Executivo segurando uma pasta: empresário venceu a concorrência chinesa após exportar coro para a produção de pastas, cintos e carteiras (Getty Images/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2013 às 10h44.
São Paulo – O proprietário e diretor da CS Acessórios, Cesar Trucolo, de Bento Gonçalves (RS), resolveu adotar o caminho inverso de empresários brasileiros que encerram sua linha de produção para comprar produtos na China. O empresário se tornou um ex-importador de artigos de couro chineses. Ele iniciou há 90 dias a produção de pastas, cintos e carteiras com a marca Verdi e participa pela primeira vez da Couromoda, em São Paulo, com o novo negócio.
Micro e pequenas empresas do Brasil têm apostado na inovação, agilidade e flexibilidade como diferencial frente à concorrência chinesa, que disputa o mercado global com fabricação em larga escala e preços baixos. Para Trucolo, a estratégia é investir em produtos com design diferenciado e acabamento de alta qualidade, superior ao que ele encontrava nos produtos asiáticos. “O nosso objetivo é atingir o mercado private. Se quisesse continuar no segmento popular, baseado principalmente no preço, permaneceria a importar da China”, afirma. Hoje, a CS Acessórios emprega 30 funcionários.
A indústria brasileira de couro e calçados ainda é fortemente baseada na produção dos pequenos negócios, destaca o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. Ele ressalta os investimentos realizados pela instituição para capacitar os pequenos negócios do setor. “No ano passado, o Sebrae atendeu a 5.582 microempreendedores individuais, micro e pequenas empresas que fazem parte dessa cadeia produtiva no Brasil”, assinala. De acordo com Barretto, entre 2012 e 2015 o valor previsto no desenvolvimento de programas para a capacitação de pequenos negócios no setor é de R$ 41 milhões, cabendo R$ 22 milhões ao Sebrae
A fabricante de calçados masculinos Savelli, de Franca, no interior paulista, também não teme a concorrência externa. O diretor e sócio da empresa, Pablo Mendes, diz que o design e o alto nível de conforto dos seus modelos caiu no gosto do consumidor. “Investimos em tecnologia para oferecer o máximo de conforto para quem usa os nossos sapatos e isso não é fácil de imitar”, assinala.
Há quatro anos participando da Couromoda no estande de Franca, montado com o apoio do Sebrae, Mendes diz que a feira é uma boa oportunidade de atingir clientes do exterior, não somente da América do Sul, mas também do Oriente Médio. “Já conversamos com compradores da Bolívia, Uruguai, Arábia Saudita e Kuwait”, comemora.
À exemplo de Cesar Trucolo e Pablo Mendes,a gaúcha Claudia Martinez trabalha com peças de alta qualidade para se diferenciar dos produtos fabricados em grande escala na Ásia. Exclusividade é a marca das peças fabricadas pela empresária, que também participa da Couromoda pela primeira vez. O objetivo é entregar aos clientes o que eles não podem encontrar facilmente em outros produtores, inclusive internacionais.
“A minha linha é totalmente artesanal. As botas são feitas de couro de cobra legítimo e também utilizamos couro de cabra. São artigos impossíveis de serem copiados pelos chineses”, ressalta a empresária. “Produzimos uma bota com aplicações em couro de cobra com dez cores diferentes, que são colocadas uma a uma”, exemplifica Martinez, que emprega 12 funcionários em sua fábrica, em Nova Hamburgo. Na segunda-feira, primeiro dia da feira, ela já havia recebido consulta de um grande comprador de Dubai, paraíso do consumo sofisticado no Oriente Médio.