º.
A Latitud Go propõe ser uma espécie de concierge de empreendedores brasileiros dispostos a receber investimentos de fundos internacionais.
Para isso, o negócio quer facilitar a burocracia de quem precisa de uma estrutura legal e jurídica no exterior para captar recursos.
A visão de Requarth é de que a maioria dos fundos de investimento internacionais exige dos empreendedores brasileiros a familiaridade com entidades jurídicas pouco comuns por aqui.
Historicamente, essa estrutura tem sido uma c-corp — modelo de Corporation nos Estados Unidos permitida para estrangeiros.
Porém, os impostos americanos se tornam uma despesa desnecessária para as startups latino-americanas, chegando a mais de 20% sobre o preço de venda da companhia, gerando um custo astronômico para empreendedores latino-americanos que ainda precisam pagar tributos no país de origem.
Em contrapartida às c-corps, as LLC (Limited Liability Company constituída sob a forma de sociedade limitada nos Estados Unidos) são consideradas tax-friendly, mas não são aceitas por venture capital institucionais.
O serviço da Latitud Go fornece, no momento de abertura da empresa, uma estrutura de offshore (sociedade extraterritorial) em três partes: uma holding intermediária de Delaware (Estados Unidos), uma holding das Ilhas Cayman (Reino Unido), e uma operação local na América Latina.
"Essa estrutura une o melhor das três opções, garantindo toda a flexibilidade corporativa que uma c-corp tem e sendo tax-friendly para os empreendedores latino-americanos; além de ter conformidade com toda a parte jurídica local", diz Requarth.
Segundo Requarth, a plataforma do Latitud Go reúne ferramentas e serviços como contas bancárias, software de gestão, parceiros contábeis e jurídicos para todo o processo de abertura e regulamentação do negócio, preparando as startups desde o primeiro dia, para captar fundos internacionais.
"Grandes VCs do mercado como Monashees, Kaszek, Canary e Maya Capital, estão com a Latitud nessa empreitada", diz ele.
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